sexta-feira, 6 de maio de 2022

As indignidades, os incómodos e o práfrentex dos Cerejeiras, acólitos e sacerdotes do Ministério da Verdade.

 * Victor Nogueira



2022 05 06 - "O PCP decidiu desertar da luta democrática pelos valores da liberdade e do respeito pela soberania e autodeterminação do povo ucraniano. ", perora o Cerejeira.

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O arco da luta democrática e pelos valores da liberdade é amplo e aparentemente contra-natura: vai do Bloco ao Chega, passando pelo PS, PSD, PAN. Livre e IL (essa reincarnação dos valores do século XIX), isto é, vai da social-democracia militante ao neoliberalismo travestido de social-democrata ou socialista, passando pelo animalismo, sem esquecer o ilusionismo liberal "adocicado", e desembocando no puro e duro, mais ou menos truculento e arruaceiro, abertamente xenófobo e racista.
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Os Cerejeiras dão como coisa pouca os 40 ucranianos queimados vivos em 2014, (para lá dos feridos) na Casa dos Sindicatos, em Odessa, por "laranjinos" manifestantes, impunes e não criminalizados pelos democratas de Kiev.
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Lá pelo meio os avisados Cerejeiras não falam nos 14 000 ucranianos russófonos desde 2014 mortos no Donbass pelas milícias e forças armadas e militarizadas do Governo de Kiev nem nos escudos humanos utilizados pelas forças ucranianas em várias localidades, designadamente em Mariopul, o que configura a prática de crimes de guerra.
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Como crimes de guerra são a tortura e execução de soldados russos aprisionados pelas forças ucranianas quando não há indícios que as forças russas não respeitem os Acordos de Genebra relativamente aos militares ucranianos aprisionados. Quem, na óptica dos seráficos Cerejeiras terá sido conivente com isto? Teria sido o PCP?
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Pelos inquisidores o PCP é acusado de conivência com "as valas comuns [não] encontradas em Bucha, as violações de mulheres e crianças registadas em Kharkiv, em Kherson e Irpin, a total destruição de Mariupol (...) factos inequívocos e que contradizem ostensivamente a narrativa comunista.» O Ministério da Verdade assim o garante.
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Mantivessem hoje, se fossem vivos, o que na altura disseram contra o avanço da NATO para cercar a Federação Russa com bases militares e ogivas nucleares, Mário Soares, Kissinger e outros, perigosos e comprovados filo-comunistas, logo seriam condenados e ostracizados como inimigos e coveiros da democracia e das liberalidades, taxados de perigosos putinistas, quiçá nostálgicos da União Soviética.
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Estranha guerra esta, a liderada pelo Ministério da Verdade: as forças armadas russas, com armamento obsoleto, atascadas na neve ou na lama, sem mantimentos nem combustível, matam civis, a torto e a direito, abrem valas comuns, bombardeiam maternidades, infantários, escolas, hospitais, centros comerciais, estações ferroviárias, somam mortos e deserções atrás de mortos e deserções, que nenhuma investigação independente teve oportunidade de verificar.
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Não há notícia de provocarem mortos entre as forças armadas ucranianas nem capturado ou destruído ou abatido tanques, aviões, apenas uns dois ou três helicópteros.
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Mas vai-se sabendo que as forças russas respeitam os prisioneiros de guerra ucranianos, em conformidade com as Convenções de Genebra, e que abrem "corredores humanitários" para que as populações civis abandonem os lugares palco da guerra e dos confrontos militares. Corredores esses por vezes inexplicavelmente não utilizados ou alvo de ataques por forças "não identificadas".
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Pelo contrário as forças armadas ucranianas, que incluem pessoal bem treinado e municiado ao lado de conscritos apressadamente instruídos, resistem por todo o lado, protegendo como escudo as populações civis, com uma eficácia tal que apenas são atingidos e mortos ou destruídos tanques e material russo, incluindo aviões e generais, com escrupuloso respeito pelas Convenções de Genebra relativamente aos militares russos aprisionados.
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Mais, para os Cerejeiras deste rincão á beira mar prantado o PCP é "um partido apegado a causas ultrapassadas pela história e que, ante o Mundo contemporâneo, se desenham como quase paradoxais. Um partido anti-UE, defensor de regimes autoritários e antidemocráticos e que, mesmo diante das circunstâncias atuais, se recusa a reconhecer a importância de Portugal integrar a NATO."
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Tal como a UE, a NATO, no seu libérrimo, seio acolhe e embala faróis da democracia e de respeito pelo Direitos Humanos, de que são exemplos, entre outros, estados como a Turquia, a Hungria, a Polónia, a Lituânia, a Geórgia, a Moldávia ... NATO que teve entre os seus fundadores o Portugal de Salazar e Caetano, derrubado em 25 de Abril de 1974!
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Já outro, que vive em Portugal há 20 anos, disse que não percebia "como é que Portugal, um país democrático, continua a ter um partido como o PCP”, embora aparentemente se tenha licenciado numa Universidade portuguesa
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A seguir os libérrimos Cerejeiras do ilusionismo liberal desvendam os verdadeiros motivos por detrás dos seus arrazoados, catilinárias e narrativas:
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O PCP "sobrevive alcandorado num movimento sindical que insiste em viver alheado da evolução e modernização do mercado de trabalho e que persiste nas mesmas reivindicações há 10, 15 e 20 anos."
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Prontus, a modernidade destes admiradores do Bezos e dos Bill Gaitas é a modernidade rançosa e serôdia do capitalismo do século XIX, com a proibição, criminalização e perseguição aos partidos e sindicatos do operariado e do mundo d trabalho, atomizados, amedrontados e desorganizados para uma maior facilidade na exploração da força de trabalho por capitães da indústria, negreiros e escravocratas. Tal como no nazi-fascismo e nas antigas colónias europeias.
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Se os trabalhadores através das suas organizações de classe persistem nas mesmas lutas e reivindicações desde há 10, 15 e 20 anos é porque o patronato desde sempre persiste nas mesmas práticas de exploração da força de trabalho, agora a coberto da "modernidade" envilecida das injunções e directivas da União Europeia, a do grande capital nacional e transnacional, acolitado pelas narrativas e cassetes de legiões de cerejeiras modernaços, new look, juristas, gestores, jornalistas and so on, atentos, dedicados e veneradores das ma$$@$, meros servos da gleba, rendidos ao império do Grã-Patronato.

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