Se me ficasse apenas
pela aparência do que os meus olhos vêm, a neblina e o cinzento que
envolvem a cidade prenunciariam um dia frio, de chuva miúdinha. Mas
o suor goticular que permanece à flor da pele sem que se evapore
indica que o resto do dia, para além de nublado, será quente e
húmido; uma boa chuvada seguramente que refrescaria o tempo e
afastaria este pesado chumbo que me envolve, que em Luanda, na
estação quente, prenunciaria grandes e violentas bátegas de água
quando não relampejantes e ensurdecedoras trovoadas. Mas este é um
país de brandos costumes, de pequenas tempestades, de meias águas e
de meias tintas. E depois nem sequer há os quilómetros de areia de
praias para mergulhar como na minha terra perdida.
Como se não bastassem os ajuntamentos, as praias da costa da
Arrábida estão na sua maioria impróprias para consumo devido ao
grau de poluição. De modo que ao fim do dia, após o emprego, resta
apenas a água fresca do chuveiro.
(MMA - 94.06.15)
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)