sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Praxes académicas no Salvador Correia, em Luanda

 


Emanuel TeixeiraSALVADOR CORREIA - HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

Enquanto lugar de memória - Praxe Académica
  • Victor Nogueira
Naqueles longínquos tempos não havia Universidades nas colónias portuguesas, que só foram criadas na década seguinte, após o início da guerra colonial, para uns, de libertação, para outros, como o MPLA, a FRELIMO ou o PAIGC.
Nesses tempos quem pretendesse seguir estudos superiores, universitários, existentes apenas na Metrópole, i.e., em Portugal Continental, teria de dispor de meios financeiros que o possibilitasse. Naturalmente, isto não estava ao alcance senão duma escassa minoria branca e duma escassíma maioria negra.
O Liceu Salvador Correia, em Luanda, nos idos dos anos '50, era o patamar máximo que se podia alcançar, onde havia praxes como as da Universidade de Coimbra, com tonsuras aos caloiros no 1º dia de aulas, carolos na carecada, "veteranos" (do último ano) trajando alguns negra capa, veteranos esses que poderiam "benevolentemente" proteger algum caloiro, que deste modo se tornava intocável. A malta era uma elite, que vendo alguma miúda engraçada acompanhada por alguém que não fosse do Liceu clamava "Larga o osso, que não é teu. é da malta do Liceu!"
No final do ano havia arruadas em frente ao Liceu, que por vezes terminavam com intervenção policial. Numa destas houve estudantes levados para a esquadra, com o filho do Governador-Geral de Angola a reclamar , em vão, essa condição, com o polícia a responder-lhe "E eu sou filho do Presidente da República". Creio que dessa vez e para a malta em apuros a ordem de soltura terá sido mais rápida.

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)