sábado, 24 de agosto de 2013

entre eros e afrodite - 01


24 de Agosto de 2013 às 18:31
* Victor Nogueira

Escritas e dispersas ao vento, as palavras deixam de pertencer ao autor e passam a ser vistas e lidas com os olhos e lábios e o pensar de quem as decifra e tenta descodificar.
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SEDUÇÃO


O desejo é uma nave
..............penetrando na imensidão destes dias.
Gomo a gomo
desfolhamos o cetim
do nosso corpo.
O ar está pleno
.......deste cheiro agridoce
................almiscarado.
Procuramos a sombra
................fulva e ardente
................fresca
do sol
num murmúrio crescente e
........................ondulante
em vagas sucessivas
no chão arenoso
a macieza da boca
................no seio do ventre
os lábios traçando
..............o mapa do desejo
o sabor da cisterna
.............da viagem dos sentidos
.............ao fim do mundo
nos corredores
a ....ventura
por nós talhada
Descoberta inventada
sem sombras nem limites
.....................(des) enredada
No fragor da tempestade
a serenidade da calmaria
nesta cidadela
......................."sem muros
........................nem ameias"


 1989.Março.09 - Setúbal

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Um rio enche a casa com o murmúrio de mil candeias

Um rio enche a casa com o murmúrio de mil candeias
enquanto
............ondulados
............compassados
............rítmicos
ouço
sinto
e reconheço
............os teus passos

Em silêncio junto as palavras
.................percorro o teu corpo
.................flexível e moreno

Rio, choro e bailo contigo
quando assomas à porta e
..........busco o veludo dos teus lábios e do teu rosto.
bebendo o vinho da esperança

Tudo tem agora outra qualidade
..........................a qualidade do trigo em flor
...........................................da brisa incandescente
...........................................da sombra refrescante
...........................................do sol sem ardor

e no ar
o fragor e e a calma silente da tempestade liberta e  amainada

Setúbal 1989 / 2000
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Esta é a versão inicial (1989) do último escrito, que prefiro sem dúvida alguma

1989.06.07
Setúbal

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)