sábado, 27 de outubro de 2018

RAÍZES

5 de Janeiro de 2016



RAÍZES


............."Maianga Maianga
.............Bairro antigo e popular
.............Da velha Luanda
.............Com palmeiras ao luar ..."

.............''A Praia do Bispo
.............Cheiinha de graça
.............De manha á noite
.............Sorri a quem passa ..."


............(das Marchas Populares em Luanda)


Longo era o bairro ao longo da marginal
Longo era o bairro do morro de S. Miguel ao morro da Samba
Grande era o bairro e grandes as casas
No meio o bairro operário e a igreja de S.Joaquim,
estreitas as ruas, pequenas as casas.

Nas traseiras, o morro,
no alto o Palácio,
Na frente a larga avenida,
o paredão, as palmeiras e os coqueiros
a praia que já não era do Bispo
mas das pedras, dos limos e dos detritos.

Mais além a ilha que era península
com a sanzala dos pescadores
casas de colmo no areal
da extensa e boa praia
o mar sem fim.

Em Luanda nasci
Em Luanda vivi
Em Luanda estudei

Não Angola mas Portugal
Todos os rios e afluentes
Todas as linhas férreas e apeadeiros
Todas as cidades e vilas
Todos os reis e algumas batalhas
as plantas e animais
que não eram do meu país.

De Angola
pouco sabíamos
até ao 4 de Fevereiro, até ao 15 de Março
Veio a guerra e
....................a mentira
que alimenta
..................a Guerra,
Veio a guerra e a violência
veio a guerra e a liberdade.

Em Évora a 11 de Novembro
Em Luanda a bandeira do meu país
no mastro subiu.
Era o tempo da liberdade e da esperança.

No Porto
Em Lisboa
Em Évora estudei
Em Évora casei
Em Évora vivi e nasceram o Rui e a Susana.

Em Setúbal moro e no Barreiro trabalho

Perdidos os amigos,
perdida a infância
Estrangeiro ......sem raízes ......sou em Portugal.


1989



Cremilde Barreiros Excelente Mapa !

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Clara Roque Esteves Memórias de antanho. Recordar é viver. Parabéns, de novo.

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Elsa Santos linda fotografia. obrigada pela partilha

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Teresa Mercês de Mello Gostei muito, da fotografia e do texto. Beijinhos.

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Conceicao Oliveira · Amigos de Carmen Azevedo
Historia de vida emocionante! Mas sabe sou filha de emigrantrs e tambem aqui em Portugal se aprendia tudo de angola, mocambique ,tds os rios , etc...
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Victor Barroso Nogueira Maria Conceição Gomes Não há comparação. Em Portugal não se estudava a história de cada uma das colónias nem os camponeses brancos eram considerados selvagens a serem "civilizados" pelos Cristãos. Lá e na escola cantávamos as "cantiguinhas" das escolas portuguesas. A botânica e a zoologia falavam dos animais e plantas de Portugal, não daqueles de Angola ou Moçambique. Até o próprio ano lectivo era igual ao de Portugal, com aulas no pino do calor férias grandes na estação fria.

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Conceicao Oliveira · Amigos de Carmen Azevedo
Desculpe mas entendi mal ,eu sei muito bem o que passaram,pois digo que as amizades da minha adolescencia eram de angola
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Victor Barroso Nogueira Maria Conceicao Gomes Ah mas eu não me considero português mas sim angolano. E quem de facto sofreu durante séculos foram os meus patrícios de cor não "branca"

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Conceicao Oliveira · Amigos de Carmen Azevedo
Concordo

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São Banza · Amigos de Elisa Fardilha e 7 outras pessoas
Nunca estive em África Continental

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Carlos Peralta Bonita foto.

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Vânia Cairo Profundo e belo poema! Adorei-o , amigo!

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Elsa Santos A sua beleza como azul dos céus 'é das obras belas criadas por Deus.

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Elsa Santos Lindo. Posso levar? Já o fiz kikikkkkk

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Carlos Borges Pereira · Amigos de Maria José Fonseca
Demasiado profundo e angustiantemente verdadeiro. Sou Angolano e sinto o mesmo.

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Dario Barroso Silva no comento cheia á saudade
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Victor Barroso Nogueira Dario Barroso Silva ? Cheira a saudade. Não, não é um texto com cheiro a saudosismo, não é um texto que branqueie ou mitifique o passado.
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Adriano Sebastiao · Amigos de Coimbra Cortez
Gostei Muinto. Do Lindo Poema Cota. Quero Ser Comto.

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Jorge Santos Fontoura · Amigos de Maria Célia Correia Coelho
Revejo me neste poema 
Perdida a inocência e os amigos na guerras de Angola e na Maianga
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)