sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A morte do peru e outras reflexões



22/12 · Editado · 




Foto MNS em auto-retrato

Porto - Natal de 1973 (Rua Fernandes Tomás) - o 1º Natal, de toda a família mais próxima reunida [pela 1ª vez desde a ida para Angola em 1944 o meu pai veio a Portugal]

avô Zé Luís (+), Alexandrina, tio Zé Barroso (+), Carlos (namorado da Isabel), tia Teresa, Victor, tia Isabel, Manuel, (+) tia avó Esperança (+), Celeste (namorada do Victor) (+), Maria Emília (+), avô Barroso (+), tio José João (+) ---

Faltam a tia Maria Luísa e o meu irmão Zé Luís (ausente em Angola, a cumprir o SMO (+)

(+) já faleceram)


1. - Era um dos natais. Havia outros. Uns melhores, outros piores. A coisificação, a mercantilização e a "crise" transformam as memórias e os afectos num cocktail molotov, aquele doce de açúcar e claras de ovos que parece enorme mas logo se desfaz na boca como castelo de cartas sem fragrância que resista à deglutição.

A morte do peru


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2. - 
óbviamente que este não era o natal dos pobres em portugal nem da maioria dos angolanos ou dos povos das outras colónias, mas o duma minoria, hoje em extinção acelerada na Europa ! Naquele tempo era o Natal em que as casas de penhores aceitavam tudo - objectos do quotidiano - em troca dum empréstimo eventualmente resgatável e não - como hoje - apenas metais preciosos para derreter, definitivamente perdidos !

Escreve José Vítor Malheiros 

«Essa magia do Natal durou para além da minha infância. Até que houve um ano em que dei por mim num dia do início de Dezembro a pensar no que iria fazer depois do Natal e percebi que a magia tinha desaparecido. O Natal tinha deixado de ocupar o horizonte, tinha perdido a capacidade de lançar o seu manto diáfano de fantasia sobre o prosaico dia-a-dia. (...)

A suspension of disbelief que nos permite viver todas as aventuras e deixarmo-nos embalar por todas as fantasias tinha desaparecido. O Natal tinha passado a ser uma data no calendário – uma festa com coisas agradáveis, com prendas a dar e receber, com uns jantares especiais e com as pessoas a tentar ser mais simpáticas do que de costume, mas apenas uma data. Depois da qual todos voltaríamos a ser iguais ao que éramos antes, depois da qual o mundo voltaria a ser o que era antes, sem que a festa tivesse operado qualquer magia duradoura.

(...) Este Natal veio para nos mostrar que a justiça não é algo que nos vá ser oferecido e que tem de ser arrebatada das mãos daqueles que a sequestram. E a única esperança que ele permite consiste em acreditar que haverá cada vez menos pessoas a pensar como escravos e a compreender que há, lá fora, um mundo a conquistar.»

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quadro - Volpedo - o 4º Estado


Foto: óbviamente que este não era o natal dos pobres em portugal nem da maioria dos angolanos ou dos povos das outras colónias, mas o duma minoria, hoje em extinção acelerada na Europa ! Naquele tempo era o Natal em que as casas de penhores aceitavam tudo - objectos do quotidiano - em troca dum empréstimo eventualmente resgatável e não - como hoje - apenas metais preciosos para derreter, definitivamente perdidos !

Escreve José Vítor Malheiros 

«Essa magia do Natal durou para além da minha infância. Até que houve um ano em que dei por mim num dia do início de Dezembro a pensar no que iria fazer depois do Natal e percebi que a magia tinha desaparecido. O Natal tinha deixado de ocupar o horizonte, tinha perdido a capacidade de lançar o seu manto diáfano de fantasia sobre o prosaico dia-a-dia. (...)

A suspension of disbelief que nos permite viver todas as aventuras e deixarmo-nos embalar por todas as fantasias tinha desaparecido. O Natal tinha passado a ser uma data no calendário – uma festa com coisas agradáveis, com prendas a dar e receber, com uns jantares especiais e com as pessoas a tentar ser mais simpáticas do que de costume, mas apenas uma data. Depois da qual todos voltaríamos a ser iguais ao que éramos antes, depois da qual o mundo voltaria a ser o que era antes, sem que a festa tivesse operado qualquer magia duradoura.

(...) Este Natal veio para nos mostrar que a justiça não é algo que nos vá ser oferecido e que tem de ser arrebatada das mãos daqueles que a sequestram. E a única esperança que ele permite consiste em acreditar que haverá cada vez menos pessoas a pensar como escravos e a compreender que há, lá fora, um mundo a conquistar.»

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quadro - Volpedo - o 4º Estado

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/depois-do-natal-1617380

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)