* Victor Nogueira
Quando o meu avô Barroso comprou este terreno e começou a construir esta casa, no final da década de 60 do passado milénio, tudo isto eram campos agrícolas e poucas casas existiam neste loteamento. Havia apenas electricidade, mas não abastecimento de água pela inexistente rede pública, nem saneamento básico. Cada casa tinha a sua fossa séptica, que periodicamente tinha de ser esvaziada para autotanques; a água, essa era era extraída de poços, cada vez mais inquinados com o passar do tempo. Só decorridos muitos anos a Câmara socialista criou a rede pública para fornecimento de água e só muito recentemente concluiu a rede de saneamento básico.
Este sábado o tempo esteve soalheiro mas dum sol gélido, outonalmente invernal, que não aquece nem o corpo nem a alma, esfarelando os ossos até ao tutano, com as mãos e os joelhos reclamando aquecimento. Nas leiras nas traseiras desta casa voltaram os pombos em revoadas, buscando no solo alimento, como habitualmente
Na foto vê-se o poço, coberto com uma laje de cimento armado, circular, e a casa da bomba de água, com a qual se rega a horta e o jardim, no quintalejo, embora o precioso líquido já vá rareando, deixando por vezes os poços em secura.
Hoje almocei a horas decentes, embora acabasse por não sair; bifinhos de cebolada com arroz de manteiga e cenoura ralada. Como sobremesa, maçã reineta.
Prossigo a leitura de “O assassino”, que não me está emocionando por aí além, Cada álbum tem uma história independente, embora tenha descoberto o fio que as liga, uma traição/armadilha que durante um serviço quase despachou o assassino, que ao longo dos vários álbuns subsequentes procura desenredar o fio à meada!
A leitura é um dos meus passatempos, para lá das notícias on line. Sem propósitos de exaustão, várias peças de teatro: “Corpo-delito na sala de espelhos” e “O render dos heróis”, de Cardoso Pires, “As mãos sujas”, de Sartre, “A mandrágora”, de Maquiavel, “In nomine Dei”, de Saramago, “As mãos de Abraão Zacute”, de Sttau-Monteiro. Entre os romances, “Sorge, o espião do século” e “A noite dos generais”, de Hellmut Kirst, “Conselho de Guerra” e “Os carros do Inferno”, de Sven Hassel, “O ano da seca”, de Victor Álamo de la Rosa, “O espião que saiu do frio”, de John Le Carré, “O homem que via passar os comboios”, “O comboio de Veneza” e “Os sinos de Bicêtre”, de Simenon. Este último romance é sobre a lenta recuperação dum homem que vai saindo do coma após um ataque cardíaco. Daí resolvi ler pela primeira vez, de Cardoso Pires, um livro deste sobre a sua lenta recuperação dum AVC: “De profundis, valsa lenta”.
A maioria destes livros já os tenho em Setúbal, sendo o que me coube dos espólios do meu tio Josè João ou da minha amiga Rolanda Campos, falecida no passado mês de Julho.
Resta a banda
desenhada. Para além de “O assasslino”, que estou a ler à medida qe
semanalmente é publicado um novo álbum duplo. Da VII Série da Novela Gráfica
Público/LeVoir li “Moby Dick” , de Christophe Chabouté, “Léa Não Se
Lembra Como Funciona O Aspirador “, de Gwangjo e Corbeyran, “Estampas
1936”, de Felipe Hernández Cava e Miguel Navia, “Primo Levi”, de Matteo
Mastragostino e Alessandro Ranghiasci, e ”Alexandra Kim”, de Keum Suk
Gentry-Kim.
Normalmente as histórias em banda desenhada ou quadrinhos são estáticas, embora com várias técnicas possa ser dada ao leitor a ideia de movimento. Em “Moby Dick”, baseado no romance de Herman Melville, a narrativa, como se cinematográfica fosse, está em constante movimento e cada vinheta, na expressividade e diversidade seu enquadramento e desenho, a preto e branco, faz jus à máxima de que “uma imagem vale mais que mil palavras”. Também expressivo é o desenho, a preto e branco, de “Estampas 1936” baseado na Guerra Civil Espanhola; cada conjunto de pranchas constitui como que uma história independente, ligadas pelo fio condutor do conflito. As restantes histórias são estáticas, sendo duas delas biográficas, a de Primo Levi e a de Alexandra Kim, esta uma revolucionária coreana que com o apoio de Lenine e da Rússia Bolchevique, desenvolveu a sua acção no seu país natal, então ocupado pelos japoneses
Mas ainda me falta ler alguns dos dez álbuns desta VII Série da colecção Novela Gráfica Público/LeVoir.
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)