domingo, 27 de janeiro de 2008

Campanha pelo Direito à Vida !


* Victor Nogueira
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... dos que morrem na Palestina, no Iraque, na América Latina, em África, na maioria dos países asiáticos. Que morrem e morreram vítimas da destruição das suas economias pelo capitalismo galopante e agora globalizante nos seus tentáculos. Pelas crianças que nasceram condenadas à subnutrição, pelas pessoas vítimas dos bombardeamentos e das guerras porque o fabrico e venda de armamento é um negócio para dar dinheiro aos grandes accionistas. Pelas vítimas do desemprego, da negação do direito ao trabalho e à felicidade. Pelas vítimas dos embargos económicos, hoje decretados pelos EUA, ou dos embargos da poderosa indústria farmacêutica. Pelas vítimas das perseguições religiosas pretensamente feitas hoje pelos muçulmanos, outrora tolerantes, e ontem e hoje pelas igrejas cristãs e as guerras em seu nome, incluindo a intolerante e misógena igreja católica apostólica românica, com os seus autos de fé e menosprezo pelas mulheres, durante séculos consideradas seres sem alma. Pelo direito à vida de todos nós, mesmo daqueles que não questionam nem fazem por mudar um sistema de organização da sociedade baseado em princípios egoístas e predadores, conducente à destruição da vida neste planeta, paulatinamente levada a cabo nos seus poucos séculos de existência face aos milhões de anos de existência de vida na Terra.
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Porque o direito à vida não é apenas o direito a nascer. É o direito a viver em harmonia com a natureza e com os restantes seres vivos, com dignidade, com saúde, com inteligência, sem subordinação a senhoritos/as e seus capatazes e homens/mulheres de mão, bem ou mal cheirosos e vestidos com maior ou menor elegância, por cima da mentira e da miséria de milhões
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2005.03.17
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Distribuído pela minha mailing list em 2005.03.17 e publicado no Kant O Ximpi em - 2007 Maio 21 e na Travessa do Ferreira em - 2007 Maio 22

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

João Baptista Cansado da Guerra (21)

* Victor Nogueira
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A UMA PRINCESA QUE SE DIZIA AMIGA, TALVEZ, mas LEVIANA?

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Para uma bela Princesa
Boa amiga, muito mui mais
Que não manteve a chama acesa
Faltou sem dizer água-vais.

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À prima toda a gente cai:
Foi do livro, ida a Lisboa;
Telefonou, ficou um ai
De quem por ela se magoa.

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Pois fiquei em grande aflição
Não aprovei, mas lá passou.
Na segunda, oh! confusão
Nem cuidou nem telefonou.

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Que sucedeu? Caiu ao chão?
Ora, estava apenas cansada,
Na cama com chateação
Tudo varrendo com penada.

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À terceira ,”não falto, não"
“Até já!", foi a despedida.
O jantar deu nova canção
Boa disposição perdida!

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À quarta, a mesma hist6ria.
Adeus, bela conversação
Amigo p'ro lixo, sem glória:
Amor em má escuridão.

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Tu, em não me aparecendo
Assim, foi um ar que te deu;
Minha amizade fenecendo
E de mim te aparto eu.

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É duro, bem triste, tirar
Fiança que desmereceste,
Ao trair meu simpatizar
Por ti, que bem me pareceste!

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1989.09.15 - Setúbal

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Ah!

* Victor Nogueira
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Ah!
Descansar em ti
----------o meu cansaço
E recolher
-------- -na serena brisa do entardecer
O sol
O mar
O sal
O riso
---------as lágrimas
E o suave perfume das flores!
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Setúbal, 2005.03.05
Versão 5 - Para F. «Zarco»

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Donatília é bonita

* Victor Nogueira
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Donatília é bonita
mui bonina d’encantar,
veloz, bailando catita,
não deixa de m’espantar

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Na berma deste caminho
não deixa de m’espantar;
sozinho sem seu carinho
ando, sempre a vaguear

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É mal, triste minha sina,
andar sempre a vaguear;
em mim seu bem não atina
apesar de meu escribar.

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À nina digo adeus,
em mim seu bem não atina;
fraco sou, não sendo Zeus,
estou navegando à bolina!

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Victor Nogueira

Setúbal, 2006.07.08

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Sua Alteza Imperial (4) - Palavras ao vento

* Victor Nogueira
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Assunto: Palavras ao vento

Palavra bonita,
sem flor, nome feio,
navegar sem guita
é mau, não premeio.
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É mau, não premeio,
andar com pespeta?
É melhor um outeiro
ou dois, de lambreta.
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Os dois de lambreta
subind'a montanha
gozo na careta
vendo quem apanha
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Vendo quem apanha
cabelos ao vento
rede, voz d'aranha,
sem ar macilento
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Sem ar macilento
com o verbo fino
rápido mas lento,
com toque do sino.
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Com toque do sino
doce, doce mel,
cativo bonino
sabor, rir sem fel.
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Sabor , rir sem fel,
nem mato, nem grosso,
vindo no batel,
livre no pescoço.
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Livre no pescoço,
sem cadeia,
cultivand'o roço
em duna d'areia.
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Em duna d'areia,
qual imperialidade,
ave, saboreia,
livre mocidade.
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Livr'à mocidade
sem altar, andor,
fica na cidade
um jardim sem dor.
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Num jardim com dor
voga presunçosa
a niña, a flor.
picante rosa!
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Setúbal 2005.09.19

