* Victor Nogueira
com teu receio
de
permeio
as flores
fenecem
nas
dores
e
o
cais
deserto
de naus
setúbal 2014.02.28
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
calamos as palavras
* Victor Nogueira
calamos as palavras
e morremos
sem as dizermos
resguardamos os gestos
dos afectos
e partimos sem
os
partilharmos
em semi-breve
enleamos de nós
a meia-voz
a vida
vivida
e
morremos
sem cantarmos
setúbal 2014.02.28
são ocas as tuas palavras
* Victor Nogueira
são ocas
as
tuas
palavras
balofas
balelas
sem velas
desfolhadas
são de areia
a tua determinação
uma
efabulação
brlham talvez
com a leveza
etérea
do pechisbeque
uma borboleta
que volteia
e
não
aquece
a
chama
os teus mimos
não são arrimos
mas pantominas
setúvbal 2014.02.28
são ocas
as
tuas
palavras
balofas
balelas
sem velas
desfolhadas
são de areia
a tua determinação
uma
efabulação
brlham talvez
com a leveza
etérea
do pechisbeque
uma borboleta
que volteia
e
não
aquece
a
chama
os teus mimos
não são arrimos
mas pantominas
setúvbal 2014.02.28
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
não há entre nós palavras belas
* Victor Nogueira
não há
entre nós
palavras belas
nem versos
apenas reversos
pois não escutas
o que escrevo
escrevo
como se
entre o meu cérebro
que comanda
e as minhas mãos
que executam
dedilhando
eu não estivesse
mas sim a máquina
em que me transformo
e
tu
não entendes
o meu cansaço
é o da máquina
que não sou
e tu insistes
na minha desumanização
setúbal 2014.02.27
não há
entre nós
palavras belas
nem versos
apenas reversos
pois não escutas
o que escrevo
escrevo
como se
entre o meu cérebro
que comanda
e as minhas mãos
que executam
dedilhando
eu não estivesse
mas sim a máquina
em que me transformo
e
tu
não entendes
o meu cansaço
é o da máquina
que não sou
e tu insistes
na minha desumanização
setúbal 2014.02.27
pétala a pétala
* Victor Nogueira
pétala
a
pétala
silabando
e
rimando
é tecido
o poema
teorema
cálido
ou
ventoso
setúbal 2014.02.27
pétala
a
pétala
silabando
e
rimando
é tecido
o poema
teorema
cálido
ou
ventoso
setúbal 2014.02.27
à lareira
* Victor Nogueira
à lareira
ponteias
na braseira
com areia
não ateias
a teia
nem incendeias
remedeias
setúbal 2014.02.27
à lareira
ponteias
na braseira
com areia
não ateias
a teia
nem incendeias
remedeias
setúbal 2014.02.27
na poesia
* Victor Nogueira
na pousada
da poesia
as palavras
são
os sonhos
encobertos
do leitor
e
do
autor
anelo
anel de papel
pesadelo
rimando
ou remando
com
flores
ardores
andores
e
dores
ou nada
rimando
e
remando
ou
naufragando
setúbal 2014.02.27
na pousada
da poesia
as palavras
são
os sonhos
encobertos
do leitor
e
do
autor
anelo
anel de papel
pesadelo
rimando
ou remando
com
flores
ardores
andores
e
dores
ou nada
rimando
e
remando
ou
naufragando
setúbal 2014.02.27
nú recreio
* Victor Nogueira
no recreio
enleada
mordes
e
remordes
a
imaginação
desenfreada
sem
o
freio
do
receio
a ventura
sem cobertura ?
setúbal 2014.02.27
no recreio
enleada
mordes
e
remordes
a
imaginação
desenfreada
sem
o
freio
do
receio
a ventura
sem cobertura ?
