domingo, 6 de outubro de 2013

( a poesia nas palavras em setembro 11 ) - 2013 B

6 de Outubro de 2013 às 19:07

* Victor Nogueira

Pensei fazer uma reapresentação em cada mês d'«a poesia nas palavras ... » mas é demasiado trabalhoso e um trabalho solitário, pelo que a experiência de setembro em busca da forma basta-me. Talvez o volte a fazer com o mês de Dezembro.

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Era a noite,


Era a noite, a noite sem ti, uma noite onde todas as encruzilhas eram um caminho/carinho ignoto, feito de passada larga e despreocupada ou de passos cuidadosos, temerosos. Era noite, uma noite tecida com intermináveis silêncios, prenhes de tudo o que a imaginação nela possa ver matizado com cinzel baço ou ágil pincel. como tear de penélope sem ulisses em incessante vai-vem.

Era noite, uma noite onde as palavras em sonhos se liquefaziam, ásperas ou lânguidas em ais ou suspiros, a boca entreaberta ou os dentes cerrados, as mãos enclavinhadas ou arabescos bailantes. Era a noite a as palavras não surdiam. Era a noite do silêncio e das encruzilhas, melhor ou pior talhadas, 

Era a noite sem o dia !

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Bom fim de semana e começo de muitas outras quentes e soalheiras, se não no tempo, ao menos na alma e em redor desta 

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sem palavras belas nem varinhas de condão


Não trago palavras belas
nem varinhas de condão
as naus navegam singelas
connosco  lá no porão

Serão de cristal os dias
e as noites bonançosas
os dias com alegrias
auríferas, esperançosas ?

Em carreirinha, com ais,
sem  o fogo de artifício
pobres, míseras, mortais,
dos deuses sem benefício;

não há auras nem andores
nem cortejo cintilante
ovações ou esplendores
cantochão relampejante;

as palavras são arado
caravela quinhentista
com zéfiro malparado
diamante sem ametista;

toccata silenciosa
ritmando na calmaria
nas núvens, o céu, brumosa
"pai nosso, avé maria"


setúbal 2013 09 18

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o ciúme


doloso e doloroso
é o ciúme

macilento
do amor conhece apenas a dor
o sufoco

sem florescer nem viver
mata
esgana e engana

sem piedade
o ciúme mói e dói

caminho sem carinho
de verdade
o ciúme
aprisiona a liberdade
sem felicidade
vegeta sem confiança
nem abastança ...

... o ciúme
tem o perfume do estrume
não engrandece
mas arrefece

sem fé nem fiança
o lume em chamas
falece
esfria sem sabedoria
...............paciência
...............sapiência
...............alegria
...............ou fantasia

sem ciso nem riso
o ciúme é

pobre teorema
riima que não rema para o poema


setúbal
2013.09.16

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vem de
( a poesia nas palavras em setembro 10 ) - dispersos 02
( a poesia nas palavras em setembro 01 ) - 2013 A



cartoon de autor desconhecido
cartoon de autor desconhecido

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)