quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

quatro poetas e quatro poemas de antónio reis


* Victor Nogueira

Desde os meus tempos de exílio em évoraburgomedieval houve cinco poetas que por razões diversas foram a minha companhia: alberto caeiro, álvaro de campos, manuel alegre, eugénio de andrade e antónio reis. Caeiro o panteísta sereno e bucólico, Campos, o do frenesim citadino, Alegre, o do combate e da resistência e luta, Andrade, da escrita límpida, cintilante, e do amor que se não alcançou ou perdeu, e Reis, o citadino da vida quotidiana, numa  escrita ascética e depurada. Aqui ficam  ...

quatro poemas de antónio reis

Chamaste António
e eu não senti
não tem som
o nome
se outra voz ouvi
Que tenho
Estou longe
e estou perto de ti.

~~~~~~~~

Ah
um
som
qualquer
na toalha branca
no vinho na água
na colher.

~~~~~~~~~~

163.

Sei
ao chegar a casa
qual de nós
voltou primeiro do emprego

Tu
se o ar é fresco

eu
se deixo de respirar
subitamente

~~~~~~~~

27
Conheço
entre todas
a jarra que enfeitaste

têm o jeito
com que compões o cabelo
as flores
que tocaste

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)