sábado, 23 de setembro de 2017

who's who - Faia Maria


* Victor Nogueira

Está pois a musa oculta nas Cartas a Penélope e por detrás de muitas fotos ou à margem delas, Na série Entre Eros e Afrodite, envolta em mil véus e posta e Em sossego esta pois aquela que em Ítaca e por Ulisses não tece a teia. 

Está pois a musa  na clandestinidade e adormecida  com  o seu sorriso por detrás dos óculos escuros, finas rugas ao canto dos olhos, passo apressado, cabelos quase da cor do trigo em flor esvoaçando com  o sopro da leve aragem que varre as ruas da cidade, a ternura dentro dela, triangulando entre Cascais, Lisboa e Setúbal, mas sempre longe de Ítaca e alheia a Helena de Tróia. 

Que nome lhe hei-de eu dar, que secreto nome cuja chave seja apenas conhecida de mim e dela ? Na sua ausência e pensando nela, todo eu tenho a fragilidade do canavial agitado pela mais leve brisa, sem a solidez do roble centenário.

“Que nome lhe hei-de eu pôr”, interrogação que me persegue desde há muito tempo. “Menina do coletinho de lã”? Hum, não. Que nome lhe hei-de eu pôr ?  E de repente dei comigo a trautear uma canção do Zeca Afonso e “Faia Maria” ficou. Esperemos que não seja uma  “Maria-vai-com-as.outras”, desencaminhada por seus ditos e mexericos. Mas de reserva, tendo em conta a sua emotividade mal contida, que transborda em chispas quando a contrariam ou lhe salta a tampa, “Espalha-Brasas” também fica.


Está esta apresentação desenxabida, desmerecedora da caminhante que ela é, algumas vezes a meu lado, outras defronte a mim na mesa do café ou do restaurante, que alguns belos textos me tem inspirado. Mas sendo esta uma prima obra desvendada qb como na farmacopeia, não saíu uma obra prima. Quanto ao futuro, diz a sabedoria popular, que esse a Deus Pertence. Ou às  Deusas !


João Bimbelo, aka João Baptista Cansado da Guerra, em Setúbal, a 23 de setembro de 2017

quarta-feira, 31 de agosto de 2016


Cheguei e tenho no meu pensar o encanto



Cheguei e tenho no meu pensar o encanto e sedução da beleza da tua voz e sorriso. Anoiteceu e o frio desceu á terra. Em mim e ao meu olhar em ti nascem as minhas palavras, sonoridades que estiolam no silêncio em que nos envolves e encerras. Como as ondas rendilhadas que - alterosas ou não - se perdem e morrem no areal à beira-mar.
Mindelo 2016.08.31
Foto Victor Nogueira - setúbal - barcos em fim de vida num desactivado estaleiro naval



fotos victor nogueira


Maria Faia - Zeca Afonso

Sem comentários:

Enviar um comentário

Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)