terça-feira, 19 de março de 2013

Victor Nogueira - registos da vida em Lisboa de 1967 a 1969


de Victor Nogueira (Notas) - Terça-feira, 19 de Março de 2013 às 1:42

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Não conhece Lisboa ? Então falemos um pouco desta tão cantada cidade, paraíso dos turistas. Podemos talvez fazer umas comparações com o Porto. Como todas as grandes cidades tem ruas ladeadas de casas, umas velhas, outras novas, automóveis, gente, muita gente, barulho (de prédios em construção, de buzinas, de travagens, pessoas que falam, pessoas de todos os feitios, para todos os gostos).

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É mais alegre que o Porto: mais luminosa, mais ampla, com muitas ruas modernas, tal como em Luanda. Mas, como no Porto, também possui os seus bairros antigos, de vielas estreitas e tortuosas [como na ribeira], tão estreitas que o vizinho do prédio em frente facilmente nos dá uma "bacalhoada". Esta é a parte que eu conheço pior. As outras são-me mais familiares.

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Gosto de andar por estas ruas, cheias de gente, que anda em todas as direcções, com os mais variados destinos. Gosto... e não gosto. Podemos andar à vontade, sem encontrar alguém conhecido. Mas... nem sempre nos agrada a solidão que transpira por estas ruas. Cada qual preocupa-se quase exclusivamente consigo; é o preço das grandes cidades, onde os homens frequentemente se transformam em máquinas, em autómatos.

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Enganar-me-ei ao dizer que no Porto respira-se um ar mais humano, menos artificial ?!!! De qualquer modo foi esta a impressão que me ficou da visita feita esta Páscoa e confirmada esta semana.

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Mas entre o Porto humano, que me atrai, e esta Lisboa alegre, sem dúvida, cheia de sol, mas por vezes fria, irritante, continuo a preferi-la. (MFR - 1967.08.02)

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Que mais contar? Começou o frio, o suplício das quatro ou cinco mangas, do Chamberlain - vulgo guarda-chuva - as caminhadas por ruas escuras alumiadas - aqui e além - por um candeeiro; alguma vez [em Angola] eu sonhei ir para as aulas ainda... de noite ?!!! O Sol agora dá-lhe para isto, abandona cá a malta para vos fazer [no hemisfério sul] umas visitas mais prolongadas. (ADP - 1967.11.21)

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Sábado choveu bastante aqui em Lisboa; isso pouco me afectou se não considerar que cheguei a casa completamente encharcado: calças, sapatos, casaco, enfim, de manhã tomara banho de chuveiro, de tarde banho de chuva! De assinalar um relâmpago enorme que iluminou a noite, cerca das 19 horas, seguido dum enorme estrondo. Deduzo que foi o que caiu sobre o edifício da Rádio Renascença, Às 7 da manhã de domingo um estrondo enorme que me parece ter abalado a casa - soube depois que tinha explodido um paiol nos arredores de Lisboa. E pela leitura dos jornais  tomei consciência da extensão e gravidade do temporal: avultados prejuízos materiais e - segundo os jornais, dezenas e dezenas de mortos. Felizmente e porque Campo de Ourique não teve grandes prejuízos, nada sofri. O tempo serenou e arrefeceu. (NSF - 1967.11.27) (...)

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As Associações de Estudantes de Lisboa [e a JUC - Juventude Universitária Católica] resolveram solidarizar-se com as populações sinistradas, prestando os estudantes o auxílio que puderem, [desobstrução de casas e caminhos, distribuição de alimentos e vestuário, vacinações, etc.] formando-se em cada Escola três subcomissões com actividades específicas: Mobilização, Donativos e Propaganda (JCF - 1967.11.28)

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No dia 21 de Fevereiro os estudantes de Lisboa pretenderam fazer uma  manifestação de protesto contra a guerra no Vietname, não aceitando a pesada responsabilidade que os americanos pretendem dividir com o mundo ocidental. Essa manifestação culminaria com a entrega dum abaixo assinado. (...) A manifestação estava marcada para defronte da Embaixada dos EUA, na Av. Duque de Loulé, para a mesma hora da chegada do Almirante Américo Tomás  da sua visita à Guiné.

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Pelo que me contaram a polícia de choque e os cães polícias (para quê tanto aparato ?!) obrigaram os estudantes a dispersar. Estes foram até à Avenida Almirante Reis e ali, encurralados, foram presa fácil para a  Polícia de Inducassão e Defesa dos Estudantes. Apenas a RTP e um dos jornais diários falaram do incidente. (...)

