domingo, 4 de maio de 2025

Letras empilhadas, ano após ano, em Maio, 04, (re)colhidas em 2025

 * Victor Nogueira

4 de maio de 2013  · 

António Ribeiro - O Diário Secreto de Victor Gaspar - A  Esfera dos Livros - Lisboa 2013 - o livro tem piada embora a partir de certa altura se torne repetitivo. Talvez por não ter sido escrito numa folha do Excel (qt pagará o bill gaitas pela publicidade à sua folha de cálculo ?) 

4 de maio de 2014  · 

foto Victor Nogueira -1974/75 - cartazes e murais de abril 08 - Évora 1975

1 . - Uma "manife" em Évora, num verão quente, nos idos de 1974

Ontem, no comício do PC, ali no Rossio de S.Brás, o Álvaro Cunhal falou na independência dos povos das colónias. (...) Ainda antes do Álvaro Cunhal falar o palco foi abaixo por duas vezes. Uma multidão imensa concentrava se em redor do palco, junto ao Monte Alentejano, agitando se inúmeras bandeiras vermelhas do PC. Em uníssono, a multidão repetia as palavras de ordem, de punho erguido.

Detecto, junto a mim, um grupo que vai comentando ao sabor das intervenções. Quando se falam nas torturas sofridas pelo Cunhal e outro comunista, uma mulher ao meu lado diz me: "Coitadinho! Bandidos!" E a multidão grita: "Morte à PIDE!". Dois delegados dos Sindicatos Agrícolas (Évora e Beja) enumeram as quebras dos contratos colectivos de trabalho e o nome dos latifundiários. A multidão grita: "Morte aos cães!" "A terra a quem a trabalha!".

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Ao meu lado, algumas mulheres dizem: "É assim mesmo!" e "Essa sou eu!", quando se fala em ranchos despedidos. O Álvaro Cunhal cita as lutas revolucionárias dos trabalhadores alentejanos e a "palha" que os latifundiários teriam mandado dar aos trabalhadores que imploravam comida. E a revolta; que enquanto houvesse ovelhas, galinhas e porcos não comiam palha os trabalhadores!

O Partido faz a sua campanha e no palco estão pessoas que já conheço de há muito. Por detrás delas, enormes, em fundo vermelho, as efígies de Marx, Engels e Lenine. A brancura de Évora é agora quebrada por cartazes do PC

Marx, Engels e Lenine enchem as ruas, conjuntamente com cartazes com a foice e o martelo. (MCG - 1974.07.28)

2. - A chegada dos presos políticos a Évora

Amanhã há uma reunião ou comício ali na Quinta das Glicínias, na Estrada para Arraiolos, organizado pelo Movimento Democrático de Évora. Hoje desde o Cemitério até à Praça do Giraldo, uma grande multidão - milhares de pessoas aguardaram [em Évora]  - durante mais de hora e meia pela chegada do cortejo automóvel que acompanhava os presos políticos libertados- uns 3 ou quatro, um dos quais há 12 anos ! (1) São 20h30m  está frio e começa a chuviscar. Resolvo ir a casa buscar o guarda-chuva e acabo por ir jantar uma merda dum bife nos “Manuéis”.  Quando regresso à Praça [do Giraldo] já tudo havia terminado; apenas na placa central da Praça do Giraldo um grande magote de pessoas estão comprando "A Capital". São autênticas corridas aos jornais, avidamente disputados, como os dos últimos dias. Toda a gente anda de jornal debaixo do braço ou lê-o à mesa do café ou especado na rua. Até, oh! surpresa, raparigas! (Muitas mulheres têm tanta pena do Marcelo [Caetano], coitadinho, tão simpático, tão amigo do povo!) SAFA!  ( (MCG – 1974.04.27/28))

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Manuel Mecha

foi se tudo até o martelo, Vitor 🙂

11 a

Artur Cravo

Momentos inesquecíveis, de luta e de querer.

11 a

Victor Barroso Nogueira

Olha que não, olha que não, Manuel Mecha LOL Ainda tenho aí a foice que trouxe dum monte no Alentejo e dois ou três martelos para a bricolage. E estrelas, tb se arranjam, as do mar, ali numa prateleira.

11 a

Adriano Moreira Ferreira

Viva o partido de quem trabalha...

11 a

Quim Cigano

Carlos,nesse comicio fui orador,em representaçao do Sindicato da Construçao Civil e Marmores do Distrito.O palco abateu mas nao houve problemas.

