domingo, 11 de agosto de 2013

discursos que ficaram na história da Humanidade - 01


11 de Agosto de 2013 às 10:47
* Martin Luther King

O discurso de Martin Luther King, pronunciado na escadaria do Monumento a Lincoln, em Washington, foi ouvido por mais de 250.000 pessoas de todas as etnias, reunidas na capital dos Estados Unidos da América, após a «Marcha para Washington por Emprego e Liberdade». A manifestação foi pensada como uma maneira de divulgar de uma forma dramática as condições de vida desesperadas dos negros no Sul dos Estados Unidos, e exigir ao poder federal um maior comprometimento na segurança física dos negros e dos defensores dos direitos civis, sobretudo no Sul. 

Devido a pressões políticas exercidas pela Presidência dos Estados Unidos - ocupada por John Kennedy -, as exigências a apresentar no comício tornaram-se mais moderadas, mas mesmo assim foram feitos pedidos claros: o fim da segregação no ensino público, passagem de legislação clara no que respeita aos direitos civis, assim como de legislação proibindo a discriminação racial no emprego; para além do fim da brutalidade policial contra militantes dos direitos civis e a criação de um salário mínimo para todos os trabalhadores, que beneficiaria sobretudo os negros.

Realizado num clima muito tenso, a manifestação foi um estrondoso sucesso, e o discurso conhecido sobretudo pela frase permanentemente repetida no meio do discurso «I have a Dream» (Eu tenho um sonho), mas também pela frase que é repetida no fim - «That Liberty Ring» (Que a Liberdade ressoe), que retoma o poema patriótico «América», tornou-se, com o discurso de Lincoln em Gettysburg, um dos mais importantes da oratória americana.
Em 1964 a Lei dos Direitos Civis foi votada e promulgada por Lyndon B. Johnson e em 1965 a Lei sobre o Direito de Votar foi aprovada. 

Martin Luther King, Jr. foi escolhido como Prémio Nobel da Paz no ano seguinte, em 1964.



Discurso de Martir Luther King, Jr na Marcha para Washington, 1963
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“EU TENHO UM SONHO” 
       Há cem anos passados, um grande americano, sob cuja simbólica sombra nos encontramos, assinava a Proclamação da Emancipação. Esse momentoso decreto foi como um raio de luz de esperança para milhões de escravos negros que tinham sido marcados a ferro nas chamas de vergonhosa injustiça. Veio como uma aurora feliz para terminar a longa noite do cativeiro. 
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Mas, cem anos mais tarde, devemos enfrentar a realidade trágica de que o Negro ainda não é livre. Cem anos mais tarde,  a vida do Negro é ainda lamentavelmente dilacerada pelas algemas da  segregação e pelas correntes da discriminação. Cem anos mais tarde, o Negro continua vivendo numa ilha isolada de pobreza, em meio a um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos mais tarde, o Negro ainda definha a margem à margem da sociedade americana, encontrando-se no exílio em sua própria pátria. Assim, encontramo-nos aqui hoje para dramatizarmos tal consternadora condição. 
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Em um sentido viemos à capital de nossa nação para descontar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram  as palavras majestosas da Constituição e da Declaração de independência, estavam assinando uma nota promissória da qual cada cidadão americano seria herdeiro. Essa nota foi uma promessa de que todos os homens teriam garantidos seus inalienáveis direitos à vida, à liberdade e à busca da felicidade. 