setúbal 2014.02.27
na janela aberta
* Victor Nogueira
na janela aberta
encoberta
estás
coberta
de véus
sem a descoberta
tecida de receios
de medos
sem arremedos
setúbal 2017.02.27
na janela aberta
encoberta
estás
coberta
de véus
sem a descoberta
tecida de receios
de medos
sem arremedos
setúbal 2017.02.27
nú esteiro
* Victor Nogueira
nú esteiro
esteio
sem receio
mordes
e
remordes
o seio
avulta
a vulva
encoberta
setúbal 2014.02.27
nú esteiro
esteio
sem receio
mordes
e
remordes
o seio
avulta
a vulva
encoberta
setúbal 2014.02.27
trancas as palavras
* Victor Nogueira
trancas
as palavras
o olhar
sem
vaguear
nem
vadiar
brancas
ou
negras
as sílabas
o Syllabus
setúbal 2014.02.27
trancas
as palavras
o olhar
sem
vaguear
nem
vadiar
brancas
ou
negras
as sílabas
o Syllabus
setúbal 2014.02.27
trincas as palavras
* Victor Nogueira
trincas
as palavras
as tintas
retintas
e brincas
lavrando
e
lavando
as palavras
setúbal 2014.02.27
trincas
as palavras
as tintas
retintas
e brincas
lavrando
e
lavando
as palavras
setúbal 2014.02.27
o mistério do saltério
* Victor Nogueira
o mistério do saltério
sentes
e
no ministério
mentes
psalmo a palmo
as palavras
em tiras
tiaras
das mentiras
ao rés do chão
sem pão nem a vinha
advinha
a
adivinha
em sentido
neste sentido
que sentido
o sentido
sem ti
sentado
pasmado
setúbal 2014.02.27
o mistério do saltério
sentes
e
no ministério
mentes
psalmo a palmo
as palavras
em tiras
tiaras
das mentiras
ao rés do chão
sem pão nem a vinha
advinha
a
adivinha
em sentido
neste sentido
que sentido
o sentido
sem ti
sentado
pasmado
setúbal 2014.02.27
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
presa e represa
* Victor Nogueira
presa
e
represa
nas teias
não ateias
nem incendeias
receias
setúbal 2014.02.26
presa
e
represa
nas teias
não ateias
nem incendeias
receias
setúbal 2014.02.26
não esperes
* Victor Nogueira
não esperes
nem desesperes
na esfera
escuta
não é nossa
a lei deles
a da submissão
revolve
a
revolta
e
canta
no ovo
contra o polvo
firma
e
afirma
a revolução
setúbal 2014.02.26
não esperes
nem desesperes
na esfera
escuta
não é nossa
a lei deles
a da submissão
revolve
a
revolta
e
canta
no ovo
contra o polvo
firma
e
afirma
a revolução
setúbal 2014.02.26
elegia
26 de Fevereiro de 2014 às 0:39
* Victor Nogueira.
1. - À mana que nunca tive e gostaria de ter tido.
À minha outra mana inventada, de Moçambique e da Casa de Aguiar e Belmonte,
sempre ocupada com o trabalho, mas sempre atenciosa e carinhosa e de quem gosto
muito, muito, mesmo muito, que me pergunta sempre pelos sobrinhos e que aprecia
imenso o meu filho Rui Pedro e cujos filhos me atendem sempre com simpatia ao
telefone.
Ao meu único irmão, de verdade, Zé Luís, morto de morte matada por ele
próprio e por muitos outros no tempo que para ele terminou
naquela tarde de 26 de Fevereiro de 1987 ............................. ).
2. - Ao meu irmão que adorava o mano, a cunhada e os sobrinhos.
Ao meu irmão, que não morreu na Guerra Colonial, apesar de ter estado em
zonas de combate como furriel miliciano enfermeiro, na nossa terra, Angola,
incorporado obrigatoriamente e a lutar no Exército Português de ocupação contra
os manos dele e meus, do MPLA ou não, e a tentar salvar a vida aos «camaradas»
de armas ou vê-los regressar mortos, ensanguentados e desfeitos. Mas morreu
depois, 13 anos depois, encerrado em si mesmo, sem concluir o curso de
Medicina, por causa da guerra que o marcou para sempre. E que não continuou em
Angola, apesar dos convites do MPLA, porque, após a independência do nosso
País, de novo incorporado obrigatoriamente como cidadão angolano, veio para um
país estrangeiro porque já lhe bastara o horror duma guerra. (1).
(1) - Luanda, 29 de
Maio de 1951 - Paço de Arcos, 26 de Fevereiro de 1987 - O nome dele, como o de
muitos outros que morreram depois de terminada a guerra mas por causa dela, não
figura em nenhum monumento aos mortos em combate ! É um dos soldados
desconhecidos, morto em vida, na terra de ninguém !
3. - À minha mãe, que ao chegar a casa encontrou o filho morto de morte
matada por ele próprio, que resistiu e não enlouqueceu mas entristeceu com uma
tristeza funda e sem fim, ficando para sempre marcada.
4. - Não sei se foi após a morte do meu irmão que assumi definitivamente
que o nascimento marca o início da caminhada para a morte, que a morte de quem
quer que seja, incluindo a minha, é um dado adquirido e inelutável. Embora face
à constante preocupação da minha mãe se eu me atrasava lhe dissesse, meio a
sério, meio a brincar: "Mãe, eu sou imortal, não te
preocupes quando me atraso !".