11 a

Milu Vizinho

Viva o partido comunista, assim se vê a força do PC (Y)

10 a

              

4 de maio de 2015  · 

Uma bela interpretação, mas os meninos que a mãe negra ajudou a criar e que se ausentaram (talvez para estudarem em Portugal) esquecendo as suas histórias seriam os ... brancos. É a eles que se refere a poetisa  Alda Lara (médica e branca, que teve de "abandonar" Angola para cursar as universidades de Lisboa e Coimbra). Faço este comentário por causa das oportunas imagens que vão iiustrando o poema.


"Prelúdio", de Alda Lara (voz de Paulo de Carvalho)

Pela estrada desce a noite
Mãe-Negra, desce com ela...

Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guizos,
nas suas mãos apertadas.

Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.

Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...

Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada...

Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?...
Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar?...

Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...

Mãe-Negra não sabe nada...
Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo
Mãe-Negra!...

É que os meninos cresceram,
e esqueceram
as histórias
que costumavas contar...
Muitos partiram pra longe,
quem sabe se hão-de voltar!...

Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaço,
bem quieta bem calada.

É a tua a voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada...


4 de maio de 2015  · 

foto victor nogueira  Guimarães  o fótografo apanhado como se em sombra estivesse a bailar (foto às chaminés do Palácio dos Duques de Bragança)

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   Silvia Mendonça

Victor Barroso Nogueira, impressiona-me a sua criatividade - e a forma como a apresenta. Para alguns, uma sombra na parede é apenas uma sombra. Para você, não. E que luxo ter sua sombra "clicada" às chaminés do Palácio do Duque de Bragança. Bravo!

10 a

Victor Barroso Nogueira

Silvia Mendonça O fotografao é um amigo meu, o fotógrafo, sou eu 🙂 Bjos

10 a               

4 de maio de 2015  · 

A TRILOGIA EM REGRESSÃO - 8 HORAS de trabalho, 8 HORAS para descanso 8 HORAS de lazer

4 de maio de 2016  · 

foto victor nogueira . nascer do sol visto do cimo da torre no alto duma encosta, em setúbal - parece mas não é o  sol espelhado nas águas do estuário do rio sado

4 de maio de 2016  · 

Pois .... antes só que em má companhia ? No tempo em que os animais falavam e havia boas e más fadas, as princesas em doce e manso sossego ficavam na sua redoma ou ao borralho esperando pelo garboso príncipe e cavaleiro que as desencantasse ou livrasse da rainha-maléfica. Na república dos iguais, têm de ir todos e todas à luta LOL e 🙂  (VN em "Cartas a Penélope" ou a "Lota" já não é o que era ?)

4 de maio de 2018  · 

foto victor nogueira - Vila do Conde à hora de ponta para a ponte sobre o Rio Ave, a caminho do Mindelo, como se fora uma foto antiquíssima. Ao fundo as casa onde nasceu e morreu o escritor José Régio, da  Toada de Portalegre aqui declamada por João Vilaret em 


Toada de Portalegre de José Régio, por João Villaret

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4 de maio de 2019  · 

A vingança serve-se .... fria ou ... o último a rir é o que ri .... melhor

4 de maio de 2020  · 

foto victor nogueira - mindelo, 1976

1ª fila - zé luís, teresa, carlos, alexandrina // 2º fila de pé - maria emília, manuel, conceição, isabel,zé luís, zé barroso

4 de maio de 2022  · 

Foto victor nogueira - Alcácer do Sal - Ponte pênsil rodoviária no Rio Sado, que outrora, no Rio Tejo, ligava o Seixal ao Barreiro, para este local trasladada. (IMG_5732)

Outrora o Rio Sado, estrada fluvial,  era navegável desde o estuário, em Setúbal, até Alcácer do Sal, durante séculos  importante entreposto comercial e poderosa fortificação militar árabe.

4 de maio de 2024  · 

Setúbal - Mural 'Liberdade querida Liberdade / o nosso chão tem sonhos e vontade'  no Largo Eduardo Maria Duarte  (2024 04 19 IMG_4451 IMG_4453) Este mural é o 3º de cinco no projecto "Histórias que as Paredes Contam" uma iniciativa integrada no programa "Março Mulher" e para a qual a Junta de Freguesia de São Sebastião cedeu um muro com cerca de 200m2.

Esta obra, que assinala o cinquentenário da Revolução dos Cravos e o mês em que se comemora o Dia Internacional, localiza-se no Largo Eduardo Maria Duarte, no Bairro 2 de Abril. Foi mote de inspiração a frase "Liberdade, querida liberdade", da "Canção a Zé Mário Branco", d'A garota não,  sendo um trabalho colectivo executado entre 22  e 24 de Março de 2024.

