* Victor Nogueira
Durante muito tempo supus que havia castelos enormes como me parecia Óbidos visto do comboio, quando ia para o Porto pela Linha do Oeste. Depois verifiquei que não era bem assim. As povoações eram cercadas de muralhas, na idade média, e o castelo situava-se numa extrema, geralmente no cimo duma penedia, alcandorado. O Castelo era apenas o último reduto defensivo, com a sua poderosa torre de (ho)menagem, onde residiam o donatário ou o alcaide, com a cisterna e praça de armas. Na povoação muralhada a chamada rua direita era assim denominada não pk fosse rectílinea, mas pk ligava duas portas das muralhas.- Mais apropriadamente seria a rua directa, por mais tortuosa que fosse no dédalo das ruelas e vielas da povoação muralhada.
A vida no Paço, para os padrões contemporâneos, era bastante desconfortável - grandes lareiras, inúmeras tochas ou candelabros, muita fuligem, muito frio e correntes de ar, muitos maus cheiros, muito lixo. Nada semelhante ao que os filmes pretendem retratar. Os castelos medievais podiam estar protegidos por um fosso inundado e ponte levadiça Alguns acabaram por ter Paços que hoje nos encantam, como o de Alvito, embora por vezes encenados/inventados por Korrodi (Leiria) ou pelo Estado Novo (Ourém e Porto de Mós). Com a generalização da pólvora e da artilharia, muitos foram adaptados (Vila Viçosa, Marvão, Outão, este em Setúbal) e outros construídos de raiz (Valença do Minho, Almeida, S Filipe, em Setúbal). Alguns parecem frágeis, delicados, como em Lisboa a Torre de Belém, com m devastador e assustador poder de fogo na defesa da barra, conjuntamente com o Forte do Bugio e todos aqueles que se encontram quer na margem direita do Tejo, na chamada linha do Estoril/Cascais, quer na margem esquerda (Almada e Trafaria). Muitos castelos e muralhas já desapareceram completamente (Valhelhas, Lourinhã, Sernancelhe), as suas pedras aproveitadas para outras construções
Alguns ainda conservam intra-muros a antiga povoação, habitada (Évora, Idanha-a-Velha, Óbidos, uma encenação/invenção do Estado Novo, Monsaraz, Trancoso, Ourém) ou em ruínas (Marialva), outros dela conservam apenas a igreja (Castro Marim, Montemor-o-Novo, Montemor-o-Velho, Arraiolos). Alguns situam-se na planície ou em planura (Beja, Alter do Chão, Viana do Alentejo, Viseu, Trancoso, Belmonte, Faro, Évora), outros estão descaracterizados (Évora, onde funcionou o Quartel General, Faro, onde funcionou uma fábrica). Dalgumas muralhas medievais que protegiam as povoações, restam por vezes um pano da muralha, um postigo, uma porta (Viseu, Guarda, Setúbal, Mirandela) ou apenas a torre de menagem (Braga, Estremoz, Chaves)
Alguns castelos encantaram-me - a circularidade do de Arraiolos, com a igreja sobre-elevada, os de Leiria, Ourém, Alcoutim, Paderne, Porto de Mós, Évora-Monte, Vila Viçosa, Alvito, Almourol,. Marvão, Penedono e Santa-Maria da Feira. ou fortes como o de Valença. Sobre todos, a vila de Marialva, que visitei apenas de noite. Em não poucos casos a povoação abandonou as muralhas no cimo do monte ou colina, transferindo-se para o sopé ou para a planície, por vezes d)Monsanto, a nova povoção (Monsanto, Óbidos/Caldas da Rainha, Monsaraz/Reguengos de Monsaraz, Sesimbra(Vila da Ribeira ...)
Estas são apenas uma parte dos milhares de fotos do meu port-folio, a esmagadora maioria por digitalizar. Ficam de fora igrejas fortificadas, como as do Mosteiro da Flor do Crato, Sés de Évora, Guarda ou do Porto, igreja de Leça do Balio.
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Foto Maria Emília NS
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Fotos de JJ Castro Ferreira
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)