a quinta-feira, 4 de Novembro de 2010 às 0:26
Victor Nogueira
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SOSPIROS, CUYDADOS, PAYXOES DE QUERER,
SE TORNAM DOBRADOS, MEU BEM SEM VOS VER (Garcia de Resende)
.
.
Sem feitio nem jeito
No mundo caminhando
Esta dor no meu peito
Levo, rindo e chorando!
.
Ah!Ah!Ah!Ah!Ai!Ui!
Á procura d'amor
Ao teu encontro fui
Depressa, sem calor!
.
É tam grande trysteza
Amar ssem sser amada
Que nam vejo beleza
Ssem ti, bem a meu lado
.
Belas, d'amigo são,
Cãtygas medievais
Chora meu coração
Ay, já nam posso mais!
.
Ruiz, Camões não sou
Mas muytos mil beijinhos
E abraços te dou
Nam fiquemos mal, sózinhos!
.
Oh! Ribeyras do mar
Que tendes mil mudanças
Minha dor e lembranças
Levai; trazei seu amar!
.
O Ssol bem escurece
Cai, a noite se vem
Minha alma nam falece
Se és comigo, meu bem.
.
.
Paço de Arcos 1989.08·30
.
*****
.
SÃO TRISTE MADRIGAL E MELANCOLIA 8909.153.0 / 2.045
Pus a bordada toalha de renda,
No candelabro acendi a vela,
Alindei a mesa com trigo e rosas,
Preparei o vinho e a codorniz.
Em surdina a música e a prenda,
Feliz contigo, poema na tela:
Ternura e beleza mui preciosas.
Mas faltaste ao amador-aprendiz;
O jantar lixou-se, não estou feliz!
.
.
*****
.
.
DE PEDRA SOIS VÓS, COISA DURA?
Á minha porta bateu a Joana
Ar tímido, de não sobressair,
Com jeito, fala de sol a sorrir,
Deixando-me preso, bela magana,
Mas seu coração por mim não abana,
Nem no meu canto vem ela cair
;Bem a convido mas sem conseguir
Fazer com ela nossa boa cama.
Não terei genica ou desembaraço,
Nem ouro ou rosas p'ra ofertar,
E assim lograr que seu bem mereça?
De mãos vazias, sem seu regaço,
Por aqui ando, com mau respirar,
Sem que por mim seu desdém faleça.
1989.09.08 Setúbal
.
.
*****
.
.
João Baptista Cansado da Guerra
Viu a zorra, ficou preso em liana;
Por ela ficou gamado, sacana,
Sem a conquistar, no céu ou na terra.
.
Será melhor abandonar a perra?
No mundo há muito outra bela magana
Com amor e doce mel que abana,
Sem que o bimbelo esteja em tal berra.
.
Dizem, são iguais no comportamento;
Vero, querem todas o o mesmo paleio;
Chicote, desprezo e doce fel!
.
Ora, adeus, vá bem longe este cimento
A tal macho e fêmea sou alheio;
Antes só, que encenar o papel!
.
.
Setúbal 1989.09.09
.
.
*****
.
.
CANTAI OLIVAIS, CANTAI DE ALEGRIA.
.
.
Oh! Mil-Sóis, teu aspecto bem cativa;
O andar, o sorriso radiante,
Doce, valerosa como diamante,
Que pena tu pareceres tão altiva.
.
.Pode a tristeza andar-me fugitiva
Se tu, trigueira, de ar tão sonante,
Me pões em terra, mal esvoaçante,
Sem por isso ficares pensativa?
.
.Há bem grande alegria se te vejo
Nesta minha sala, mesmo calada,
Com teu jeito manso e delicado.
.
Céus e terra cantam vero desejo
De me convidares p'ra jantarada,
Com fogo mal preso, estralejado.
.
.
Setúbal 1989.Setembro.05
.
.
*****
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.
ERROS MEUS, MÁ FORTUNA, AMOR ARDENTE
(Camões)
Nada tenho para te ofertar
Que saiba: joias, discoteca, dança;
No tempo busco vária temperança
que também vos dão bom estimar.
Um com outro bem quiz enredar,
Mas parece ser outra a contradança
Que muda a tua dor em festança,
Por aqui me deixando a vaguear.
Lembro a tua lábia, seio moreno,
Tua feição que muito me agradou;
A pele, doce ardor despertou
Que na barca me fez vogar, sereno,
Porém não está o meu coração pleno
De alegria, que por vós soou:
Nem grã Camões ou milionário sou
Para contigo navegar, no Reno.
Erros meus, má fortuna, amor ardente,
Não fazem da jornada bom soneto
Nem do navegante melhor "gineto"
Pois em ti está meu pensar, descontente'
Assim na Luísa Todi jazente,
Vogando entre o lume e o espeto,
Bem vivo, com meu bom ou mau "aspêto"
Buscando tua razão e paz, somente.
