domingo, 1 de fevereiro de 2015

leonardo Padura - a neblina do passado - 01

* Victor Nogueira

Leonardo Padura é um escritor cubano, também de romances policiais, como os que têm como personagem central Mario Conde, um antigo polícia que no presente se dedica ao comércio de livros usados. É a descoberta duma fabulosa biblioteca que o leva a tentar decifrar o mistério por detrás do olvido e desaparecimento de Violeta del Rio, uma insinuante cantora de boleros, na transição entre os últimos dias da ditadura de Fulgêncio Batista e o triunfo da Revolução Cubana. É uma Havana diferente aquela  em que o escritor nos mergulha e que me despertou a curiosidade de sobre ela saber mais.

* Victor Nogueira

Ao longo das páginas descobrimos a razão de ser digamos reverencial de Conde pelos livros, pelas bibliotecas e pela literatura, embora este não seja o fio principal da narrativa. Para mim também os livros, uns mais que outros, são, como hei-de dizer ... objectos de veneração, com vida, como se pessoas fossem, ao ponto de procurar não marcar páginas com dobras ou fazer anotações à margem à medida que os vou lendo e  que, muitas vezes, depois me fazem falta, quer para comentá-los. quer ao relê-los. E os meus desejos de bibliófilo são mais modestos - encontrar uma colecção completa da revista de banda desenhada "O senhor Doutor" que destruí em criança, na impossibilidade de recuperar a minha pequena biblioteca, sobretudo a de banda desenhada - que os meus pais deixaram em Luanda quando da independência, os álbuns de cromos que a Celeste levou para a Escola onde dava aulas e que desapareceram dum dia para o outro, os livros encadernados do século XIX das travessias portuguesas África  e os etnograficos e de viagens da Agência Geral das Colónias que o meu pai deixou extraviar ou um maravilhoso livro ilustrado  e com folhas transparentes sobre o corpo humano, que era do meu irmão enquanto estudante de medicina e que depois da morte dele se volatilizou.

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)