marco do correio em Beja - foto victor nogueira - Daqui a pouco vou sair - à chuva, ao vento, desafiando as intempéries e o furor das divindades - para meter esta presença de mim no marco do correio. (MCG - 1973.01.16)
Da Carta - segundo Garcia de Resende, António Jacinto, Manuel Bandeira e Victor Nogueira
por Victor Nogueira a Domingo, 17 de Outubro de 2010 às 10:06
(com algumas repetições porque em se não mudando a vida não se podem mudar/não mudam os gestos dela e da galeria de recados serão retirados/as os/as mudos/as e calados/as)
Da Carta
1. Se as cartas não fossem cartas, muitas vezes escreveria a V.M. como desejo, mas porque o são o não ouso fazer, pois as não leva o vento, como palavras e plumas, antes se guardam tão bem, que a todo o tempo se pode pedir razão de ...como se escreveram e porque as escreveram (…) (Garcia de Resende a D. Francisco de Castelo Branco, 20.11.1535).
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2. (…) Antigamente as pessoas escreviam muito e as cartas eram meio de transmitir notícias e muitas delas, com maior ou menor valor literário, tornaram-se testemunho dos factos, acontecimentos, ideias e sentimentos. Mas hoje, hoje as pessoas telefonam ou encontram-se, devido à facilidade e rapidez dos transportes e das comunicações, e o tempo é pouco, paradoxalmente, devido à sobrecarga do que se gasta em transportes, sentado frente à TV ou em tarefas domésticas. O mesmo sucede com o convívio e a conversação: por vários motivos os cafés e as tertúlias desaparecem, só se conhece o vizinho da frente ou do lado, quando se conhece, e as pessoas metem-se na sua concha, casulo, carapaça ou buraco. Muita gente junta, ao alcance da mão ou da voz, não significa que estejamos mais acompanhados e humanizados. (…) (Victor Nogueira à «Maria do Mar», 18.08.1993)
3. Carta de um Contratado - António Jacinto
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Eu queria escrever-te uma carta
Amor
uma carta que disesse
deste anseio
de te ver
deste receio de te perder
deste mais que bem querer que sinto
deste mal indefinido que me persegue
desta saudade a que vivo todo entregue...
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Eu queria escrever-te uma carta amor
uma carta de confidências íntimas
uma carta de lembranças de ti
de ti
dos teus lábios vermelhos como tacula
dos teus cabelos negros como dilôa
dos teus olhos doces como macongue
dos teus seios duros como maboque
do teu andar de onça
e dos teus carinhos
que maiores não encontrei por aí...
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Eu queria escrever-te uma carta
amor
que recordasse nossos dias na capôpa
nossas noites perdidas no capim
que recordasse a sombra que nos caía dos jambos
o luar que se coava das palmeiras sem fim
que recordasse a loucura
da nossa paixão
e a amargura nossa separação...
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Eu queria escrever-te uma carta
amor
que a não lesses sem suspirar
que a escondesses de papai Bombo
que a sonegasses a mamãe Kieza
que a relesses sem a frieza
do esquecimento
uma carta que em todo Kilombo
outra a ela não tivesse merecimento...
Eu queria escrever-te uma carta
amor
uma carta que te levasse o vento que passa
uma carta que os cajus e cafeeiros
que as hienas e palancas
que os jacarés e bagres
pudessem entender
para que se o vento a perdesse no caminho
os bichos e plantas
compadecidos de nosso pungente sofrer
de canto em canto
de lamento em lamento
de farfalhar em farfalhar
te levasse puras e quentes
as palavras ardentes
as palavras magoadas da minha carta
que eu queria escrever-te amor...
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Eu queria escrever-te uma carta...
.
Mas ah meu amor, eu não sei compreender
por que é, por que é, por que é, meu bem que tu não sabes ler
e eu - Oh! Desespero - não sei escrever também!
- 4. - Escrevivendo e Photoandando por ali e por aqui «Ao lermos uma novela ou uma história imaginamos as cenas, a paisagem, os personagens, dando a estes uma voz, uma imagem física. Por isso às vezes a transposição para o cinema revela-se-nos uma desilusão. Quando leio o que a Maria do Mar me escreve(u) surge perante mim a sua imagem neste ou naquele momento da nossa vida, uma pessoa simples, encantadora, gentil e delicada.» Victor Nogueira .
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- 5. - Dizem que os livros são os nossos melhores e maiores amigos. Mas os livros não se sentam á nossa beira, nem tem olhos, nem sorriem nem nos abraçam, nem connosco passeiam pela rua, pelo campo. Nada podemos dar aos livros senão as letras dos nossos pensamento ou um pouco de nós para que chegue aos outros. Os livros têm os olhos que nós temos. E os seus lábios são os nossos lábios. Porque se os livros tivessem olhos e lábios e mãos e ded s seriam talvez pessoas mas nunca livros. Évora 1969.Março.19 Victor Nogueira .