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Sua Alteza Imperial (3) - Remando sem rima

* Victor Nogueira


Setúbal 2005.06.23
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quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Sua Alteza Imperial (2) - Retrato sem Phel

* Victor Nogueira


Setúbal - 2005.06.22
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sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O nosso cérebro é doido !!!

Nosso Cérebro-Show !!!
Repassando: O nosso cérebro é doido !!!
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De aorcdo com uma peqsiusa
de uma uinrvesriddae ignlsea,
não ipomtra em qaul odrem as
Lteras de uma plravaa etãso,
a úncia csioa iprotmatne é que
a piremria e útmlia Lteras etejasm
no lgaur crteo. O rseto pdoe ser
uma bçguana ttaol, que vcoê
anida pdoe ler sem pobrlmea.
Itso é poqrue nós não lmeos
cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa
cmoo um tdoo.
Sohw de bloa.
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Fixe seus olhos no texto abaixo e deixe que a sua mente leia corretamente o que está escrito.
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35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5!
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Por gentileza de Brandão Gonçalves

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Trovas e variações sobre o Ninho que passa (4)

* Victor Nogueira
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Uma palavra pequena,
Cinco letras d'encantar:
Flor inocente, açucena,
O ninho, sem escavar.
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Ninho, florida palavra,
Terna, como passarinho,
É um campo onde se lavra
Devagar, devagarinho.
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Lá no cimo da montanha
P'ra lá da núvem, o ninho
D'águia, liberdade sem manha,
Ou aterro no caminho.
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Mas em terra de maldade
Há muito ninho de víbora,
Que não nos deixa saudade,
Em campo sem armadura.
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O cuco, ave com vasa:
Sabe muito, espertalhão;
De outrem procura casa
Onde põe a criação!
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O lobo quer a ovelha,
Não há bela sem senão
Faz-lhe o ninho na orelha,
E não semeia, papão!
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Há quem seja arrumadinho,
Tudo certo, no lugar,
Não é dos ratos o ninho
Sem cotão a enredar.
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Ninho de pulgas, de ratos,
É conceito sem doçura,
Diz a princesa sem gatos,
Ao sentir a mordedura.
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Ninho feito, pêga morta,
Cantando sai trovador,
Assobiando p'la porta,
Mui ligeiro, sem ardor!
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Com filosófica trova
Em finada escavação
De quadras, uma prova
Com ligeira saudação!
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Nem tudo o que luz é d'ouro
Diz o povo sabichão
Doce ninho, um tesouro,
Com muita encenação!


Setúbal, 1993.07.20
Victor Nogueira

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Rimanceiro do Conde Niño (3)

Trovas do Conde Niño


Na Fonte do Passarinho
Vive uma rara donzela,
Princesa do Conde Niño,
Cavaleiro de Castela.

Guardada pelo escudeiro,
Jovem belo, donairoso,
Era fiel mensageiro,
Confidente precioso.

Mora no cimo do monte,
Ninho d'águia, um castelo,
Sem linha no horizonte;
Um jardim sem paralelo.

Assim pensava o visconde,
Cavalgando no caminho
Em busca daquela Fonte,
De seu coração o ninho.

Cavalgava noite e dia,
Em busca do céu d'anil,
Não parava nem comia,
Mui garboso, mui gentil.

Era negro o seu corcel,
E d'espantar o seu canto,
Bem florido, um vergel,
Renascendo sem quebranto:

"Ai senhora da minha alma
Ninho do meu coração
Ai sois rosa doce e calma
Calmosa, sem aflição."

Calmoso, sem aflição,
Trovejava o conde Niño
Com tremido vozeirão,
Frágil, terno passarinho.

Frágil, terno passarinho,
Ai, quem diria, varão.
Caminhava p'lo caminho
Calmoso, com afeição!

Setúbal, 1993.07.20
Victor Nogueira

sábado, 5 de janeiro de 2008

Conde Niño (2) - Poema sem rosto

* Victor Nogueira
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POEMA SEM ROSTO

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Numa noite azul clara,
Verde, da cor do céu,
Achei-te, moça rara,
Bonina, sem escarcéu!
Com andar pequenino,
Incerto, inquieto,
Bem frágil, toca o sino
Numa casa sem tecto.

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Vendo no teu olhar,
Tua voz e teu rosto,
Uma rosa a cantar
Com suave, belo mosto.
Toca toca telefone,
Mil vezes sem parar,
Cego e surdo, com fome,
De ver-te navegar.