1989.Setembro.10 - Setúbal
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SOSPIROS, CUYDADOS, PAYXOES DE QUERER,
SE TORNAM DOBRADOS, MEU BEM SEM VOS VER (Garcia de Resende)
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Sem feitio nem jeito
No mundo caminhando
Esta dor no meu peito
Levo, rindo e chorando!
.
Ah!Ah!Ah!Ah!Ai!Ui!
Á procura d'amor
Ao teu encontro fui
Depressa, sem calor!
.
É tam grande trysteza
Amar ssem sser amada
Que nam vejo beleza
Ssem ti, bem a meu lado
.
Belas, d'amigo são,
Cãtygas medievais
Chora meu coração
Ay, já nam posso mais!
.
Ruiz, Camões não sou
Mas muytos mil beijinhos
E abraços te dou
Nam fiquemos mal, sózinhos!
.
Oh! Ribeyras do mar
Que tendes mil mudanças
Minha dor e lembranças
Levai; trazei seu amar!
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O Ssol bem escurece
Cai, a noite se vem
Minha alma nam falece
Se és comigo, meu bem.
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Paço de Arcos 1989.08·30
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SÃO TRISTE MADRIGAL E MELANCOLIA 8909.153.0 / 2.045
Pus a bordada toalha de renda,
No candelabro acendi a vela,
Alindei a mesa com trigo e rosas,
Preparei o vinho e a codorniz.
Em surdina a música e a prenda,
Feliz contigo, poema na tela:
Ternura e beleza mui preciosas.
Mas faltaste ao amador-aprendiz;
O jantar lixou-se, não estou feliz!
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DE PEDRA SOIS VÓS, COISA DURA?
Á minha porta bateu a Joana
Ar tímido, de não sobressair,
Com jeito, fala de sol a sorrir,
Deixando-me preso, bela magana,
Mas seu coração por mim não abana,
Nem no meu canto vem ela cair
;Bem a convido mas sem conseguir
Fazer com ela nossa boa cama.
Não terei genica ou desembaraço,
Nem ouro ou rosas p'ra ofertar,
E assim lograr que seu bem mereça?
De mãos vazias, sem seu regaço,
Por aqui ando, com mau respirar,
Sem que por mim seu desdém faleça.
1989.09.08 Setúbal
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João Baptista Cansado da Guerra
Viu a zorra, ficou preso em liana;
Por ela ficou gamado, sacana,
Sem a conquistar, no céu ou na terra.
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Será melhor abandonar a perra?
No mundo há muito outra bela magana
Com amor e doce mel que abana,
Sem que o bimbelo esteja em tal berra.
.
Dizem, são iguais no comportamento;
Vero, querem todas o o mesmo paleio;
Chicote, desprezo e doce fel!
.
Ora, adeus, vá bem longe este cimento
A tal macho e fêmea sou alheio;
Antes só, que encenar o papel!
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Setúbal 1989.09.09
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CANTAI OLIVAIS, CANTAI DE ALEGRIA.
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Oh! Mil-Sóis, teu aspecto bem cativa;
O andar, o sorriso radiante,
Doce, valerosa como diamante,
Que pena tu pareceres tão altiva.
.
.Pode a tristeza andar-me fugitiva
Se tu, trigueira, de ar tão sonante,
Me pões em terra, mal esvoaçante,
Sem por isso ficares pensativa?
.
.Há bem grande alegria se te vejo
Nesta minha sala, mesmo calada,
Com teu jeito manso e delicado.
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Céus e terra cantam vero desejo
De me convidares p'ra jantarada,
Com fogo mal preso, estralejado.
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Setúbal 1989.Setembro.05
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ERROS MEUS, MÁ FORTUNA, AMOR ARDENTE
(Camões)
Nada tenho para te ofertar
Que saiba: joias, discoteca, dança;
No tempo busco vária temperança
que também vos dão bom estimar.
Um com outro bem quiz enredar,
Mas parece ser outra a contradança
Que muda a tua dor em festança,
Por aqui me deixando a vaguear.
Lembro a tua lábia, seio moreno,
Tua feição que muito me agradou;
A pele, doce ardor despertou
Que na barca me fez vogar, sereno,
Porém não está o meu coração pleno
De alegria, que por vós soou:
Nem grã Camões ou milionário sou
Para contigo navegar, no Reno.
Erros meus, má fortuna, amor ardente,
Não fazem da jornada bom soneto
Nem do navegante melhor "gineto"
Pois em ti está meu pensar, descontente'
Assim na Luísa Todi jazente,
Vogando entre o lume e o espeto,
Bem vivo, com meu bom ou mau "aspêto"
Buscando tua razão e paz, somente.
1989.Setembro.10 - Setúbal
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)