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* Victor Nogueira
Fui ontem ver um filme todo bonitinho, [Viver por Viver] bestialmente policrómico, cheio de grandes planos, com um Montand cínico, uma Girardot boazinha (entenda-se, com bons sentimentos) e uma americanazinha (Candide Bergen) com um sorrizito fácil e encantador. Um filme pleno de ternura e tédio. O Montandzinho engana a mulher com a maior das calmas, o desavergonhado; ela, "tadinha", quer salvar o casamento e finge que é parva e cega. O amor consegue sublimidades! Enfim, tantas vezes vai o cântaro à fonte...! Claro, o sol quando nasce é para todos - já lá dizia o Waskylcowskix - e ela manda-o ver se está a nevar e - fazendo das tripas coração - leva uma vida airada com o Henriquinho. Entretanto o Bertinho (Montand) cai prisioneiro dos vietcong - era repórter - ninguém sabe dele. Lá na longínqua América e apesar dos seus desesperados esforços para retomar a sua juventude estílo "made in USA", esquecer a Europa e o Bertinho e casar com um americano de Boston ou de Houston, a Candide (que já não é) devora os jornais em busca de notícias do ex-queridinho (e eu tão longe para poder consolá-la e extasiar-me face ao seu " Candide sourire"!). Ah!, mas as saudades da Girardot não são menores. Mas os viets, no fundo, são bons rapazes ( ... se não fosse aquela simpatia pelo Mao e aversão pelo Johnson, os melhores motores marítimos e o talco do bébé ... ) e o repórter é libertado. Roído de saudades (ai, que nostalgia!) regressa ao lar! que encontra vazio. Parte para os Alpes,"à la recherche du temps perdu", perdão, da Giradinha. Ela fá-lo passar maus bocados (a sádica ou a vingaça é o prazer dos deuses) mas, oh! abismo insondável do coração humano! oh! maravilha das maravilhas! oh! paradoxo dos paradoxos! o gelo do ambiente não consegue evitar a fusão do gelo dos seus coraçõezinhos!... Tudo termina em bem: volta o disco e toca o mesmo. Ou não? Tudo isto misturado com tiradas sublímes: "Cada vez que um vencedor espezinha um vencido, é a dignidade humana que é espezinhada!" "Nós, os mercenários, somos a ponta de lança da Civilização Ocidental: defendêmo-la do comunismo!"Oh! pobres ismos" tendes um grande guarda-roupa e umas largas costas!
O filme: "Viver por Viver"; o realizador: Claude Lelouch, o tal de "Um homem e uma mulher". Desta feita abusou. Um filme recreativo: a vista delira com isso. Mas, ... só? Mais nada? Que sensaboria! Uma das cenas do filme impressionou-me bastante: aquele excerto (seria?) do jornal de actualidades cinematográficas, mostrando o brutal espancamento de africanos por tropas Congolesas. Homo homini lupus. Um sentimento, misto de raiva, desespero e impotência apoderou-se de mim. (JJF - 1968.08.17)
stereo(URL last "&fmt=18")■ 【Music】 Francis Lai フランシス・レイ【director】 Claude Lelouch クロード・ルルーシュ【cast】 Yves Montand イヴ・モンタン (Robert Colomb) Candice Bergen キャンディス・バーゲン (Candice) Annie Girardot アニー・ジラルド (Catherine Colomb) Irene Tunc イレーネ・テュンク (Mereille) Anouk Ferjac アヌーク・フェルジャック (Jacqueline) Uta Taeger (Maid) Jean Collomb ジャン・コロン (Waiter) Jacques Portet ジャック・ポルテ (Photographer) en.wikipedia.org fr.wikipedia.org 【Title】 Lebe Das Leben / Live For Life / Live For Live / Viver Por Viver / Vivere Per Vivere / Vivir Por Vivir / Vivre Pour Vivre
Trailer aqui _> http://www.myskreen.com/film/
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)