Sei o que é uma pessoa gostar imenso doutra, pôr nela a esperança
e o futuro, sei o que é "subir ao céu e à lua e cobri los
de estrelas" quando estamos com ou pensamos na pessoa por quem
estamos "enamorados", sei quanto custam a (des)ilusão e o
(des)encanto, os sentimentos não correspondidos.
(...) Acho que a amizade é mais serena e compreensiva do que o
amor. E o amor (ou a paixão) podem surgir repentinamente, e terem a
duração dum fogacho ou dum tempo de verão. Mas também o amor pode
surgir aos poucos, hoje por causa duma palavra, amanhã por causa dum
sorriso, depois devido a um gesto de carinho ou ajuda. Mas o amor e a
amizade, menos este que aquele, não existem por si só para todo
sempre, antes têm de ser (re)conquistados no dia a dia.
(...) Por princípio acredito nas pessoas e dou lhes facilmente
e sem reservas a minha amizade, desde que a mereçam. Os alentejanos
dizem que primeiro as pessoas têm de provar que merecem a amizade.
Fruto talvez da minha costela "tripeira" e vivência
angolana, eu entendo que é a vida que prova se as pessoas merecem ou
não a continuidade da nossa amizade. Talvez por isso é que a minha
é uma casa de portas abertas e janelas escancaradas à chuva, ao sol
e ao vento e nela não tenho móveis nem caixas nem portas trancadas
ou fechadas à chave. (MFP - 1997.01 / 03)
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)