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(Ao slogan "Abaixo a Guerra no Vietname" seguiram-se "Abaixo o Fascismo" e  "Abaixo a Guerra Colonial". No fundo estou convencido que o primeiro foi um mero pretexto para os segundos e daí o aparato todo)

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Semanas antes, na Universidade do Porto os estudantes boicotaram a visita do Embaixador dos EUA aquela Universidade. (NSF - 1968.03.21)

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A temporada de ópera começa dentro de dias. Apresentarão "A Sonâmbula", "Os Palhaços", "Rigoletto", "Manon", "As Bodas de Figaro", além de duas outras cujos nomes me não ocorrem. Tenciono assistir a todas. Ah! são no [Teatro da] Trindade. (NSF - 1968.04.30)

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Há umas semanas fui ao  Teatro da Trindade ver a ópera "Os Palhaços" e à saída encontrei o Artur Horta. Como de costume, quando nos encontramos à noite, encetámos um dos nossos célebres diálogos, nos quais abordamos os mais variados assuntos, desde os mais transcendentes aos mais corriqueiros, que se prolongam pela noite fora, até de madrugada. A nossa deambulação levou-nos, dessa vez, até à veneranda Rua do Quelhas, onde discutíamos a metempsicose e o panteísmo.

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Eram quatro da matina; andávamos uns passos, parávamos, retomávamos a marcha e assim sucessivamente. Éramos os senhores da rua, onde não passava viva alma !

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Às tantas reparámos num guarda nocturno que, atravessando a rua e dirigindo-se-nos, perguntou onde morávamos: "Eu em Campo de Ourique, o meu colega aqui na Lapa". Fez um comentário acerca do adiantado da hora, que havia muitos malandros, etc., etc.

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"Malandros?! Que quer dizer com isso ?" Ah! os senhores sabem, há muitos ladrões de automóveis!" E, mirando-nos de alto a baixo: "Bem, vê-se que os senhores são bons rapazes, estão bem vestidos! Desculpem. Boa noite." E foi-se. E durante algum tempo o pobre do guarda nocturno foi tema da nossa conversa, ele e a sua teoria de que o hábito faz o monge.

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E lembrar-me eu que há dias fui ao "Coliseu" ver o "London Royal Balet" de quedes [sapatos de lona] em mangas de camisa e com barba de dois dias, por ter sido convidado à última da hora.

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Há dias um comunicado nos jornais informava que um dos bailarinos da Companhia do Maurice Béjart tinha sido expulso de Portugal por, durante um espectáculo, ter-se imiscuído na política do Governo Português e ter incitado a juventude à subversão.

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Segundo as informações que tenho, de fonte não oficial, ele teria simplesmente comunicado ao público o assassinato de Robert Kennedy vítima dos fascistas, e pedido um minuto de silêncio contra todos os regimes fascistas e ditatoriais existentes no Mundo.

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E isso faz-me lembrar que se diz por aí que houve uma greve dos empregados da  Carris, que pretenderiam aumento de salários; a greve teria sido sufocada, mas os jornais, que eu saiba, nenhuma referência fizeram ao assunto. (NSF - 1968.06.24)

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Hoje todo o mundo, em Lisboa, anda à borla nos autocarros e nos eléctricos da Carris; não é nenhuma graciosa oferta da companhia aos seus utentes. Os seus empregados pretendiam um aumento de salário, que lhes não foi concedido - diga-se de passagem que eles ganham muito mal. Assim hoje e não sei por quanto tempo os transportes circulam, cumprindo os horários habituais, mas os condutores não cobram bilhetes, por decisão tomada pelo respectivo Sindicato. A não cobrança dos bilhetes acarretará prejuízos à Carris, pelo que muito provavelmente os seus empregados alcançarão o que pretendem. Mas,... como é tradicional, os grandes accionistas não quererão ver os seus dividendos diminuídos, pelo que o Zé Povinho, um dia destes, verá o preço dois bilhetes aumentar.

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Já no ano passado, quando uniformizaram para um escudo o preço dos bilhetes dos eléctricos - acabando com os de $70 e aumentando os dos elevadores de $20 para $50 - já não me ocorre a que pretexto, pretenderam "actualizar" o dos autocarros. Eu creio que os transportes colectivos alfacinhas são mais acessíveis que os tripeiros ou os de Luanda. (...) Ultimamente a Companhia adquiriu novos autocarros onde, para aumentar a lotação, quase não existem bancos, amontoando-se os passageiros em pé, à retaguarda e no centro. Neles deixamos de ser humanos para sermos gado, amontoados em equilíbrio instável. Há semanas os eléctricos começaram a sofrer idênticas transformações, suprimindo-se os bancos para aumentar a lotação. (NSF - 1968.07.01)

