sábado, 3 de maio de 2025

Letras empilhadas, ano após ano, em Maio, 03, (re)colhidas em 2025

 * Victor Nogueira


2023 05 03  Tudo em família nas conversas em família?

2023 05 03  Ressuscitada pós longa hibernação, qual fénix renascida após o 1º de Maio de 2023, a UGT dá grandes títulos e parangonas na imprensa do grã-patronato, com a CGTP colocada em minúsculo roda-pé  .

2923 04 03  O PS, nacionalmente sediado no Largo do Rato, em Lisboa, é um saco de gatos, de unhas afiadas e faca nos dentes. César tira o tapete a António, abrindo caminho a Marcelus, com um novo PáF por detrás da cortina. António resiste, com volúpia para outra das múltiplas friçções (ou fracções). António fez um jogada inteligente e corajosa ou, no meio do atoleiro, faz uma desesperada corrida em frente, empurrando com a barriga, em busca duma saída airosa? Costa é um grande estratega ou é apenas um habilidoso  videirinho e tacticista? 

Costa está cercado por Marcelo e pela generalidade da comunicação súcial e dos comentadeiros e comentadeiras, cujo objectivo  é alçar no poder a um PáF new look, maquilhado com a saída do CDS e a entrada do Chega e do Ilusionismo Liberal.  

Na taluda  do €uromilhões que se avizinha, haverá lugar para uma gering-onça ou apenas para uma envilecida traquitana? 

Tão amigos ou tótós que eles eram, apoiando a re-eleição de Marcelus com larga maioria, seriam unha com carne, como a que na fábula une o lacrau e a rã, atravessando o charco ou pantanal.


2017 / 2014 05 03 Mural no Barreiro, em defesa da Reforma Agrária (PCP - 1980)

1974/75 - cartazes e murais de abril 07 - Barreiro (1980)  - Vencendo as 1ªs eleições legislativas, em 25 de Abril de 1976, o PS/Mário Soares de imediato arrumou o socialismo na gaveta e deu início ao desmantelamento das "conquistas de Abril" consignadas na Constituição da República. 

António Barreto foi o ministro da Agricultura encarregado de proceder ao desmantelamento da Reforma Agrária. É o personagem de muitos murais em Portugal.


2016 05 03 Túlio Espanca, por António Couvinha



2016 05 03 Fotos victor nogueira - Palácio da Comenda, de Raul Lino, na foz da Ribeira da Ajuda, em Setúbal 

O murete em 1º plano protege do movimento das marés o que resta da estação arqueológica romana. Lá no cimo, como que suspenso das nuvens, não de água mas de verdura, o Palacete que foi projectado por Raúl Lino, que faz parte do imaginário de muitos dos que por ali passam ou "estacionam" no Parque das Merendas. 

Neste Palácio e nas redondezas, em 1987,  foi parcialmente rodado o filme "Balada da Praia dos Cães", de José Fonseca e Costa, baseado no romance homónimo de José Cardoso Pires, com uma fabulosa interpretação de Raúl Solnado.

É duma visita que fiz um dia destes a minha photo-reportagem em "Palácio da Comenda e Ribeira da Ajuda, em Setúbal". Clique na hiper-ligação para um passeio virtual  em 

Palácio da Comenda e Ribeira da Ajuda, em Setúbal



foto victor nogueira - em Beringel, aves ao pôr-do-sol

3 de maio de 2021


pais e filhos 01 - ir com as aves

*  Victor Nogueira - Pais e Filhos * Jiro Taniguchi - O Diário do Meu Pai * Eugénio de Andrade - Poema à Mãe  * Manuel Bandeira - Cartas de Meu Avô * José Afonso - Canto Moço (Filhos da Madrugada) 

 Pais e Filhos

          "Ir com as aves", como escreve Eugénio de Andrade, implica assumir por inteiro a "liberdade", sua e a dos outros, sem prejuízo da solidariedade e entre-ajuda, significa largar o cortão umbilical e tomar consciência que o ser adulto implica reconhecer que há uma relação biunívoca e mútua entre direitos e deveres, em recíprocidade, significa assumir a passagem do clã ou da tribo para a polis e para o Mundo e para o Universo, de si para o Outro. Como diz a "Internacional", "Somos iguais todos os seres / Não mais deveres sem direitos / Não mais direitos sem deveres", independentemente do respeito pela diversidade. Como escreveu o poeta sevilhano Antonio Machado:

“Caminhante, são teus rastos

o caminho, e nada mais;

caminhante, não há caminho,

faz-se caminho ao andar.

Ao andar faz-se o caminho,

e ao olhar-se para trás

vê-se a senda que jamais

se há-de voltar a pisar.

Caminhante, não há caminho,

somente sulcos no mar.”