É óbvio que ainda hoje a América não pagou tal nota promissória no que diz respeito aos seus cidadãos de cor. Em vez de honrar tal compromisso sagrado, a América deu ao Negro  um cheque sem fundos; um cheque que foi devolvido com a seguinte inscrição: “fundos insuficientes”. Nós nos recusamos aceitar a idéia , porém, de que o banco da justiça está falido. Recusamos acreditar não existirem fundos suficientes  nos grandes cofres da oportunidades desta nação. Por isso aqui viemos para cobrar tal cheque – um cheque que nos será pago com as riquezas da liberdade e a segurança da justiça. Também viemos a este lugar sagrado para lembrar à América da veemente urgência do agora. Este não é o tempo para se dedicar à luxuria da postergação, nem para se tomar a pílula tranqüilizante do gradualismo. Agora é o tempo para que se tornem reais as promessas da Democracia. Agora é o tempo para que nos levantemos do vale escuro e desolado da segregação para o iluminado caminho da justiça racial. Agora é o tempo de abrir as portas da oportunidade para todos os filhos de Deus. Agora é o tempo para levantar nossa nação da areia movediça da injustiça racial para a rocha sólida da fraternidade. 
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Seria fatal para a nação não levar a sério a urgência do momento e subestimar a determinação do Negro. Este sufocante verão do descontentamento legítimo do Negro não passará até que ocorra o revigorante outono da liberdade e igualdade. 1963 não é um fim, mas um começo. Aqueles que crêem que o Negro precisava apenas se desabafar, e que agora ficará contente como está, terão um rude despertar se a Nação retornar à sua vida normal como sempre. Não haverá tranqüilidade nem descanso na América até que o Negro tenha garantido todos os seus direitos de cidadania. Os turbilhões da revolta continuarão a sacudir as fundações de nossa Nação até que desponte o luminoso dia da justiça. 
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Existe algo, porém, que devo dizer ao meu povo que se encontra no caloroso limiar que conduz ao palácio da justiça. No processo de ganharmos nosso lugar de direito não devemos ser culpáveis de atos irregulares. Não busquemos satisfazer a sede pela liberdade tomando da taça da amargura e do ódio. Devemos conduzir sempre nossa luta no plano elevado da dignidade e disciplina. Não devemos deixar que nosso criativo protesto degenere em violência física. Sempre e cada vez mais devemos nos erguer às alturas majestosas de enfrentar a força física com a força da alma. Esta maravilhosamente nova militância que engolfou a comunidade negra não deve nos levar a uma desconfiança de todas as pessoas brancas, pois muitos de nossos irmãos brancos, como evidenciado por sua presença aqui, hoje, estão conscientes de que seus destinos estão ligados ao nosso destino, e que sua liberdade está instrinsicamente unida à nossa liberdade . Não podemos caminhar sozinhos. 

Á medida que caminhamos, devemos assumir o compromisso de marcharmos avante. Não podemos retroceder. Existem aqueles que estão perguntando aos devotados aos direitos civis: “Quando vocês ficarão satisfeitos?” Não podemos ficar satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores incontáveis da brutalidade policial. Não podemos ficar satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados pela fadiga da viagem, não puder encontrar um lugar de descanso nos motéis das estradas e nos hotéis das cidades. Não podemos ficar satisfeitos enquanto a nobreza básica do Negro passa de um gueto pequeno para um maior. Não podemos jamais ficar satisfeitos enquanto um Negro no Mississipi não pode votar e um Negro em Nova York crê  não existir nada pelo qual votar. Não, não, não estamos satisfeitos, e não ficaremos satisfeitos até que a justiça corra como água e a retidão também, como uma poderosa correnteza. 
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Não desconheço que alguns de vocês vieram aqui após muitas dificuldades e tribulações. Alguns de vocês recém saíram de diminutas celas de prisão. Alguns de vocês  vieram de áreas onde sua busca pela liberdade deixou em vocês marcas das tempestades de perseguição e fê-los tremerem pelos ventos da brutalidade policial. Vocês são veteranos do sofrimento criativo. Continuem a trabalhar com a fé de que um sofrimento imerecido é redentor. 
Voltem ao Mississipi, voltem ao Alabama, voltem à Carolina do Sul, voltem à Geórgia, voltem à Louisiana, voltem à favelas e aos guetos de nossas modernas cidades, sabendo que, de alguma forma, esta  situação pode e será alterada. Não nos enpojemos no vale  do desespero. 
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Digo-lhes, hoje, meus amigos, que apesar das dificuldades e frustrações  do momento, ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano. 
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Tenho um sonho  que algum dia esta  nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado de sua crença. “Afirmamos que estas verdades  são evidentes; todos os homens foram criados iguais”. 
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Tenho um sonho que algum dia nas montanhas rubras da Geórgia os filhos de antigos escravos  e os filhos de antigos donos de escravos poderão sentar-se à mesa da fraternidade. 
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Tenho um sonho que  algum dia o estado do Mississipi, um estado deserto  sufocado pelo calor da injustiça e opressão, será transformado num oásis de liberdade e justiça. 
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Tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos viverão um dia em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. 
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Tenho um sonho, hoje. 
Tenho um sonho que algum dia o estado de Alabama, cujos lábios do governador atualmente pronunciam palavras de interposição e nulificação, seja transformado para uma condição onde pequenos meninos negros, e meninas negras, possam dar-se  as mãos com outros pequenos meninos brancos, e meninas brancas, caminhando juntos,  lado a lado, como irmãos e irmãs. 
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Tenho um sonho, hoje. 
Tenho um sonho que algum  dia todo  vale será exaltado, toda montanha  e encosta será niveladas, o s lugares ásperos tornar-se-ão lisos,  e os lugares tortuosos  serão  direcionados, e a  glória do Senhor será  revelada,  e todos os seres a verão, juntamente.