ECCE HOMO (1)
Era o dia 26 de Fevereiro
O Pituca morreu!
Encerrado em si
hirto no seu pijama azul
as mãos bonitas e o rosto frio
um vergão em torno do pescoço
o rosto violáceo
o ar sereno.
.
Longe vai o tempo da minha alegria
das nossas brigas
da nossa amizade
.......................silenciosa
.......................tímida
.......................desajeitada.
Fica-me no pensamento
a lembrança de ti
nas coisas que me deste
.......................os livros os posters
.......................os bibelots as estatuetas
.......................africanas as tuas pinturas
.......................a Marilyn e o Pato Donald
.......................os discos e as cassetes.
Memória da infância perdida
nas palavras silenciadas
Meu irmão!
.
.
1987.Dezembro.22 (1989.Março.10) - Setúbal
.
.
É TEMPO DE CHORAR
.
É tempo de chorar
silenciosamente
os nossos mortos
.
irmãos encerrados
encurralados
.
É tempo de chorar
enquanto
para lá desta hora
a vida se renova
por entre
.............os bosques e
.............os regatos
...................................sussurantes
...................................do imaginar o son (h) o estilhaçado
É tempo de chorar o tempo que voa!
.
...................................(IN MEMORIAM do meu irmão Zé Luis, morto
de morte matada
...................................por ele próprio e por muitos outros no
tempo
...................................que para ele terminou naquela tarde de
......................................................................26 de
Fevereiro de 1987 ............................. )
.
.
1989.Fevereiro.03 - Setúbal
xilogravura da autoria do Zé Luís
Luanda 1951
“Lágrima de preta” de António
Gedeão
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio..
em Luanda - 1951 ~~~~~ Maria Emília - Porto 1920.01.04
Setúbal 2013.04.19 Manuel - Porto 1921.09.04 Setúbal 2013.06.06 Zé Luís -
Luanda 1951.05.29 Paço de Arcos 1987.02.26 Victor Manuel - Luanda 1946.01.05 -
.
Luanda 1952/53
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
hoje não falamos de flores
* Victor Nogueira
hoje não falamos
de flores
nem de amores
ardores
ou andores
hoje falamos
dos nós
sem voz
lassos de embaraços
hoje falamos
de nós
(quase) todos
sem pauta
e
a malta
sem acordo
desafinando
e
desfiando
setúbal, 2014.02.24
hoje não falamos
de flores
nem de amores
ardores
ou andores
hoje falamos
dos nós
sem voz
lassos de embaraços
hoje falamos
de nós
(quase) todos
sem pauta
e
a malta
sem acordo
desafinando
e
desfiando
setúbal, 2014.02.24
a reforma do estado está em curso - desde há muito - pela mão do ps(d), seja qual forem a narrativa e o manageiro de turno
* Victor Nogueira
... mas a "reforma" do Estado, rumo ao minimalismo, por obra e graça do ps(d) não está a ser implementada ? Encerramento de maternidades, centros de saúde, tribunais, lojas do cidadão, escolas do ensino básico e secundário, "reorganização" administrativa (em Lisboa e no País), desinvestimento público na ADSE (em benefício dos hospitais privados e das seguradoras),desinvestimento no ensino superior e na investigação científica e tecnológica, extinção progressiva da Caixa Geral de Aposentações (em benefício das seguradoras), generalização do "Outsourcing", como nas ligações telefónicas do Governo, agravamento das custas judiciais, privatização de farmácias hospitalares, notariado, distribuição de água em alta e em baixa, seguros da CGD, "exploração" de museus e parques naturais, correios e telecomunicações, distribuição de gás e da energia eléctrica, recolha e reciclagem de resíduos industriais e sólidos e urbanos, auto-estradas e travessias do rio Tejo, empresas públicas em sectores estratégicos da economia, impostos dos cidadãos direccionados para as PPP's, swap's, "recapitalização" da banca da usura, cheques-ensino ...
E não está na forja a privatização total dos transportes públicos, dos TAP, da ANA, da CGD, dos estabelecimentos prisionais, da segurança social em benefício das seguradoras, da RTP (em benefício da TVI e da SIC), entrega de hospitais à Igreja Católica através das Misericórdias ... ?
