quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Sol de Inverno


* Victor Nogueira


Olho pela janela e tudo parece de calmaria: o silêncio, o céu azul, as raras nuvens brancas, o verde brilhante dos campos, mais escuras as árvores, altaneiras ou não, na linha do horizonte. 

E o sol, ah, tenho de falar do sol, que tudo enche de coralegria e de claridade. 


Mas .. a calmaria é aparente, pois – lá fora, no quintal - as roseiras e a árvore da borracha oscilam doidamente em constante vaivém, impulsionadas e agitadas pela brisa. Raros pássaros, não em bandos alvoreados, passam rapidamente para lá da janela.



Não é só a Lua que no Hemisfério Norte é mentirosa, mas também este outonal sol de inverno, que não aquece mas gela e arrefece. Para quem tiver lareira ou braseira, fica o agasalho do borralho e a dança crepitante das chamas. 


Agasalhem-se, pois, mas vou arrostar o frio à beira-mar ou à beiro rio, em Vila do Conde, que não é vila mas, na verdade, e à janela, uma singela cidade. Quem me acompanha ?

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)