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Os transportes na Carris continuam a ser gratuitos. Os jornais vespertinos não aludem ao assunto enquanto que os matutinos de hoje se limitam a publicar uma nota do Ministério das Corporações e Previdência Social. À noite já gozavam com a situação e desde então muitas são as pessoas que aproveitam as circunstâncias para passearem e andarem o menos possível a pé. Os autocarros e os eléctricos vão pejados de gente. (...) Em média os funcionários da Carris ganham 60$00 [cerca de 30 cent do €] por dia e pretendem um aumento de cerca de 25$00 diários. (NSF - 1968.07.02)

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Os empregados da Carris retomaram, há três dias, o serviço normal As negociações entre o Sindicato e a Companhia continuam, mas um intervenção do Ministério das Corporações e Previdência Social deu àqueles, para já, um aumento de 20$00 diários [cerca de 10 cent do €]  e 520$00 mensais [cerca de 2,5 €], respectivamente aos assalariados e aos empregados. (NSF - 1968.07.06)

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Uma nota por mim ontem lida no diário vespertino "A Capital" informava que a Carris contactara com a Câmara Municipal de Lisboa com vista a um aumento de preço dos bilhetes dos eléctricos. Comentários!? (NSF - 1968.08.04)

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Quinta-feira fui "pragueado" por uma cigana.   Fui ao Zoo com o Zé, o filho mais velho da Maureen. A cigana seguiu-me durante muito tempo para ler a sina e não havia meio de largar-me. Tanto me aborreceu para mostrar-lhe a mão que assim o fiz, avisando-a de que lhe não daria um tostão. Blá, blá, blá e eu placidamente a comer um baleizão.

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"Agora deixe-me ver a sua mão esquerda" E eu deixei, com o meu sorriso céptico e trocista, enquanto mordiscava o sorvete. Blá, blá. "Ó Victor, deixa também ler a minha sina", diz o Zé. "Mas olhe que o menino paga", avisa a cigana. "Hein! isto é a pagar?". Responde a cigana: "Sim são vinte escudos, dez por cada mão!" (Se lhe pedisse uns cinco escudos, dava-lhe, agora vinte!?) "Não lhe dou. Eu disse-lhe ao princípio que não pagava" "Ah! mas o senhor deixou continuar e até deu a outra mão!"

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A discussão continuou, se é que discussão se podia chamar, até que ela descobriu: "Ah! o senhor não quer mesmo pagar!" "Pois não" "Olhe que eu rogo-lhe uma praga!" Não faz mal, eu sou céptico e aguento todas as pragas. " "Vai ficar ainda mais aleijado... " "Não se preocupe" "... e morrer atropelado!", disse ela. "Ninguém fica cá para semente", respondi-lhe. E lá se foi a resmonear. Ainda cá estou. (NSF - 1968.08.05)

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Os empregados da Carris foram todos agradecer ao Presidente do Conselho a intervenção do Governo. Discursos, ramos de flores, palmas, beijinhos às criancinhas!...

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Para quê? Agradecer o quê? O Governo só tem razão de ser para servir a Nação. É a sua obrigação. Para isso é que lá está! (NSF - 1968.08.20)

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Uff! que calor! Estou todo pegajoso!... E eu que durante quatro ou cinco dias não posso tomar banho de chuveiro ou de praia por causa dum raio duma vacina anti variólica que fiz hoje. Vede o paradoxo: uns serviços medico-sociais a fomentarem a falta de higiene. Só neste jardim! (ELF - 1968.08.24)

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Nesta última semana os Patiño e os Schum... (qualquer coisa)() deram cada um a sua festa de arromba, que reuniram celebridades de todo o mundo. Gastaram-se rios de dinheiro, que não aproveitaram ao povo nem trouxeram, a meu ver, qualquer benefício à Nação. Festas deste género são um insulto aos milhares, se não milhões de portugueses que vivem miseravelmente. De modo algum uma creche dada às gentes de Alcoitão modifica a minha opinião. Enquanto os convidados circulavam, sorridentemente, pelos salões, de taças com espumantes capitosos na mão cheia de anéis, elas exibindo luxuosas e dispendiosas jóias, garotos andrajosos, nas escadas do cinema Império, assediam os espectadores que saem da sessão da noite, pedindo uma esmola, por necessidade ou por "profissão".

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(...) Os jornais dedicaram páginas àquelas festividades, mas não falam em determinados e graves problemas nacionais. (NSF - 1968.09.08)

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Em meados de Agosto e em princípios de Setembro a CMLxa apreciou e rejeitou os pedidos a ela dirigidos pela Carris. Esta, alegando os encargos sobrevindos com o aumento dos salários e ordenados dos seus empregados, pretende aumentar em 50 % as tarifas dos carros eléctricos (da tarifa única, urbana, de 1$00 para 1$50); posteriormente , com o estabelecimento de zonas, criando novas tarifas.