Esta é nossa esperança. Esta  é a fé com a qual regresso ao sul. Com esta fé seremos capazes de tirar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé  poderemos transformar as dissonantes discórdias de nossa  nação em uma linda sinfonia harmoniosa de fraternidade. Com  esta fé poderemos trabalhar juntos, orar, juntos, lutar juntos, ir à prisão juntos, ficarmos juntos em posição de sentido pela liberdade, sabendo  que algum dia seremos livres. 
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Esse será o dia quando todos os filhos de Deus poderão cantar com um  novo significado: “Meu país é teu, doce terra de  liberdade, de ti eu canto. Terra onde morreram meus pais, terra do orgulho dos peregrinos, de  cada rincão e montanha que ressoe a liberdade”. 
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E se  a  América for  destinada  a ser uma grande nação isto deve se tornar  realidade. Que a liberdade ressoe  destes prodigiosos planaltos de  New Hampshire.  Que a  liberdade ressoe destas poderosas montanhas de New York. Que a liberdade ressoe  dos elevados Alleghenies da Pensilvânia! 
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Que  a liberdade ressoe dos  nevados cumes  das montanhas Rockies do Colorado!
Que a liberdade ressoe dos  picos curvos da Califórnia! 
Não somente  isso; que a liberdade ressoe  da Montanha de Pedra da Geórgia!   
Que  a liberdade  ressoe da Montanha Lookout do  Tennessee! 
Que  a liberdade ressoe de cada Montanha e  de  cada pequena elevação do  Mississipi. 
De  cada rincão e montanha, que a liberdade ressoe. 
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Quando permitirmos que a  liberdade ressoe, quando a deixarmos ressoar  de cada vila  e cada aldeia, de cada estado  e  de cada cidade, seremos capazes de apressar o dia  quando todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus  e gentís, protestantes e católicos, com  certeza poderão dar-se as  mãos e cantar  nas palavras da antiga canção negra: “Liberdade  afinal! Liberdade afinal! Louvado  seja Deus, todo-misericordioso, estamos  livres, finalmente!”

http://www.dhnet.org.br/desejos/sonhos/ihavedreamr.htm


 ver e ouvir aqui

http://www.youtube.com/watch?v=yCLCyvF9p7g




Marthin Luther Kihg discursando
Marthin Luther Kihg discursando

washington-dc-lincoln-memorial's
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