O mural é composto por vários hexagonos, como favos de mel, cada um com seu significado, a maioria com dizeres, a saber:

* amamentar é  natural 

* não ao colonialismo 

* paz pão saúde educação 

* paz no Mundo 

* o meu corpo as minhas escolhas 

* my afros is as wild as my spirit

* que nunca nos faltem os direitos sociais 

* ser livre 

* como ela somos livres de voar  [da canção "Liberdade", de Ermelinda Duarte]

* Abril com todos para todas e todos 

* liberdade ambiente 

* esta terra ainda vai cumprir seu ideal {da canção "Fado Tropical], de Chico Buarque]

* amor é amor 

* maternidade feminista revolucionária 

* liberdade para mim liberdade para ti não me explores


Cartoon de Ma Honglian

4 de maio de 2025  · 

A expulsão dos “ilegais” decretada por Montezero e executada pelo Leitão em baile mandado orquestrado no Terreiro do Mestre André, o Venturoso

Em 1496, o Rei Manuel I de Portugal, o Venturoso, decretou a expulsão dos judeus e muçulmanos de Portugal, obrigando-os a deixar o reino até 31 de outubro de 1497. Caso contrário, enfrentariam a morte e o confisco dos seus bens.  

A expulsão dos judeus e dos mouros decretada pelos reis católicos de Portugal, em articulação com os reis católicos de Espanha provocaria graves prejuízos económicos, pelo que Manuel I  decretou a conversão forçada ao catolicismo dos que procuravam abandonar Portugal, impedindo a sua saída. A expulsão, que servia à nobreza terratenente, é também uma das causas do atraso no desenvolvimento da ciência e das forças capitalistas na Ibéria. 

Para além da questão religiosa, o confisco dos  bens dos judeus abastados  revertia para o Rei.  Monterzo e o Mestre André, com o decreto de expulsão, não alcançam voos tão altos, pois de modo algum confiscam os cabedais de quem pode e manda, contentando-se em serem ferrabrases apenas com a arraia-miúda, considerada “ilegal”, para entretenimento da populaça, a que só tem minguados cabedais em bolso roto.

Os judeus convertidos passaram a designar-se como Cristãos-Novos e os mouros como mouriscos. Contudo, muitos deles continuaram a praticar clandestinamente as suas religiões, sujeitos à perseguição e condenação pelos Tribunais da Inquisição e a serem queimados em fogueiras, em espectáculos públicos, para gáudio da populaça. Quer judeus, quer mouros, passaram a viver em guetos, judiarias e mourarias, com recolher obrigatório do pôr ao nascer do sol.

Os mouriscos pertenciam às classes populares empobrecidas e dedicavam-se agricultura,  criação de gado, comércio e atividades afins. Em Portugal o termo "mourejar" designa um trabalho árduo, constante e penoso. Mas entre eles também havia médicos, boticários, matemáticos e astrónomos.

Os judeus tinham um estatuto social mais elevado. Eram mercadores e banqueiros, médicos, astrónomos, tabeliães, astrólogos, mesteirais (ourives, tintureiros, alfaiates, sapateiros, carniceiros ou talhantes), competentes e hábeis nas suas profissões. Alguns eram diplomatas ou conselheiros do rei.

A distinção entre Cristãos-Novos e Cristãos-Velhos só foi abolida pelo Marquês de Pombal, que tentou cortar o poder da nobreza, parasitária e proceder à industrialização do país.

Montezero, ao leme da traquitana da AD onde (não) está Wally, surfando a onda ateada pelo Mestre André, Trump & Cia, em mera gestão, usurpando poderes, quer expulsar os novos "infiéis", inconvertíveis! 

Entretanto o Governo propõe-se criar campos de concentração, eufemisticamente designados como centros de detenção temporária, em Lisboa e Porto, para acantonar coercivamente os "ilegais" que não abandonem voluntariamente as plagas lusitanas.

E dizem eles que Portugal é um país de brandos costumes, pacífico, tolerante e multirracial, do Minho a Timor, onde domina uma só raça, a “caucasiana”, tenha ou não fartos cabedais!

publico.pt

Governo acusado de criar “cortina de fumo” com anúncio de expulsão de imigrantes

Cartoon de Ma Hongliang  in https://portuguese.people.com.cn/n3/2022/0609/c309814-10107548.html

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)