* Victor Nogueira
NATUREZA iMORTAL
Tudo é silêncio
Inaudível o dedilhar no teclado
As persianas, brancas, escondem o negrume da noite,
para lá das vidraças que nada reflectem
Com lentidão uma incómoda mosca surdiu do nada e volteia pela sala,
enquanto dos altifalantes se evolam lentos acordes de piano,
entre o silêncio, a majestade ou saltitante leveza
- nada de empolgante que afaste esta dormência ou sonolência!
É dia de Reis, pese embora vivamos ou vegetemos numa democracia republicana onde,
- como sempre,
os terratenentes são quem mais orden(h)a.
Em breve pausa uma leitura:
"O rio triste", de Fernando Namora,
entremeado com "A casa do Diabo", de Mafalda Ivo Cruz.
Descobri que para além do bolo-rei há o bolo-rainha, um com fruta cristalizada, o outro com frutos secos.
Ergo-me desta dormência e … que transmite o leitor de cd’s? Ah! Pois então! De Ravel o que tenho estado a ouvir é …
…. “Pavane pour une infante défunte”
A “Princesa”, uma de Velasquez, e a pavana não deveria ser entendida como fúnebre,
esclarece-me uma breve pesquisa na internet.
Mas … que é uma pavana? Nova e rápida pesquisa esclarece-me que é uma “dança espanhola, grave e séria e movimentos pausados”.
Prontus, mais uns miligramas de sabedoria!
Mais 40 minutos e começarei a comemorar ou vivenciar o 2º dia na casa dos 78 anos,
a caminho do suspiro final.
Um aceno à pequena multidão que me felicitou pela ultrapassagem desta barreira de transição!
Um aceno a quem me escreveu ou telefonou, com parcas ou trabalhadas palavras, mais ou menos rendilhadas!
Um aceno a quem me acolheu na véspera dos Reis!
Mindelo 2024 01 06
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)