quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Textos em agosto 05

 * Victor Nogueira

De mil cadeias te vestes
em sarilho de costumes
e na areia não te despes.
Envolta em mil queixumes
que doutros fazes os teus
permanent'escravidão.
São teus filhos corifeus,
que liberdade não dão.
Sem revolta, com presteza,
a eles dizes que sim;
sábios, em sua sageza,
te calam o clarim.
A vida breve escorrendo,
com o fadário em ti,
e aos poucos vou morrendo,
esperando em vão aqui.
São aos milhões as cem tretas
que tecem com suas teias,
sem ar, sem vento, sem letras,
com bem trémulas candeias
2014.08.05 Paço de Arcos


2015 08 05 maria emília e manuel - Porto e Palácio de Cristal (1943) - no tempo em que o futuro era esperançoso e primaveril - suponho que os meus pais se fotografaram um ao outro e que nas mãos do manuel está o livro dos finalistas de engenharia. A minha mãe só terminou o curso dela no ano seguinte, só depois embarcando para Luanda, onde o meu pai já se encontrava, onde se foi juntar aos meus avós e tios paternos, pois o meu avô era químico-analista nos laboratórios da Fazenda (açucareira) Tentativa (Caxito), nos arredores de Luanda.


2018 08 05 Foto victor nogueira - Há muito que as andorinhas desapareceram de Setúbal e aqui na Lanchoa as gaivotas, em voos rápidos, planados ou batendo as asas, vão expulsando os pombos, que por vezes pousavam nos parapeitos das minhas varandas, imóveis ou andando com a cabeça a dar-a-dar. Este é um deles, mas não o pombo correio que uma vez e durante a noite, cansado, se abrigou na minha cozinha. partindo mal alvoreceu.


2018 08 05 Não é propriamente o Vale da Morte ou a Bigorna do Inferno. Não é nada que quem tenha vivido nos trópicos não conheça, semanas ou meses seguidos.
Mas o corpo ´é um suadouro como se mil aguaceiros com "sapore di sale" de nós brotassem, as gotas escorrendo como se moscas varejeiras fossem. E nas torneirads a água jorra não fresca mas como se caldo salobro fosse.


Sapore di sale * - Gino Paoli


Sapore di sale, sapore di mare
Che hai sulla pelle, che hai sulle labbra
Quando esci dall'acqua, e ti vieni a sdraiare
Vicino a me, vicino a me
Sapore di sale, sapore di mare
Un gusto un po'amaro di cose perdute
Di cose lasciate lontano da noi
Dove il mondo è diverso, diverso da qui
Qui il tempo è dei giorni che passano pigri
E lasciano in bocca il gusto del sale
Ti butti nell'acqua e mi lasci a guardarti
E rimango da solo nella sabbia e nel sole
Poi torni vicino e ti lasci cadere
Così nella sabbia e nelle mie braccia
E mentre ti bacio sapore di sale
Sapore di mare, sapore di te
Qui il tempo è dei giorni che passano pigri
E lasciano in bocca il gusto del sale
Ti butti nell'acqua e mi lasci a guardarti
E rimango da solo nella sabbia e nel sole
Poi torni vicino e ti lasci cadere
Così nella sabbia e nelle mie braccia
E mentre ti bacio sapore di sale
Sapore di mare, sapore di te

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)