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Os vereadores fizeram uns discursos muito lindos, que são os defensores dos interesses dos munícipes e um tal aumento é incomportável para os modestos orçamentos dos lisboetas, daqueles que utilizam tais transportes frequente e normalmente. (...)

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A Carris, descontente como é lógico, recorreu para uma Comissão Arbitral, formado por representantes seus, do Governo e daquela Câmara, que terá de apresentar as conclusões das suas deliberações até 9 Outubro, p.f.

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Não sei quando termina a concessão da exploração dos transportes urbanos àquela Companhia; creio que ela não tem muitas esperanças de ver renovada tal concessão ou, tendo-as, procede como se as não tivesse. A rede de transportes não é modernizada - até quando se manterão os ronceiros eléctricos, que empatam o já demasiado confuso e caótico trânsito automóvel?. O aumento do volume de passageiros não é acompanhado do correspondente aumento de eléctricos e de autocarros; assim, nas horas de ponta, é ver os passageiros que aguardam, nas paragens de autocarros, tempos infindos - a lotação é limitada - que se apinham nos eléctricos - onde cabe sempre mais um.

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Voltando à lotação limitada nos autocarros, já tem acontecido não entrarem passageiros, por estar a lotação esgotada, e entrarem empregados da Carris e da PSP ou GNR, os quais, ao contrário daqueles, não pagam bilhete. Estarão protegidos contra todos os riscos ?! Muitas vezes ocupam os bancos, contribuindo para a completa lotação do autocarro. Com que direito ? O motorista raramente abre as portas, mas tal preceito não se aplica aos empregados daqueles três organismos que entram e saiem onde querem, fora das paragens.

Para fazer face ao aumento de passageiros a Carris tem aumentado a lotação nos eléctricos e autocarros suprimindo os lugares sentados; deste modo os passageiros apinham-se incómoda e desesperadamente naquilo que tem mais de transporte de gado do que maximbombo (autocarro) ou eléctrico! (NSF - 1968.09.24)
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O dr. Salazar continua gravemente enfermo. Creio que não poderá voltar a ocupar o cargo [de Presidente do Conselho de Ministros] nem tal seria aconselhável. Subordinado ao título "Le probléme de la sucession au Portugal", o semanário francês "Le Monde" publica um artigo numa das suas edições. (...)

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O Presidente da República exonerou-o das suas funções. "Le Roi est mort! Vive le Roi!" Vi pela primeira vez o Dr.Marcelo Caetano, desempenado, sorridente, com um longo palmarés. (NSF - 1968.09.25)

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Lisboa está cheia de movimento e colorido. (NSF - 1969.12.19)


Gosto · · · Promover ·
«Em 6 de Junho morreu Robert Kennedy, vítima de um atentado que tivera lugar dois dias antes. Nessa mesma noite, em Lisboa, Maurice Béjart apresentou o seu «Ballet du XXe. Siècle», no Coliseu dos Recreios absolutamente repleto. Assistimos a um magnífico «Romeu e Julieta». Durante a última cena, ouviu-se gritar, repetidamente, "Façam amor, não façam guerra!". Simultaneamente e em várias línguas, eram lidas notícias sobre lutas, revoltas e injustiças. Foi arrepiante a emoção vivida na sala que se levantou em aplauso prolongado. Béjart veio então ao palco para afirmar que Robert Kennedy fora “vítima de violência e de fascismo” e para pedir um minuto de silêncio “contra todas as formas de violência e de ditadura”. Com a maior parte dos espectadores de pé, renovaram-se os aplausos, com mais força e com mais entusiasmo.

Informado do sucedido, Salazar proibiu os espectáculos seguintes e ordenou que Béjart saísse imediatamente de Portugal. Franco Nogueira cita uma nota distribuída à imprensa pelo Secretariado Nacional de Informação:

“Foram dirigidas à juventude exortações derrotistas e tomadas atitudes de especulação política inteiramente estranhas ao próprio espectáculo. Perante a luta que teremos que manter em defesa da integridade nacional, não pode consentir-se que uma companhia estrangeira aproveite, abusivamente, um palco português para contrariar objectivos nacionais.”

Béjart nunca se referiu a Portugal. Mas Salazar era bom entendedor e bastava-lhe menos de meia palavra para perceber – como nós – que Béjart quisera deixar um sinal de solidariedade aos antifascistas portugueses.

Momentos raros como este funcionavam para nós como bálsamo e como estímulo. Ajudavam-nos a não desanimar.» (*)

(*) Joana Lopes, Entre as Brumas da Memória. Os católicos portugueses e a ditadura, Âmbar, 2007, pp. 118-119.

http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.pt/2017/11/22112007-o-dia-em-que-bejart-morreu.html

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)