sábado, 28 de novembro de 2015

No tempo em que eu era mais novo



Foto victor nogueira –Mindelo – Sombras com chaminé em relva verde que será colhida na Primavera para forragem do gado sendo então substituída pela cultura do milho a ser apanhado no Outono seguinte. E assim ciclicamente até que os campos sejam retalhados para loteamento urbano.

No tempo em que eu era mais novo
Fazia muitas perguntas e
metia conversa com muita gente, fosse em que lugar fosse.

No tempo em que eu era mais novo
A casa dos meus pais tinha sempre as portas e janelas abertas - ao sol e ao vento -
e à mesa sentavam-se do operário  ao engenheiro
o médico e o enfermeiro
o professor e o empreiteiro
qualquer que fosse a cor da pele

Também a minha casa sempre teve portas e janelas abertas
- hoje não tão escancaradas -
E à minha mesa senta(va)-se toda a gente.
- este toda a gente tem como limite reconhecer-me no outro/outra –
E muitas vezes os operários me dizem
que me consideram um deles

Hoje estou mais velho
- envelheci neste país pequeno, cinzento e de vistas curtas –

No tempo em que era jovem e no país em que nasci
- no estrato social a que pertenciam os meus pais –
e mesmo depois na Universidade em Lisboa
os rapazes e as raparigas saíam juntos
no café, na praia, no cinema, em passeio

Agora envelheceram-me
E se o Victor dos 20 anos se sentasse defronte do Victor de hoje
Seriam quase dois estranhos frente a frente
- neste país pequeno, cinzento e de vistas curtas –

Não perdi a juventude
mas envelheceram-me ou envelheci
e no outono da vida
continuo à espera da primavera.

Apesar de tudo as mãos e os gestos continuam abertos
- embora  mais retraídos –
Mas das mãos escorre apenas areia
e um deserto de flores esmaecidas.

Vim com a esperança de rever velhas amizades e conhecer novas
mas nenhuma delas respondeu ao meu convite
e recolhido em mim
desisti de reencontros ou de conhecer novas gentes

Assim regresso ao sul
ao céu azul, luminoso e pleno de claridade
para um mar chão e de calmaria
onde não há penélope e ulisses
e a amizade é também quase sempre uma palavra vã..

No tempo em que eu era mais novo
cada pessoa era um amigo/amiga
e entre nós a cidade não tinha muros nem torres de atalaia.

Mas isso, isso é passado,

Hoje ..., hoje as aves não cantam no alto da madrugada.

- Alguma vez voarão de novo, altaneiras ?


Mindelo, 2015.11.26 (2)
De regresso ao sul

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Restauro de azlejos no antigo liceu salvador correia em luanda



Carlos Monteiro‎SALVADOR CORREIA - HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
27/9 · 

Elsa Santos e 11 outras pessoas gostam disto.
Comments

Álvaro Aragão Athayde É curioso! Existem azulejos com estes mesmos motivos, tal e qual, na Universidade de Coimbra, nos Gerais, actualmente Faculdade de Direito, e são antigos, séculos XVII ou XVIII, não sei bem. Quem os encomendou para o Liceu há de ter copiado os motivos. Em Coimbra ou noutro sítio, não sei.
Gosto · Responder · 5 · 28/9 às 12:07 · Editado

Victor Barroso Nogueira Azulejos idênticos ornamenta(va)m muitos fontenários por esse Portugal fora e em setúbal as fachadas das casas do Bairro Operário construído nos anos 40 e demolido nos anos 80 do século XX. Os azulejos do Bairro foram destruídos, salvo alguns que recuperei do entulho
Gosto · Responder · 1 · 18 h · Editado

José Augusto Duarte Ferreira As réplicas são vulgares. Tenho uma mesa de cozinha em pinho, relativamente barata, cujo tampo é forrado com azulejos iguais aos da foto. Não são antigos, até porque a mesa foi comprada no "Madeireiro", uma grande superfície comercial.
Gosto · Responder · 1 · 3 h

Carlos Monteiro Não esquecer que estes azulejos são todos pintados à mão...um a um e existem no Liceu cerca de 40 000, não contando com os da antiga Escola D. João I
Gosto · Responder · 22 min


Aida Gomes
Aida Gomes É bom saber que a reforma do Liceu está a ser feita com todo o cuidado.
Gosto · Responder · 1 · 28/9 às 22:19


https://www.facebook.com/photo.php?fbid=460653490806032&set=gm.899314446772640&type=3&theater




NUOVO



* Victor Nogueira

NUOVO"

No ovo
o povo
a ova
nova
e
o polvo
O mote
o bote
o lote
a lota

a luta
A sorte
forte
A porta
aporta
com a morte
da bota
A ementa
e
a
pimenta:
ensopado de enguias 
e lulas guisadas
ou coelho com “potas”
e cavacas das caldas.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

homem e cão á beira-mar


foto victor nogueira - homem e cão á beira-mar e ao pôr-do-sol - o fim do dia está ameno e o areal praticamente deserto. As ondas encapeladas desfazem-se em branca espuma, pacificamente no areal ou espargindo-se contra os rochedos. Sigo com a câmara fotográfica o deambular dum homem com o seu cão ao longo da praia


