quinta-feira, 17 de julho de 2014

o "Arreda" no meio do povo



* Victor Nogueira

A Prova Automobilística do "Kikometro Automóvel da Vallada" realizou-se em 18 de Março de 1906, organizada pelo "Real Automóvel Club de Portugal",  a fim de bater o record de velocidade nessa modalidade, tendo o vencedor alcançado a estonteante marca de ... 82,568 km/h em 43",3.

Na foto o Infante D. Afonso, irrnão do rei D. Carlos I. Sobre este concorrente rezava a legenda na altura: "O Senhor D. Afonso, depois da prova, entre o povo, como o mais modesto dos cidadãos"

Este "Senhor D. Afonso" era entre o povo conhecido por "O Arreda", exclamação que usava para afastar os peões populares que se atravessavam no seu caminho, numa altura em que os automóveis eram um luxo e uma raridade apenas ao alcance dos muito ricos.

Ao contrário do Zé Povinho e da Maria Paciência, os senhores D Carlos I e D. Afonso e a senhora D. Amélia, não viviam em choças ou tugúrios e erarm gordinhos e anafados pois não sofriam de mau passadio. A ralé era pelas senhorias tratada por... tu, mas a inversa  não se verificava. À passagem das senhorias o povoléu ... desbarretava-se. Nesse tempo  o Povo cheirava mal, por falta de hábitos higiénicos -  os banhos,as banheiras e a água corrente canalizada ao domicílio eram um luxo - , e andava descalço - daí a expressão "pé-descalço" -, montado nos seus pés - raramentye com tamancas - ou, os  mais afortunados, num burrico puxando ou não uma carroça. A maioria das mulheres - do povo ou não - não tinham direito de voto e a maioria dos homens eram cidadãos passivos, isto é, podiam ser eleitores mas não podiam ser eleitos, sendo esta faculdade restrita a um punhado de "cidadãos" com o "Arreda" e outros concorrentes do "Kilómetro"

foto em http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2014/07/kilometro-automovel-de-vallada.html

 a saga do zé povinho segundo Rafael Bordallo Pinheiro






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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)