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Onde estás, moça bela?
Onde estás, oh! sol nascente?
Menina vem à janela,
Não me deixes sedente!
Pois gaivotas são fonte,
Um areal, um jardim,
Vendaval, uma ponte,
Um cravo ou jasmim.

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Navega, barca bela,
No mar alto, sem rosto;
Cuida bem, sentinela,
Não me tragas desgosto.
Nela e' meu pen(s)ar. Nela,
Sinhá do sol nascente,
Ao luar uma gazela,
Graciosa, sorridente.

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A menina? Abalou
Deixando-me em caminho.
De mim não se encantou,
Perdendo-me sozinho!
Roseiral, brancaflor
Vem comigo namorar;
Serás sol ou ardor
Como ave a murmurar!

1992.03.02/03

SETUBAL

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Rimanceiro do Conde Niño (1)

* Victor Nogueira
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RIMANCE DO CONDE NIÑO

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Ia o Visconde Niño
Pelo caminho real
Com andar bem pequenino
Por causa do areal.

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Cavalgava noite e dia
Por rio, vale e montes,
Quando o sol refulgia
Bebia água das fontes.

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Um falcão no ar voava
Em busca do céu d'anil
Com o seu olhar buscava
Mui para lá do redil.

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Numa curva do caminho
Oh! céus, cantando estava
Só, num ermo sózinho,
Quem pelo Niño chamava.

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Era uma fada princesa
Com um manto de jasmim
Envolto em muita sageza
Num campo de alecrim.

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Com pós de perlimpimpim
Seus cabelos penteava
Enquanto um bom lagostim
No fogaréu se cozinhava.

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Bom, soberbo, valioso,
Cálido refrigerante,
Um apelo precioso,
Raro, belo, cativante.

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Parou Niño, o Visconde,
Em pose primaveril;
Ao chamamento respondeu
Mui garboso, senhoril.

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Com um gesto desenvolto
Tirou, de breu, o capuz,
Com o cabelo revolto
Guardou o arcabuz.

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O cavalo à rédea solta
Ali ficou a pastar,
Sua verde crina envolta
Na doce brisa do ar.

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A viseira levantada,
Pé em terra, sem temor,
Ao coração descansado
Cantou pacificador:

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"Sinhá moça, és tão linda!
Com teu corpo donairoso
Comigo vem na berlinda
Mais teu mosto precioso;

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Ao ver-vos sinto o luar
Aquecer-me sem ardor."

Disse o Conde sem pasmar,
armado em versejador.

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"De vós não quero eu ser
Prisioneira, cativa,
Ide-vos, ensandecer
Qualquer outra nativa."

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"Eu não vos quero guardar
Como o vento vós sois livre,
Assim ide cavalgar
Que não sóis do meu calibre!"

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De negro ficou o céu,
De branco, o Visconde Niño,
Na montanha um escarcéu
Mui descontente o malino!

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"Chorai, gaivotas, chorai,
Por dona tão altiva,
Na tempestade vogai
A nau presa, fugitiva."

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No seu cavalo real
O herói vai abalar.
O canto acaba mal
Se o Conde não ficar?!

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1991.05.23/28 - Setúbal

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Caminheiro caminhando



* Victor Nogueira
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CAMINHANTE CAMINHANDO SE FAZ O CAMINHO (1)

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Em que lugar e tempo sossegarei
A que porto chegarei
Em que ombro descansarei
Este imaginar sonhando
Este buscar sem fim buscando
Este querer não querendo

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Este estar não estando
Este chegar partindo
O caminho que seguirei !?


1986.Maio.03

Setúbal

Caminhante caminhando se faz o caminho (2)

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Este imaginar sonhando
Este buscar sem fim buscando
Este querer não querendo
Este estar não estando
Este chegar partindo
O caminho que seguirei!

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Em que lugar e tempo sossegarei?
A que porto chegarei?
Em que ombro descansarei?

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CAMINHANTE CAMINHANDO SE FAZ O CAMINHO (3)

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d’Este imaginar sonhando
d’Este buscar sem fim buscando
d’Este querer não querendo
d’Este estar não estando
d’Este chegar partindo
d’O caminho que seguirei!

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Em que lugar e tempo sossegarei?
A que porto chegarei?
Em que ombro descansarei?

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1988.Julho.24

Setúbal

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CAMINHANDO INTERRoGATIVAMENTE

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Caminhando o caminho, bem ou mal,
Partindo a derrota que seguirei,
Em busca daquilo que serei
Usando faladura em areal.

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É razão instinto de animal?
Acordado pe(r)di o que sonhei?
Como águia ou pardal não voei
Atolado em verde lamaçal?

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Como posso dormir ficando desperto?
Onde vivem o amor e o ódio?
Como fazer a paz estando em fera guerra?

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Como afastar do mundo o mar, deserto,
Afastando a dormideira do ópio?
Caminho em busca do sol na terra!