6. - Aqui estou no meu quarto, buscando para ti as palavras que não encontro, corpo sem imaginação mas irritado e desassossegado pela constipação que me percorre as veias e me enche dum nervoso miudinho. Busco para ti as palavras dos outros, nos livros dos outros, os ponteiros aproximando‑se das nove e trinta, hora da vinda do homem que levará de mim as letras que cadenciadamente vão surgindo no papel branco que já não é só! Busco as palavras e apenas encontro estas, hoje vazio de ti pela tua ausência, ontem pleno pela nossa presença. São vinte e uma e vinte, hora de parar, os livros espalhados pela mesa, o corpo quebrado, a imaginação e a voz quase secas e frias. Daqui desta terra, para ti noutra terra, te abraço e beijo com ternura e amizade, na memória do tempo que fomos juntos. Aqui estou!
.
Évora, 1972.09.21 (Do Victor Manuel para a Maria Papoila ou Maria Vai Com as Outras)
7. -Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974) ****
8. - Daqui a pouco vou sair - à chuva, ao vento, desafiando as intempéries e o furor das divindades - para meter esta presença de mim no marco do correio. (MCG - 1973.01.16)
9. - O Apartado 65 ([1]) pede‑me para dizer‑te que tem sentido muito a tua falta e que se sente muito sozinhito (como diria o João Machado); ele bem gostaria de dar‑me o contentamento das tuas notícias, e para isso bem se mantém alerta e vigilante, numa expectativa gorada sempre que se ouvem os passos do carteiro e o acender da luz. Mas é quase tudo ali p'ró lado, p'ró 63, que por sinal até é uma agência de casamentos muito falada nos pequenos anúncios do Diário de Notícias ! Coitadinho, eu bem lhe digo que se não preocupe por ter a mala vazia quando lá vou, mas que queres, fica sempre triste por não me contentar. Digo‑lhe que os negócios do 63 são outros, que ali o 65 é mais para outros negócios, de coração ou não, mas ele não se convence. Lá o deixo meditabundo, mas diz‑me lá. C., que mais lhe hei‑de eu dizer? Ás vezes torno lá à tarde, para fazê‑lo apanhar uma lufada de ar fresco, mas ele mostra‑me logo que não! Vês, C., vês o que fazes? Habituaste‑lo mal e agora ...
9. - O Apartado 65 ([1]) pede‑me para dizer‑te que tem sentido muito a tua falta e que se sente muito sozinhito (como diria o João Machado); ele bem gostaria de dar‑me o contentamento das tuas notícias, e para isso bem se mantém alerta e vigilante, numa expectativa gorada sempre que se ouvem os passos do carteiro e o acender da luz. Mas é quase tudo ali p'ró lado, p'ró 63, que por sinal até é uma agência de casamentos muito falada nos pequenos anúncios do Diário de Notícias ! Coitadinho, eu bem lhe digo que se não preocupe por ter a mala vazia quando lá vou, mas que queres, fica sempre triste por não me contentar. Digo‑lhe que os negócios do 63 são outros, que ali o 65 é mais para outros negócios, de coração ou não, mas ele não se convence. Lá o deixo meditabundo, mas diz‑me lá. C., que mais lhe hei‑de eu dizer? Ás vezes torno lá à tarde, para fazê‑lo apanhar uma lufada de ar fresco, mas ele mostra‑me logo que não! Vês, C., vês o que fazes? Habituaste‑lo mal e agora ...
Sim,
que o desconsolo dele acaba por ser contagioso. (MCG - 1973.04.12).
[1] - Sempre tive apartado em
Lisboa, enquanto estudante, e em Évora, até de lá sair. Dava-me liberdade de
mudar de quarto quando tivesse de acontecer ou de reexpedir a correspondência,
quando em férias. Em Lisboa o apartado ficava na Estação dos CTT da Praça do
Comércio, perto dos Paços do Concelho e era, salvo erro, o 2354.
