foto de família - porto - nº 44 da travessa da carvalhosa 1949/1950 -
Para além do escriba, os meus avós António, Alzira e Zé Luís e os meus tios José e José João, para além da minha mãe. Por exclusão, a fotógrafa deve ter sido a minha tia Lili.
Quando nasci os meus avós e seus filhos estavam em Angola, pois o meu avô Luís era quimico-analista na Fazenda Tentativa, de açúcar, no Caxito, nos arredores de Luanda. Tal como o meu pai o meu avô ficou "enfeitiçado" por Angola mas a vida não lhe permitiu que para lá regressasse. Na altura da foto o meu tio José João tinha retornado ao Porto para tirar o curso de arquitectura, tendo regressado a Luanda em 1956, pouco depois de concluí-lo. Nesta altura ainda chegou a dar aulas na Escola Industrial e Comercial de Setúbal, no ano em que ela passou do Largo da Palmeira para o Parque do Bomfim, a mudança feita por professores e alunos. Nesta mesma escola o meu pai e eu demos aulas, ele depois da independência de Angola, eu depois de terminar o curso de sociologia, contrariado pois nunca gostei de ser professor, proissão transitória que larguei mal pude. Mas o meu pai e o meu tio gostavam de dar aulas - em angola o meu pai nunca havia sido professor mas era um bom explicador de mim, qd tinha tempo para isso..
Depois do meu nascimento a minha avó Francisca insistia com a minha mãe para que mandasse o "menino" para o Porto, para juunto dela, mas faleceu antes de nos conhecermos. Existe apenas em resultado das memórias da minha mãe e do que dela a restante família me contou.
A casa tinha dois pisos e um grande quintal nas tazeiras onde havia criação - muito gostava eu de ver os coelhos nas gaiolas com o narizito a tremer e os olhos enormes ou aos saltinhois ziguezagueantes assim como os pintainhos amarelos partindo a casca do ovo e logo começando a andarilhar.. Para além da criação de animais havia uma enorme nogueira (produzia grandes nozes) e uma latada, cujas uvas a minha avó vendia para fora. A economia doméstica era complementada com o cultivo de batatas, alhos, couves e cebolas plantadas no referido quintal.
Toda a vida o meu pai não comia carne de coelho apesar dos castigos da Alzira pois em miúdo afeiçoava-se a eles e não podia vê-los no prato. Nesta altura a minha avó Francisca - que não conheci - e por quem o meu avô está de luto, que manteria toda a vida - já havia falecido.. Nesta foto falta o triciclo, que surge noutras. Tirando o meu avô Barroso, nunca ninguém na família pôs luto pela morte de familiares - o luto sempre foi e tem sido considerado pessoal, íntimo, não carecendo de exteriorização.
ELEGIA PELA MINHA FAMÍLIA DISPERSA
Sem comentários:
Enviar um comentário
Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)