Comments

Clara Roque Esteves Uma luz maravilhosa que permitiu uma bela imagem.
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Odete Maria Botelho Linda foto mesmo 
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 Uma boa noite amigo heart emoticon

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Manuela GSilva Tenho no horizonte fragmentos de humano esplendor... ! Bela fotografia, Victor Barroso Nogueira. Boa noite. Beijinhos 
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Isabel Reis Perfeito!
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Manuela Miranda Lindo este mar e este fim de dia que descreveste como escreves sempre bem Amigo Victor Obrigada beijinhos Fica Bem 
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Maria Lisete Almeida Bem haja Amigo pela partilha desta maravilhosa Foto! Uma óptima terça-feira.
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Maria João De Sousa Excelente fotografia,Victor Barroso Nogueira! Abraço!!!
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Maria Rodrigues Obrigado amigo Victor, adorei lindo 
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Graca Maria Antunes Muito lindo! Obrigada, Victor!
Não gostoResponder11 h

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Raízes em 11 de novembro



* Victor Nogueira

(...)

Em Luanda nasci
Em Luanda vivi
Em Luanda estudei

Não Angola mas Portugal
Todos os rios e afluentes
Todas as linhas férreas e apeadeiros
Todas as cidades e vilas
Todos os reis e algumas batalhas
as plantas e animais
que não eram do meu país.


De Angola
pouco sabíamos
até ao 4 de Fevereiro, até ao 15 de Março
Veio a guerra e
....................a mentira
que alimenta
..................a Guerra,
Veio a guerra e a violência
veio a guerra e a liberdade.

Em Évora a 11 de Novembro
Em Luanda a bandeira do meu país
no mastro subiu.
Era o tempo da liberdade e da esperança.

No Porto
Em Lisboa
Em Évora estudei
Em Évora casei
Em Évora vivi e nasceram o Rui e a Susana.

Em Setúbal moro e no Barreiro trabalho

Perdidos os amigos,
perdida a infância
Estrangeiro ......sem raízes ......sou em Portugal.

Victor Nogueira


http://aoescorrerdapena.blogspot.pt/2014/01/raizes.html
1989

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

passo a passo

* Victor Nogueira


Entre 9 e 10 de novembro, com alguma esperança num virar de página  pausa em movimento para uma passada mais larga. Passada não para o retrocesso mas em processo até que as pequenas passadas permitam o salto qualitativo.

estuário do rio sado e poesia intemporal do photographo



foto victor nogueira - estuário do rio sado e poesia intemporal do photographo repescada nas manhãs entre 9 e 10, em novembro de 2015.

1. - És a clara madrugada ?
És a clara madrugada ? Por mais que eu tente esquecer-te o meu entendimento persiste em esperar e lutar por ti. Mesmo que eu cerre os meus olhos posso sentir-te ao meu lado e renascer com o calor do teu abraço. Vives nos meus sonhos, desde sempre. O teu sorriso tem a cor da maresia, é uma brisa na planície, o rumor dum riacho ... És a esperança em que moramos e de que me alimento. Que dia será aquele em que despertarmos deste plúmbeo sono de cinzas e negro de fumo ? (2014.02.07)


2. - assume o lume
assume
o lume
e
solta
a
revolta
a
canção
da
revolução
Paço de Arcos 2014.02.19


3. - mobiliza a dor
da fome
com ardor
acende o lume
do perfume
liquida o estrume
Setúbal 2014.02.21

Mantém a flâmula acesa

* Victor Nogueira

Mantém a flâmula acesa

Em girândola o orvalho
resguardando a flama
a chama
que a teia incendeia

Da luz a vela
luminária desfraldando as veias
velas
para lá das sentinelas


Mindelo 2015.11.09

domingo, 8 de novembro de 2015

o sol e a sombra


* Victor Nogueira


Em carreirinha  preciosa
 - linda a nova -
sedosa e graciosa
algodão doce que fosse
de trigo a sementeira

E o grifo
águia ou dragão
liberto e desperto

O grito
na imensidão do deserto
na concha da tua mão
aberto o ninho de ouro
ágata benfazeja.

E a esfinge
o enigma
com sintagma
vulcânico magma

Mindelo, 2015.11.08


domingo, 1 de novembro de 2015

mindelo - floreira outonal no quinta

l

* Victor Nogueira

Mecânicamente apanhado o milho no campo das trazeiras e adubado este, cresce a gramínea que o reverdece e que será colhida da próxima Primavera, para alimento do gado, e que então dará lugar a nova sementeira de milho. Os pássaros debicavam o campo e agora fazem pequenos voos planados e saltitantes em terra ou empoleirados no muro. A laranjeira e a tangerineira foram as novas aquisições, a juntarem-se à oliveira, à borracheira e à palmeira, embora estas duas últimas talvez sejam arrancadas quando atingirem um porte incomodativo. As perpétuas e as margaridas ainda florescem, mas pouco. ao contrário das rosas e dos jarros, que resolveram estes dar um arzão da sua graça. Ah! a salsa pegou ali junto à cozinha e para além das galerias do que presumo sejam doninhas,, um dia destes surgiram cogumelos