10. - Vai uma pessoa de
manhã ao correio, para o monte das que esperam pela abertura dos portões. Vai
uma pessoa após o almoço, a cidade envolta num bafo quente Penosamente o corpo
abre caminho pelas ondas de calor. Sai do Arcada, curva à esquerda, segue em
frente até ao Largo do Sertório. Faltam só 20 passos, 19. 18 ... 10 . 9 . 8 . 7
. 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 . (Uffa, finalmente a sombra dos arcos do correio,
agora mais bonito porque deitaram abaixo o prédio nas traseiras do edifício da
Câmara Municipal - o prédio que agora se avista é lindo. Deviam, no terreno
vago, plantar erva e árvores frondosas. E colocar bancos. Mas tá quieto! Já
andam lá tractores a escavar. Deve ser para outro prédio.) Entretanto entro no
edifício. Viro à esquerda, dirijo‑me para o apartado e ... levanto‑me da mesa
onde estou e procuro no monte das cartas e ... ah! deve estar ali. EUREKA - cá
está! Não é! Olha, não encontro. Paciência. Mas que baldes de água ando
apanhando! Safa! Nem um postalinho! (MCG - 1973.06.17)
11. - São 12:30. [Em Paço de Arcos] ouço o portão chiar e assomo à janela ... e não vejo ninguém (Algum miúdo que entrou e saiu, penso eu). Mas eis que batem com a aldraba na porta. Abro a e lá está o carteiro no gesto habitual, mão estendida com as cartas (hoje, apenas carta!) Cumprimentamo nos e agradecemos mutuamente. Fecho a porta. Regresso à sala de estar, pego na tesoura para abrir o sobrescrito, que resguarda as notícias da Celeste. "Olá, mocinho! Tenho apenas 21 anos dizem me (a idade das, de algumas liberdades consentidas) ... " e continuo numa surpresa crescente, como a quem se revela numa faceta até aí ignorada. Todo eu sou uma crescente surpresa estupefacta! Apago o gira discos - que transmite canções do Nelson Eddy. Estou agradavelmente surpreendido e preciso de concentrar me para perceber isto tudo, estas linhas inabituais. Volto ao princípio. Releio com os olhos, com a inteligência, com sofreguidão, com todo o meu ser, para aperceber me duma Celeste desconhecida. Surpreso, não tanto pelo conteúdo, mas pela forma, pela linguagem invulgar (nela). É verdade que há alguns "senãos". (Não me apercebi ainda, p.exemplo, que ela soubesse que existe uma "certa técnica" aprendida, de beijar). Continuo a ler e, repentinamente, tudo se desmorona, numa enorme decepção. "Não Victor, tens razão, o palavreado não é meu ... "
Resta me pois saber como é a personagem dum conto de [Urbano] Tavares Rodrigues com quem te queres identificar. É uma curiosidade desenganada que fica em mim. (MCG - 1972.09.06)
12. - Estou na estação dos
CTT na Batalha {no Porto]; a escrivaninha treme que
se farta com o esforço que um "hominho" faz para fechar um envelope.
Uma mulherzinha procura quem lhe preencheu um telegrama para dar‑lhe qualquer
coisa. E ao contar‑me isto poisa‑me a mão no braço. Gosto da gente do Porto;
parece‑me mais humana que a de Lisboa e de Évora. (NSF - 1970.12.26)
13. - Comigo, aqui na mesa
encarnada do Arcada, após o jantar, a minha mãe e o Jorge, que trabalha como
ajudante de carpinteiro, vencendo uma jorna de 70 $ 00. Em Setúbal ganharia 120
$ 00, mas os pais prendem‑no aqui no burgo [Évora] (...) O Camilo [Monteiro] Carlos [Nunes da Ponte] não apareceram por aqui. O Jorge está aqui com uma conversa muito
adulta, apesar dos seus dezasseis anos. Ele agora está atrapalhado. Por causa
da minha mãe passou a tratar‑me por "Senhor Victor" e por "vocemecê"
[abandonando o "Victor" e o "tu"] (...)
Perguntei ao Jorge se queria escrever qualquer coisa [para ti, nesta carta],
mas ele não quer, pois diz que parece mal a letra dele ao pé da minha de
doutor. (MCG - 1973.12.06)
14. - Manuel Bandeira - CARTAS DE MEU AVÔ
A tarde cai, por demais
Erma, úmida e silente...
A chuva, em gotas glaciais,
Chora monotonamente.
E enquanto anoitece, vou
Lendo, sossegado e só,
As cartas que meu avô
Escrevia a minha avó.
Enternecido sorrio
Do fervor desses carinhos:
É que os conheci velhinhos,
Quando o fogo era já frio.
Cartas de antes do noivado...
Cartas de amor que começa,
Inquieto, maravilhado,
E sem saber o que peça.
Temendo a cada momento
Ofendê-la, desgostá-la,
Quer ler em seu pensamento
E balbucia, não fala...
A mão pálida tremia
Contando o seu grande bem.
Mas, como o dele, batia
Dela o coração também.
A paixão, medrosa dantes,
Cresceu, dominou-o todo.
E as confissões hesitantes
Mudaram logo de modo.
Depois o espinho do ciúme...
A dor... a visão da morte...
Mas, calmado o vento, o lume
Brilhou, mais puro e mais forte.
E eu bendigo, envergonhado,
Esse amor, avô do meu...
Do meu, — fruto sem cuidado
Que ainda verde apodreceu.
O meu semblante está enxuto.
