* Victor Nogueira
Hoje sonhei contigo e de repente ... acordei! Raro me lembro dos sonhos. umas vezes angustiantes, outras serenos. O dia amanheceu cinzentonho, mas agora o sol afastou as nuvens, o tempo ficou luminoso, de céu azul e nuvens brancas. Tudo é silencio. Que sonho foi esse, menina dos olhos de água?
Que sonho foi esse, de que registo os momentos finais, quando do sonho despertei, não angustiado mas com uma pergunta sem resposta!? Antes que se perca na brancura dos escaninhos recônditos da memória, neste suporte branco que vai deixando de sê-lo pela marca dos caracteres que se seguem uns aos outros fica ele plasmado, com fraco cinzel, sem arte e sem engenhosidade.
Seguia pois de automóvel, numa estrada estreita ladeada de árvores, de cada lado uma floresta cerrada, contigo falando, ao teu encontro me dirigindo, uma casa no meu pensamento como destino. Chego e a casa tua está numa clareira. Abres-me a porta, mas aos meus olhos permaneces sempre invisível, como etérea personagem. Abre-se pois a porta para uma assoalhada, defronte dela a porta para as traseiras. A porta de entrada dá pois e apenas para uma assoalhada e à direita da que lhe fica defronte estão uma máquina de costura Singer, como a da minha avó, esta que está nesta casa do Mindelo, e uma cama de ferro. Haveria talvez outros objectos e pormenores, mas desses não ficou rasto. Para lá da porta das traseiras uma suave e verdejante encosta, com alguma ovelhas lanudas pastando e algumas arvores de copa verde como as dos pinheiros mansos, mas que árvores são, desconheço.
Conversamos, não me recordo sobre quê, e ao quase crepúsculo, na hora de deixar-te para regressar não sei bem aonde, hesito, volto-me sobre mim e a ti, que tens estado fisicamente presente embora invisível aos meus olhos, pergunto: "Posso ficar contigo?" e acordo de súbito, sem ouvir a tua resposta.
foto victor nogueira - num treval
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)