         Também a minha mãe escreveu no passado milénio um poema aos filhos, um pouco similar ao de Eugénio de Andrade que ela desconhecia, mas que de momento não encontro, na perspectiva da mãe, em que falava da tristeza de ver os  filhos crescerem e partirem, mas respeitando a decisão deles. Como dizia um cartaz do ITAU antes do 25 de Abril, "O amor é um pássaro verde num canto azul no alto da madrugada." (FB 2015.05.03)


foto victor nogueira - estuário do rio sado

       1. - Carta ao irmão caçula - Não vou fazer um enunciado dos deveres filiais. Lembro-me, no entanto, da ternura que em princípio todos os filhos devem ter pelos pais; ternura, amor, respeito. Creio que talvez tenhas razões, quiçá justas e ponderáveis, para te fechares na tua torre de marfim. Mas seria bom para ti que te habituasses a descer ao povoado, pois se agora não podes esquecer ou superar os agravos que julgas ter recebido, da parte daqueles que, apesar de tudo, de todos os seus erros e fraquezas, te amam porque teus Pais, como agirás no futuro face aos teus companheiros de profissão, à família que porventura constituirás, em súmula face ao Mundo? Ocorrem-me, neste momento - e não é a primeira vez que isso sucede - o azedume que tenho espalhado e por vezes ainda espalho ao meu redor! Um sorriso amargo vem-me ao espírito ao recordar as nossas mesquinhas - agora, mas não então - makas  [discussões, zangas]  por causa dos recortes dos jornais, da "Plateia", do "Zorro", do álbum de fotos. Quanto azedume nas nossas relações, quanto má vontade, só porque éramos incapazes de sairmos da nossa torre! E no entanto, assim o creio, no fundo dos nossos corações éramos e somos amigos! Não deixes que sejam os outros a condicionarem a tua atitude, quando essa influência for negativa!

         Tens de encarar os pais  (e toda a gente, afinal) como seres humanos normais, comuns, com virtudes e defeitos, como qualquer ser humano. É normalíssimo os filhos idealizarem uma imagem perfeita dos pais. A idade, o desenvolvimento da consciência, faz ver que adoravam ídolos de barro, assim o pensam. Mas têm de superar esta desilusão, de transformar a adoração infantil pelo amor adulto! (JLNS - 1968.08.08)

        2. -  É possível que no próximo Verão eu vá a Luanda. A minha Mãe, esquecendo‑se da minha face má, sonha ansiosamente com essas férias, para tentar juntar uma família que nunca esteve junta (embora vivendo sob o mesmo tecto), pelo menos até onde a minha memória alcança. E eu também lá quero ir, para tentar enterrar definitivamente alguns "fantasmas" e encerrar páginas do livro da minha vida. Para que desapareçam dois ídolos esboroados, de pés de barro, e nasçam finalmente dois Amigos: O Manuel e a Maria Emília. (NSM - 1969 Páscoa)


 3. - Acabei de ler de Jiro Taniguchi "O Diário do Meu Pai", uma novela gráfica envolvente, sobre a (re/des)construção da memória, numa colecção de BD editada semanalmente pelo jornal "Público"   

         "Em O Diário do meu Pai, Taniguchi conta-nos uma história de regresso às raízes, que o leva a evocar a infância e a perceber finalmente o verdadeiro motivo por que o pai abandonou a família. Taniguchi queria contar uma história que tivesse a sua terra natal, Tottori, como cenário, mas, como refere numa entrevista a Benoit Peeters:“quando me pus a reflectir na história, apercebi-me que, de facto, não sabia quase nada sobre o meu pai. Imaginei então uma personagem que regressa à sua terra natal para descobrir quem era verdadeiramente o seu pai. (…) A história é inventada, mas os sentimentos e o espírito da história resultam da minha experiência pessoal. Tinha em relação ao meu pai o mesmo tipo de sentimentos que estão descritos no livro. No fundo, durante a minha juventude, tinha a ideia que não queria ser como ele. Achava que a vida do meu pai não era uma vida interessante. Mas depois descobri que afinal não era bem assim, e é isso mesmo que tento transmitir neste livro”. 

VER TEXTO COMPLETO EM  http://bongop-leituras-bd.blogspot.pt/2015/05/lancamento-levoir-coleccao-novela.html  (fFB 2015.05.02) 

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 Maria Lisete Almeida

Grata Amigo Victor Barroso pela partyilha. Gostei muito. Bem haja. Abraço.

10 a

Manuela Miranda

Victor estou cansada Leio Amanhã bjs Dorme bem

10 a

Teresa Mercês de Mello

Obrigada. Vou ler tudo com mais atenção. Agora dei só uma vista de olhos rápida. Bjs

10 a

Isabel Maria

Todos bons! mas Eugénio de Andrade para mim o mais marcante..bjinhos

10 a

Tavares Lou

Gostei muito da expressão "ir com as aves"! Grata pela partilha.

