quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

O frio gélido que me trespassa como agulhas e se entranha até aos ossos

 * Victor Nogueira

O frio gélido que me trespassa como agulhas e se entranha até aos ossos persiste e o tempo  alterna entre aguaceiros e neblina ou céu límpido e azul. Olho para lá da vidraça e a paisagem que vislumbro parece fantasmagórica e fluida, inconsistente.

As núvens, umas brancas outras de cinza, deslocam-se lentamente de norte para sul. Para lá do Parque Verde, lá em baixo e ao fundo,  a avenida quase deserta de trânsito são duas linhas cintilantes, dividadida pelo separador central. No  jardim a relva continua verde mas são cada vez mais as áevores de ramos despidos, esquálidos, embora algumas ainda estejam cobertas de folhedo castanho, que ao cair com o correr dos dias e das noites vão atapetando o solo. Aqui e além passa um mais ou menos apressado transeunte. qual personagem da ilha de Lilliput.  Não deve haver tempestade no mar pois as gaivotas não fazem voos planados no espaço defronte, embora recolhidos estejam também os pombos.

Como fundo musical, o Grupo Coral dos Mineiros de Aljustrel quebra o silêncio desta minha monástica solidão, no cimo ds torre no alto duma encosta.


Grupo Coral do Sindicato Mineiro de Aljustrel

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)