* Victor Nogueira
2022 04 26 - Na sequência do 25 de Abril Spínola nomeou um novo Director Geral para a PIDE / DGS, enquanto manobrava para impedir a libertação dos presos políticos. Na cadeia do Porto agentes da PIDE entretanto recebiam dinheiro para libertar presos políticos. Em Caxias, cercada pelos populares, eram os agentes da PIDE que decidiam quem poderia ser ou não libertado, até que o Posto de Comando as Forças Armadas, contrariando Spínola, enviou um destacamento que ordenou á GNR a libertação de todos os presos políticos, o que veio a suceder na madrugada de 27 de Abril. Nessa mesma madrugada acabaram também por ser libertados todos os presos políticos do Forte de Peniche, também cercado pela multidão que exigia a sua imediata libertação.
Na minha correspondência dos dias 27 e 28 de Abrtil de 1974 registo este acontecimento:
« O telejornal transmite a libertação dos presos políticos do Forte de Caxias. Fico indignado com as delongas: mas que história é essa da distinção entre presos de delito comum e presos políticos? Vão para o raio que vos parta, mais o vosso “percebes?”. Não percebo, nada!
Começa a saída dos presos: reconheço alguns – o Sérgio Ribeiro, o Luís Moita. Ouço nomes conhecidos: Nuno Teotónio Pereira. E ouço as declarações de alguns dos libertos, nomeadamente [Palma Inácio] da LUAR (Liga Unida da Acção Revolucionária): aí, valentes, assim é que são! Nada de entusiasmos despropositados, nada de pactuações demagógicas. Não haja ilusões: o poder não irá para o povo; a burguesia reorganiza-se.
Vamos ver durante quanto tempo durará este novo ar que se respira, duma liberdade que nunca tinha havido nos meus 28 anos de existência. É bom sentir também essa liberdade nos outros.
Sinto-me como se estivesse exausto. Nós podemos mesmo falar, podemos comunicar com os outros, podemos determinar a nossa acção, sem o dilema da marginalização pela recusa em pactuar com um governo e uma política criminosas?!» (MCG 1974 04 27 / 28)
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(1) Os presos políticos começam a ser soltos, reconhecem-se entre outros, Sérgio Ribeiro e Palma Inácio que é abraçado por Urbano Tavares Rodrigues a Sophia de Mello Breyner e presta as primeiras declarações.(Vídeo cedido pelos Arquivos RTP)
2019 04 26 - foto victor nogueira - forte de Peniche, cerca de 1987, que foi prisão politica de alta segurança, o que não impediu a fuga de Àlvaro Cunhal e outros nove dirigentes e militantes comunistas em 3 de Janeiro de 1960. Depois de muitas vicissitudes, nele será instalado o Museu Nacional da Resistência e da Liberdade – Fortaleza de Peniche.
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)