* Victor Nogueira
"Normalizar partidos radicais? Sim! Aprendi com Mário
Soares", afirma JMT ou - AS MISTIFICAÇÕES DE JOÃO MIGUEL TAVARES - MÁRIO
SOARES, O REVISIONISMO HISTÓRICO, O FASCISMO, O ANTICOMUNISMO MILITANTE E O
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Em 1926, ano do golpe militar fascista, em Portugal, para além das organizações anarquistas, havia dois partidos anticapitalistas, todos de base operária, que defendiam o "socialismo": o Partido Socialista Português, fundado em 1875 (mil oitocentos e setenta e cinco) e o Partido Comunista Português, fundado em 1921, na sequência da dissolução da II Internacional, verificada em 1916.
O golpe fascista de 1926 teve como finalidade a instauração duma ditadura que perdurou até 1974, que suprimiu liberdades, direitos e garantias, incluindo a proibição de partidos políticos, salvo a "União Nacional" de "Deus, Pátria, Família," Tudo pela Nação / Nada contra a Nação".
Em consequência disso, o Partido Comunista Português passou á clandestinidade, sendo objecto duma violenta repressão durante décadas, enquanto o Partido Socialista Português autodissolveu-se em 1933 (mil novecentos e trinta e três). O que foi fundado por Mário Soares em 1973, sem base nem tradição operárias, nada tem a ver com o seu antecessor.
Deste modo, durante o fascismo em Portugal houve apenas dois partidos: a "União Nacional" / "Acção Nacional Popular", de Salazar e Caetano, e "O Partido", proibido, forçado á luta na clandestinidade, perseguido e violentamente reprimido, mas que todo o mundo sabia qual era.
Até 1974 sabia lá a generalidade do povo português quem era Mário Soares e muito menos sabia lá da existência do chamado Partido Socialista, fundado em 1973 (mil novecentos e setenta e três) na Alemanha Federal com os dinheiros da social-democracia europeia!
Em 1933, conjuntamente com a Constituição fascista, foi promulgado o Estatuto do Trabalho Nacional que, para além de proibir o direito á greve (artº 9º), estipulava que “A direcção das empresas, com todas as suas responsabilidades, pertence de direito aos donos do capital social ou aos seus representantes. Só por livre concessão deles o trabalhador pode participar na sua gerência, fiscalização ou lucros das empresas” (artº 15º) e que “O direito de conservação ou amortização do capital das empresas e o do seu justo rendimento são condicionados pela natureza das cousas, não podendo prevalecer contra ele os interesses ou os direito do trabalho” (artº 16º). Resumindo: "Tudo pelo Kapital, Nada contra o Kapital":
E porque no 25 de Abril de 1974 houve uma ruptura com o fascismo e a guerra colonial (colonialismo aparentemente defendido por JMT) a ala spínolista no MFA foi derrotada nos sucessivos golpes contra-revolucionários e nas eleições para a Assembleia Constituinte e subsequentes para a Assembleia da República, os partidos e movimentos fascistas, incluindo o MDLP/ELP, liderado por Spínola, ficariam impedidos de concorrer.
Em 1974 e 1975, na sequência do 25 de Abril, cresceu e
radicalizaram-se os movimentos das populações e dos trabalhadores,
designadamente na Cintura Industrial de Lisboa e em Setúbal, onde se
localizavam as unidades industriais com centenas ou milhares de operários, e no
Alentejo e parte do Ribatejo, onde se concentrava o proletariado rural, que
dera início á Reforma Agrária com a ocupação dos latifúndios. Por outro lado, na sequência do malogro do golpe contra-revolucionário de 11 de Março de 1975, o Conselho da Revolução havia procedido á nacionalização da banca e de outros sectores estratégicos da economia.
Face a esta realidade, Mário Soares, assumindo encobertamente a liderança da contra- revolução, tudo fez para tentar impedir a promulgação da Constituição em 1976, incluindo o apelo á intervenção militar estrangeira para "esmagar" o que Soares dizia ser "a comuna de Lisboa" (e de Setúbal). Esse seu propósito malogrou-se, pois não teve o apoio do General Costa Gomes, Presidente da República designado pelo MFA como sucessor do General Spínola, que se havia demitido na sequência do golpe contra-revolucionário de 28 de Setembro de 1974.
A contra-revolução, no entanto, ganhara uma força determinante, a partir do 25 de Novembro de 1975, embora a componente fascista nas Forças Armadas tivesse sido travada pela ala social-democrata do MFA, que a impediu de levar por diante o seu propósito de liquidação física dos comunistas, dos sindicalistas e seus aliados, a que nem socialistas e sociais-democratas teriam conseguido escapar.
Até que em 1987 Mário Soares, na qualidade de Presidente da República, deu início á normalização do fascismo (travestido de “ditadura”, tout court) ao homenagear, reabilitar e condecorar o General Spínola, apresentando como fundamento os «feitos de heroísmo militar e cívico e por ter sido símbolo da Revolução de Abril e o primeiro Presidente da República após a ditadura», ...
... heroísmo militar e cívico, exuberantemente demonstrados
na guerra colonial e como líder contra-revolucionário.
Logo após as eleições de 1975 Mário Soares meteu o socialismo na gaveta, tão bem aferrolhado que o Partido Socialista se perdeu.
Com efeito, na sua entrevista a Maria João Avilez, recolhida
em três alentados volumes (1996/1997), Mário Soares confessa que defendera o
"socialismo" apenas porque se o não tivesse feito não teria tido
votos. (Victor Nogueira)
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«(...) Não preciso de gostar de André Ventura para defender os seus direitos políticos. Basta que o Chega cumpra dois requisitos básicos: abster-se do recurso à violência e respeitar o processo democrático.
(...) Aquilo que defendo que seja feito ao Chega nos dias de hoje é aquilo que Mário Soares defendeu que fosse feito ao PCP na segunda metade da década de 70. E resultou. Sei que as pessoas à esquerda ficam muito chocados quando as pessoas à direita comparam o Chega com o PCP ou com o Bloco, porque acreditam que não há amor platónico a Cuba, à Venezuela ou à Coreia do Norte que possa ser equiparado às tiradas xenófobas a propósito dos ciganos. Dou isso de barato. Mas reparem: nos anos 70 o amor não era só platónico.
(...) E, no entanto, o que é que fizeram Mário Soares, o PS e os moderados do MFA após o 25 de Novembro? Isto: esforçaram-se ao máximo para manter o PCP dentro do regime, quando toda a direita militar exigia a sua ilegalização. Melo Antunes, logo no dia 26, afirmou que não havia forma de construir a democracia sem o PCP – e tinha toda a razão. Os comunistas haviam somado 700 mil votos nas eleições para a Constituinte. É claro que não se podiam deixar 700 mil pessoas à porta da democracia em 1975. E também não se podem deixar 385 mil [eleitores do Chega] à porta da democracia em 2022.
Normalizar o Chega – no sentido de reconhecer ao partido os mesmos direitos políticos dos outros – não significa deixar de combater as suas péssimas ideias, ou a forma como explora os piores sentimentos das pessoas. (...) »
E blá blá blá., com o apoio da generalidade da comunicação social, com a sua "liberdadeparainformar" "pensebempensepublico" DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA E TRABALHO (sem direitos, liberdades e garantias)."
2022 02 10
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)