10 a        

 Silvia Mendonça

Victor Barroso Nogueira, convite de leitura delicioso. Não é para ler apenas - é para degustar. Mesmo assim, li, reproduzi, e postei à uma amiga, as Cartas de Meu Avô, de Manuel Bandeira. Grata por compartilhar, querido. Beijos de mim.

10 a

Manuela Vieira da Silva

Sempre muito interessantes e maravilhosas as tuas partilhas, amigo Victor Barroso Nogueira. Obrigada por não te esqueceres de mim. Um grande abraço! ❤ 🙂

9 a


 



3 de maio de 2024  · 

2024 05 03 - 50 anos da Proclamação dos Estudantes do ISESE - 

Em 25 de Abril de 1974 a Direcção do ISESE não permitiu a realização dum Plenário dos Estudantes nas respectivas instalações e tentou nomear para a Associação dos Estudantes uma nova Comissão Administrativa de sua inteira confiança. O Plenário realizou-se a 26 de Abril nas instalações da CDE (Comissão Democrática Eleitoral), que havia entretanto ocupado a sede da Legião Portuguesa, em Évora. 

A 1 de Maio realizou-se o 2º Plenário de Estudantes, que deliberou saudar as manifestações do 1º de Maio, as primeiras realizadas em liberdade após 48 anos de fascismo.  Neste mesmo Plenário foram aprovadas 4 outras moções, relativas ao ISESE, deliberando-se convocar um 3º Plenário para 3 de Maio,  tendo eu sido incumbido de sintetizá-las num único documento. 

Esse documento, uma PROCLAMAÇÃO, foi aprovado a 3 de Maio, passando a nortear as Comissões Coordenadoras das Actividades da Associação dos Estudantes e a sua luta. E esse documento que ilustra esta foto da cronologia.

PROCLAMAÇÃO

Os estudantes do ISESE, reunidos em 3 Maio 1974, saúdam todos quantos, sobretudo na clandestinidade e com risco da sua segurança e bem-estar, têm lutado contra todas as formas de repressão e violação dos direitos humanos em sociedade, nomeadamente a partir da instauração da ditadura fascista em Portugal;

 Incluem nesta saudação o Movimento das Forças Armadas

 Na sequência lógica das Declarações Universais dos Direitos Humanos e da Doutrina Social da Igreja;

Considerando os poderes discricionários da Direcção do ISESE, exclusivamente formada por membros da Companhia Portuguesa de Jesus e dela directa e exclusivamente dependentes;

 REIVINDICAM:

 - o direito de participação na gestão do ISESE 

 DECLARAM que o direito de participação na gestão do ISESE implica

 - o reconhecimento imediato dum Conselho de Estudantes (cuja constituição será objecto duma próxima RGA);

 - a liberdade de expressão do pensamento e  na procura das verdade, o que implica a abolição do ensino dogmático e magistral;

 - o reconhecimento imediato do direito de participação na constituição dos júris de exame;

 - a liberdade de comparência às aulas, o que implica a abolição imediata do regime de faltas;

 - a liberdade de reunião nas instalações do ISESE.

 RECONHECEM aos empregados do ISESE o direito de participação e decisão na resolução dos próprios assuntos.

 SAÚDAM todos os professores do ISESE que de forma inequívoca e expressa adiram ao conteúdo da presente proclamação.

 DECLARAM que prosseguirão na sua luta contra todos quantos, de qualquer modo, se oponham às declarações e reivindicações da presente proclamação.

(aprovado em Plenário Geral de 3 Maio 74 -  

A Comissão Coordenadora das Actividades da Associação dos Estudantes do Instituto Superior Económico e Social de Évora)

NOTA - Esta é uma fotocópia do documento original presente ao Plenário dos Estudantes, dactilografado na minha velha Olivetti Lettera  2000

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Do Cartaz para as Festas de Finalistas do ISESE 1971/72, desenhado por Camilo Monteiro com a malta do Arcada. 

O fundo era vermelho e faltam as letras. Embora tivesse ganho o Concurso para os cartazes, nunca chegou a ser editado. Nesse ano um dos  Jesuítas clamava nas aulas que ou os estudantes demitiam a Direcção da Associação de Estudantes, de que eu fazia parte pela 2ª vez, ou a Direcção do ISESE demiti-la-ia. Nem uma coisa nem outra sucederam mas  em 1972/73, dada a falta de condições e pela 1ª vez não houve lista para as eleições ds Corpos Gerentes da AE, pelo que a Direcção do ISESE nomeou uma Comissão Administrativa. 

Em 1973/74 os estudantes mais ou menos clandestinamente reuniam-se para retomar o controle da AE  através de eleições, processo que decorria  quando ocorreu o 25 de Abril, tendo o Plenário de Estudantes de 26 de Abril eleito uma Comissão Coordenadora das Actividades da Associação dos Estudantes, de que fiz parte, cabendo-me a responsabiiidade da coordenação geral e contactos  com os Partidos Políticos e Movimento Associativo Estudantil de Lisboa, Porto e Coimbra.

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)