Escrever é um trabalho penoso
Snoopy, personagem dos "Peanuts", criação de Charles Schulz, é o beagle de estimação de Charlie Brown. Apesar de ser um cachorro, datilografa histórias, e até joga no time de beisebol. Entre as identidades que assume em suas obras estão Joe Cool e um aviador combatendo o Barão Vermelho. Woodstock: Um pássaro que é o melhor amigo de Snoopy. (Wikipedia)
Estrumpfes (Schroumpfs), personagens criados por Peyo (PierreCulliford).
Reflexões sobre um amor perdido
Bolas!
Livro 1 / Parte I / Capítulo I / Página 1
Que maravilhoso começo!
"Isto é uma loucura", gritou ela
"Mas eu amo-te", disse ele.
Era uma noite de breu e tempestuosa
O meu novo romance começa mal.
Ai, sim?!
Que simpático ...
Woodstock fez-me uma coberta com todas as palavras rejeitadas dos meus escritos!
E assim terminou a sua vida.
Assim o fiz.
Consumi dois anos a escrever esta biografía.
E ainda bem que a terminei, pois esqueci-me do que estava escrevendo.
Edite recusou casar com ele por ser muito gordo.
"Porque não fazes uma dieta?", sugeriu-lhe um amigo. "Tens de escolher entre a Edite e um bolo se não podes ter ambos."
Huummm!
É exaltante quando se escreve algo que sabemos ser um achado!
Minha querida.
Perguntaste-me se te amo.
Mas só posso dizer uma coisa.
Yeah.
ESCRITicAS
AS PALAVRAS
.
Rede
com dois gumes
letras
do nosso pensamento
são
os
olhos que nós temos
e os
seus lábios os nossos lábios (1)
.
Está um domingo chuvoso, frio, cinzento! Mas as palavras não
chegam a formar-se na consciência, enovelam-se, enevoam-se, liquefazem-se e a
máquina [de escrever] imprime apenas nada que talvez seja muito. Ou tudo. (MLF
-Évora 1969.02.23)
.
Tinha uma carta já escrita, fluente na minha mente.
Chegou a hora de escrevê-la e ela ruiu, as palavras escorregaram por entre os
dedos, em todas as direcções, e no papel nada fica senão uma pasta informe
(...) (NSM - 1969. Évora - Páscoa)
Daqui desta terra - Aqui estou no meu quarto, buscando para ti as palavras que
não encontro, corpo sem imaginação mas irritado e desassossegado pela
constipação que me percorre as veias e me enche dum nervoso miudinho. Busco
para ti as palavras dos outros, nos livros dos outros, os ponteiros aproximando
se das nove e trinta, hora da vinda do homem que levará de mim as letras que
cadenciadamente vão surgindo no papel branco que já não é só! Busco as palavras
e apenas encontro estas, hoje vazio de ti pela tua ausência, ontem pleno pela
nossa presença. São vinte e uma e vinte, hora de parar, os livros espalhados
pela mesa, o corpo quebrado, a imaginação e a voz quase secas e frias. Daqui
desta terra, para ti noutra terra, te abraço e beijo com ternura e amizade, na
memória do tempo que fomos juntos. Aqui estou! (MCG - Évora - 1972.09.21.
O discurso lógico trai a manifestação dos sentimentos; "as palavras são (redes) de dois gumes..." e o discurso lógico uma corrente que nos arrasta para onde não queremos. Um olhar, a mão que se levanta para acariciar um rosto, os dedos entrelaçados, o corpo que sentimos junto ao nosso, a simples presença, o saber-se aqui nesta sala ou na outra, não entendes que tudo isto, na sua simplicidade, diz mais e responde e/ou acalma mais interrogações que todas as palavras? É preciso saber ler para além das palavras ou não recusar essa leitura. Lembro me dum poema do Alberto Caeiro, cuja humildade e simplicidade me atraem, humildade e simplicidade perante as pessoas e as coisas que talvez nunca sejam minhas. Levanto me e vou ali á estante buscá lo. Escolho o poema que transcrever. Hesito na escolha. Será este! (2) (MCG - Évora- 1972.07.14)
A "Natureza Morta" (3) não me parece nem pessimista nem optimista; são apenas os olhos com que vejo Évora. (...) Os meus escritos permitem várias leituras, possibilitadas pela ambiguidade decorrente da disposição das palavras e frases, pela colocação da pontuação ou sua ausência. (MCG - Évora 1972.10.20)
O discurso lógico trai a manifestação dos sentimentos; "as palavras são (redes) de dois gumes..." e o discurso lógico uma corrente que nos arrasta para onde não queremos. Um olhar, a mão que se levanta para acariciar um rosto, os dedos entrelaçados, o corpo que sentimos junto ao nosso, a simples presença, o saber-se aqui nesta sala ou na outra, não entendes que tudo isto, na sua simplicidade, diz mais e responde e/ou acalma mais interrogações que todas as palavras? É preciso saber ler para além das palavras ou não recusar essa leitura. Lembro me dum poema do Alberto Caeiro, cuja humildade e simplicidade me atraem, humildade e simplicidade perante as pessoas e as coisas que talvez nunca sejam minhas. Levanto me e vou ali á estante buscá lo. Escolho o poema que transcrever. Hesito na escolha. Será este! (2) (MCG - Évora- 1972.07.14)
A "Natureza Morta" (3) não me parece nem pessimista nem optimista; são apenas os olhos com que vejo Évora. (...) Os meus escritos permitem várias leituras, possibilitadas pela ambiguidade decorrente da disposição das palavras e frases, pela colocação da pontuação ou sua ausência. (MCG - Évora 1972.10.20)
No que digo ou escrevo não há senão a constatação despojada
do que me parece ser a realidade. (MMA - Paço de Arcos, 1986.08.31
Não era assim que esta carta estava escrita no meu
pensamento. Aliás, no meu pensamento esta carta já teve várias formas. Mais
fluidas. Variando conforme o estado de alma e o correr do tempo. Mas quando
chegou a altura de fixar a fluidez do pensar, o que fica é esta pálida,
imperfeita e distorcida imagem, feita de signos que se alinham em carreirinha
uns a seguir aos outros. (FPG - 97.06.18).
.
O computador é um instrumento precioso e fácil de utilizar
para a a criação literária. É fácil emendar, erradicar completamente as
palavras e as frases, sem que fiquem notas manuscritas à margem, palavras
riscadas, borrões de tinta, deste modo impedindo o testemunho do nascimento e
crescimento da obra até à versão final. E mesmo que se guardem várias versões
do trabalho, o resultado não é o mesmo da leitura dum manuscrito ou texto
dactilografado, cheio de notas e palavras riscadas e/ou encavalitadas. O estudo
do processo criativo do operário das letras torna-se assim difícil, quando não
completamente impossível. (Setúbal 2007.08.16)
(1) Poema escrito em Évora - 1971.Novembro
(2) .XLV - Um renque de árvores lá longe, lá para a encosta(3) Poema escrito em 1972.10.17, em Évora, sobre esta cidade
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)