Mas a alma, em gotas mansas,
Chora abismada no luto
Das minhas desesperanças...
E a noite vem, por demais
Erma, úmida e silente...
A chuva em pingos glaciais,
Cai melancolicamente.
E enquanto anoitece, vou
Lendo, sossegado e só,
As cartas que meu avô
Escrevia a minha avó.
Erma, úmida e silente...
A chuva, em gotas glaciais,
Chora monotonamente.
E enquanto anoitece, vou
Lendo, sossegado e só,
As cartas que meu avô
Escrevia a minha avó.
Enternecido sorrio
Do fervor desses carinhos:
É que os conheci velhinhos,
Quando o fogo era já frio.
Cartas de antes do noivado...
Cartas de amor que começa,
Inquieto, maravilhado,
E sem saber o que peça.
Temendo a cada momento
Ofendê-la, desgostá-la,
Quer ler em seu pensamento
E balbucia, não fala...
A mão pálida tremia
Contando o seu grande bem.
Mas, como o dele, batia
Dela o coração também.
A paixão, medrosa dantes,
Cresceu, dominou-o todo.
E as confissões hesitantes
Mudaram logo de modo.
Depois o espinho do ciúme...
A dor... a visão da morte...
Mas, calmado o vento, o lume
Brilhou, mais puro e mais forte.
E eu bendigo, envergonhado,
Esse amor, avô do meu...
Do meu, — fruto sem cuidado
Que ainda verde apodreceu.
O meu semblante está enxuto.
Mas a alma, em gotas mansas,
Chora abismada no luto
Das minhas desesperanças...
E a noite vem, por demais
Erma, úmida e silente...
A chuva em pingos glaciais,
Cai melancolicamente.
E enquanto anoitece, vou
Lendo, sossegado e só,
As cartas que meu avô
Escrevia a minha avó.
© MANUEL BANDEIRA
In A cinza das horas, 191
In A cinza das horas, 191
Carnaval em Luanda - postal editado pelo CITA (Centro de Informação e Turismo de Angola) - c. 1965
Rio Grande - Postal dos Correios
Querida mãe, querido pai. Então que tal?
Nós andamos do jeito que Deus quer
Entre dias que passam menos mal
Em vem um que nos dá mais que fazer
Mas falemos de coisas bem melhores
A Laurinda faz vestidos por medida
O rapaz estuda nos computadores
Dizem que é um emprego com saída
Cá chegou direitinha a encomenda
Pelo "expresso" que parou na Piedade
Pão de trigo e linguiça pra merenda
Sempre dá para enganar a saudade
Espero que não demorem a mandar
Novidade na volta do correio
A ribeira corre bem ou vai secar?
Como estão as oliveiras de "candeio"?
Já não tenho mais assunto pra escrever
Cumprimentos ao nosso pessoal
Um abraço deste que tanto vos quer
Sou capaz de ir aí pelo Natal
Tony de Matos - Cartas de amor
Como jurei,
Com verdade o amor que senti
Quantas noites em claro passei
A escrever para ti
Cartas banais
Que eram toda a razão do meu ser
Cartas grandes, extensas, iguais
Ao meu grande sofrer
Cartas de amor
Quem as não tem
Cartas de amor
Pedaços de dor
Sentidas de alguém
Cartas de amor, andorinhas
Que num vai e vem, levam bem
Saudades minhas
Cartas de amor, quem as não tem
Porém de ti
Nem sequer uma carta de amor
Uma carta vulgar recebi
Pra acalmar minha dor
Mas mesmo assim
Eu para ti não deixei de escrever
Pois bem sabes que tu para mim
És todo o meu viver
Cartas de amor
Quem as não tem
Cartas de amor
Pedaços de dor
Sentidas de alguém
Cartas de amor, andorinhas
Que num vai e vem, levam bem
Saudades minhas
Cartas de amor, quem as não tem.
Com verdade o amor que senti
Quantas noites em claro passei
A escrever para ti
Cartas banais
Que eram toda a razão do meu ser
Cartas grandes, extensas, iguais
Ao meu grande sofrer
Cartas de amor
Quem as não tem
Cartas de amor
Pedaços de dor
Sentidas de alguém
Cartas de amor, andorinhas
Que num vai e vem, levam bem
Saudades minhas
Cartas de amor, quem as não tem
Porém de ti
Nem sequer uma carta de amor
Uma carta vulgar recebi
Pra acalmar minha dor
Mas mesmo assim
Eu para ti não deixei de escrever
Pois bem sabes que tu para mim
És todo o meu viver
Cartas de amor
Quem as não tem
Cartas de amor
Pedaços de dor
Sentidas de alguém
Cartas de amor, andorinhas
Que num vai e vem, levam bem
Saudades minhas
Cartas de amor, quem as não tem.
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)