foto victor nogueira - em Lisboa, a caminho da A5, para Paço de Arcos 2017.02.28, no banco do pendura
Há muitos anos, ao princípio da noite e depois duma cansativa reunião em Lisboa que durara todo o dia, ia perguntando a mim mesmo enquanto conduzia, se ia directo a Setúbal ou se iria a Paço de Arcos para jantar com a minha mãe: "vou", "não vou", admirado com o facto de não haver engarrafamentos aquela hora nem para-arranca.
Resolvo ir a Paço de Arcos e ao desfazer uma curva para entrar na A5 deparo-me com uma fila de automóveis. Guino para a esquerda mas a velocidade e o escasso espaço de manobra não evitam a colisão da dianteira direita do Fiesta com a traseira esquerda do último carro da fila que vai embater no da frente, com chaparia a saltar.
Saímos dos respectivos carros e o condutor dum deles diz-me qualquer coisa como "ai o meu carro novo que comprei na semana passada", respondo-lhe que ele ainda tinha sorte, que a minha seguradora lhe pagaria o conserto mas não do meu. Preenchemos as declarações amigáveis, um outro automobilista ajudou-me a desencravar parcialmente o meu guarda-lamas dianteiro direito e lá vou jantar a Paço de Arcos seguindo depois para Setúbal.
No dia seguinte logo de manhã rumo para a oficina, devagarinho para evitar mais acidentes, com pouco angulo de manobra na direcção para a esquerda. Eis senão quando, quase a chegar ao destino surge inesperadamente um automóvel largado à minha direita. Guino para a esquerda, manobra limitada pelo guarda-lamas amolgado na véspera. Se o outro virasse à direita ter-se-ia evitado o embate, Mas não. A jovem condutora larga as mãos do volantes e leva-las à cabeça e vai embater no malfadado guarda-lamas da véspera..
Ela sai do carro exclamando “Fui eu que fiz isto tudo?” Respondo-lhe que a maior parte do estrago fora da véspera, que está com sorte, pois vinha da direita e eu tinha um sinal de ceder prioridade, pois se não fosse assim pagar-me-ia o conserto como se tivesse sido apenas ela a embater.
Preenchemos a declaração amigável, o Rui comenta que levo tudo numa brincadeira e respondo-lhe que de nada adiantava chatear-me. Mas durante algum tempo tive de forçar-me a continuar a conduzir pois via-me sempre a embater no carro da frente com chaparia a saltar.
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)