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foto victor nogueira - na Praia do Bispo.
As casas do Estado para Funcionários Públicos eram na Praia do Bispo vivendas geminadas, com dois pisos.
Esta faz parte duma série de fotos coloridas, da mesma altura, mas o Zecas Jones só as digitalizou a preto e branco. Nesta foto lá está no colo dele um dos vários gatos, faltando nesta foto de família o cão, talvez o Jack II.
Estando a estudar em Portugal, só ia a Luanda nas Férias Grandes. Pois o Jack II, ainda estava eu longe de casa, pressentia a minha chegada e começava a correr como louco no quintal, num vaivém entre as traseiras e o portão da frente, saltando para mim, desaustinado, mal eu saía do carro, vindo do aeroporto..
Os gatos proliferavam no quintal à vontade, mas uma vez a nossa mãe entendeu que a gataria era já demasiada e pegou numa das gatas e nos seus recém-nascidos gatitos e foi largá-los nos arredores de Luanda. Eis senão quando, passado algum tempo, reapareceu a gata, esquálida, com um dos filhotes transportado pelo cachaço, pelo que foram recebidos de braços abertos.
As escadas também contariam uma história. Em miúdo, na ausência dos nossos pais, resolvi beber um cálice de vinho do Porto e gostei tanto do doce que emborquei mais alguns. Claro que subi a escada de gatas até ao quarto onde me deitei na cama para que mais ninguém soubesse, até me passarem as “tonturas”. Em consequência e durante décadas não conseguia beber vinho do Porto.
Sobre tratamentos de choque. Ninguém na família era ou foi fumador, salvo o meu avô Luís. que do Porto enviava aos netos chocolates, entre outras coisas, alguns dos quais imitavam cigarros numa embalagem de cigarros. Mas a nossa mãe deu-nos um tratamento de choque: ofereceu-nos cigarros, que acendeu, dizendo-nos que engolíssemos o fumo.
Não sei se foi por isso ou pelo facto de ninguém da família em Luanda fumar que não apanhámos o "vício". Mas na verdade, apesar de estar convencido que não fumava, a verdade é que o meu Diário de 1958 / 59, da pré adolescência, revela que fumava às escondidas dos nossos pais.
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)