domingo, 13 de setembro de 2015

o Mosteiro de Leça do Balio e a Feira Medieval

* Victor Nogueira


Na tarde soalheira em que por aqui passara dias antes não me fora possível tirar fotos  nem visitar a Igreja, então já encerrada. Retornámos para ver a feira medieval, em tarde cinzenta e ameaçando chuva, com o sol descoberto apenas ao final da tarde.

A fundação do mosteiro é anterior ao séc. X, mas da construção românica restam apenas, nas traseiras da igreja, uma ala incompleta do claustro, um portal e uma janela com decoração vegetalista. Foi reedificado no séc. XIV, segundo o modelo das igrejas fortaleza, num estilo de transição entre o românico e o gótico. Foi casa mãe dos Cavaleiros Hospitalários da Ordem de Malta em Portugal, os Hospitalários, a partir do século XII. A fachada principal de estilo gótico, com ampla rosácea radiada e rematada por uma cruz da Ordem de Malta, possui torre de menagem de traça românica, coroada de ameias. No interior, destaca-se a arca tumular de Frei João Coelho, Grão-Mestre da Ordem, com estátua jacente da autoria de Diogo Pires, o Moço, a quem se deve também o cruzeiro. Merece referência a pia baptismal.

Do mosteiro resta apenas a igreja e parte dos claustros românicos. Nas traseiras do Mosteiro passa o rio Leça. Outras igrejas-fortaleza em Portugal são as do Convento de Terena (Alandroal)  e a do Convento da Flor da Rosa (Crato) ou a Sé Velha de Coimbra.

Não assistimos a qualquer recriação histórica nesta que é a 1ª Feira Medieval por mim visitada, esta em torno do Mosteiro de Leça do Balio. Tendas que pretendem assemelhar-se às medievais "abrigam" um pouco de tudo: artesanato, vestuário, calçado, adereços florais, comes e bebes, artigos de couro,  óleos e ervas da "medicina" popular, objectos alusivos ao evento, cartomância .... Em enormes assadeiras com espeto volteiam ao lume porcos inteiros, a carne cortada às lascas para as zonas da comezaina. Numa tenda expôem-se cobras vivas  e um camaleão, dentro de caixas com tampo de vidro. Num cercado estão uma pata, uma galinha, uma cabra e uma porca com os respectivos filhotes. Debaixo dum toldo, corujas, mochos e aves de rapina que não identifico. Junto às margens neste troço verdejantes do rio Leça um mini-estábulo com alguns cavalos. Nas tendas, expostos ao ar e ao vento, os artigos alimentares (doçaria, ervas, carnes ... ) não merecem a atenção dos fiscais da Autoridade da Segurança Alimentar e Económica (ASAE). 

Pelas áleas passam pessoas pretensamente vestidas com trajes medievais: cavaleiros hospitalários, a pé ou a cavalo, freiras, damas, artesãos, gente do povo, saltimbancos ... Alguns adultos e crianças a  cavalo preso pela brida dão pequenas voltas pelo recinto, Nalgumas tendas, perto do que resta dos claustros, situam-se tendas de artesãos medievais, como o ferreiro que faz as cotas de malha.  Junto aos claustros um magote de pessoas ouvem as explicações de alguém - deve ser uma das visitas guiadas - e por entre as grades entre-vejo abancados em torno duma mesa em bancos corrridos o que presumo sejam os "cavaleiros-monge" à hora da refeição.

Vários são os eventos recriados nos 3 dias do certame: a chegada dos peregrinos a Santiago de Compostela, um auto de fé, um torneio a cavalo, a lenda do Ferro Calvo (a prova de Deus), a chegada e o casamento de D. Fernando I com Leonor Telles.


Os visitantes começam a aumentar ao cair da tarde, quando abancamos para jantar: papas de serrabulho, sandes de carne de porco, alheiras e pão com chouriço, regados com sangria e, no meu caso, iced tea

A tarde esteve cinzenta e ameaçando chuva mas ao anoitecer o sol rompeu as nuvens, sem aquecer a brisa fria que escorria.



fotos em


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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)