... mas a "reforma" do Estado, rumo ao minimalismo, por obra e graça do ps(d) não está a ser implementada ? Encerramento de maternidades, centros de saúde, tribunais, lojas do cidadão, escolas do ensino básico e secundário, "reorganização" administrativa (em Lisboa e no País), desinvestimento público na ADSE (em benefício dos hospitais privados e das seguradoras),desinvestimento no ensino superior e na investigação científica e tecnológica, extinção progressiva da Caixa Geral de Aposentações (em benefício das seguradoras), generalização do "Outsourcing", como nas ligações telefónicas do Governo, agravamento das custas judiciais, privatização de farmácias hospitalares, notariado, distribuição de água em alta e em baixa, seguros da CGD, "exploração" de museus e parques naturais, correios e telecomunicações, distribuição de gás e da energia eléctrica, recolha e reciclagem de resíduos industriais e sólidos e urbanos, auto-estradas e travessias do rio Tejo, empresas públicas em sectores estratégicos da economia, impostos dos cidadãos direccionados para as PPP's, swap's, "recapitalização" da banca da usura, cheques-ensino ...
E não está na forja a privatização total dos transportes públicos, dos TAP, da ANA, da CGD, dos estabelecimentos prisionais, da segurança social em benefício das seguradoras, da RTP (em benefício da TVI e da SIC), entrega de hospitais à Igreja Católica através das Misericórdias ... ?
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2014/02/a-conversa-com-os-deputados-do-ps.html
na festança
* Victor Nogueira
na festança
da abastança
o povo
com apneia
e a classe média
pequena ou média burguesia
com azia
todos proletários
os otários
ricos
os mafarricos
setúbal 2014.02.25
abril
* Victor Nogueira
abril
das águas mil
em maio
no funil
otário
na boca larga
o povo
'tormentado
no estreito
canal
em cornucópia
os cifrões
crescente
de bolsa
a(ba)rrotando
os salafrários
e
os
seus patrões
setúbal 2014.02.25
abril
das águas mil
em maio
no funil
otário
na boca larga
o povo
'tormentado
no estreito
canal
em cornucópia
os cifrões
crescente
de bolsa
a(ba)rrotando
os salafrários
e
os
seus patrões
setúbal 2014.02.25
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
em casa minha
* Victor Nogueira
em casa minha
os
livros são como coelhos
e de joelhos
estou
do chão ao tecto
não em adorações
de andores
mas em arrumações
com dores
tarefa infinda
dia-a-dia
na berlinda
pum catrapum
setúbal 2014.02.24
em casa minha
os
livros são como coelhos
e de joelhos
estou
do chão ao tecto
não em adorações
de andores
mas em arrumações
com dores
tarefa infinda
dia-a-dia
na berlinda
pum catrapum
setúbal 2014.02.24
com mil olhos
* Victor Nogueira
com mil olhos
e
dez mil bocas em cadeia
na verdade
sem vida
de interditos
benditos ou malditos
é
a cidade
entre dentes
a serpente
em surdina
setúbal 2012.02.24
e
dez mil bocas em cadeia
na verdade
sem vida
de interditos
benditos ou malditos
é
a cidade
entre dentes
a serpente
em surdina
setúbal 2012.02.24
triste traste
* Victor Nogueira
triste
traste
all-quebrado
e
cansado
vegetando
na ínsula
setúbal 2014.02.24
triste
traste
all-quebrado
e
cansado
vegetando
na ínsula
setúbal 2014.02.24
domingo, 23 de fevereiro de 2014
o gato
o gato
não é pato pató
ao ri- sol
não esfria
aquece
e
não arrefece
lampeiro
no
boieiro
Setúbal 2014.02.23
Maria Márcia Marques e Maria Jorgete Teixeira gostam disto.
Deolinda Figueiredo Mesquita, António Garrochinho, Odete Maria Botelho e 44 outras pessoas gostam disto.
Victor Nogueira Para a Manela Pintohttp://www.youtube.com/watch?v=FH1aSsbJfIs
Para Crianças e Adultos, um clássico da música Infantil, para recorder ou para e...Ver mais
Victor Nogueira e de vinicius
O Gato
Com um lindo salto
Lesto e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pega corre
Bem de mansinho
Atrás de um pobre
De um passarinho
Súbito, pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando tudo
Se lhe fatiga
Toma o seu banho
Passando a língua
Pela barriga.
O Gato
Com um lindo salto
Lesto e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pega corre
Bem de mansinho
Atrás de um pobre
De um passarinho
Súbito, pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando tudo
Se lhe fatiga
Toma o seu banho
Passando a língua
Pela barriga.