segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Boa tarde ...



* Victor Nogueira
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Boa tarde, aqui, é uma maneira de dizer, pois o dia está triste, cinzento e chuvoso. O aquecedor a óleo no corredor já está ligado, o que quer dizer que de manhã a  minha mãe deve tê-lo ligado, mas agora ainda está a dormir de novo. Tenho de desligar o aquecedor sempre antes de deitar-me, pois insiste sempre em recomendar-me que o desligue, por causa dos incêndios, apesar de eu dizer-lhe que não há perigo pois agora todas as tomadas de electricidade estão ligadas à terra e o quadro da electricidade dispara automaticamente em caso de curto circuito cortando a energia! Parecem as recomendações das tias ao Henrique da Morgadinha dos Canaviais, do idílico Júlio Dinis, para  aquele apagar a vela da mesa de cabeceira por causa dos incêndios, não deixando o rapaz adormecer com a leitura de um livro !
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Tenho de ir às compras mas com esta chuva não tenho vontade de sair nem de andar em supermercados, tanto mais quanto o banco do condutor do meu Ford deve estar encharcado pois a porta do meu  lado tem um afastamento de cerca de dois dedos, ou porque tentaram roubá-lo ou por represália da miudagem.
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(...)
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Acabei por fazer algum do avio no mini-mercado dos paquistaneses e de passar pela tabacaria para trazer os jornais e livros encomendados. Tenho mas é que começar a arrumar os livros, a pouco e pouco, já que não posso contar com ajudas externas gratuitas.
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Continuo às voltas com a leitura dos romances de  Sven Hassel. Por vezes aborrecem-me aquelas tricas entre o legionário, Portas e Heide, para além doutros personagens secundários, que ora aparecem, ora desaparecem, não estando para me dar ao trabalho de ver de há uma sequência cronológica nos romances, ou se estes servem apenas para «ilustrar» a irracionalidade, a crueldade, a brutalidade e a desumanidade da guerra, dos soldados e do nazismo, entremeados com capítulos inverosímeis, pretensamente jocosos ou metidos a granel para temperar.
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Entretanto passou o sábado e hoje domingo não me apeteceu sair, pois o tempo está triste, cinzento e pluvioso. O arquitecto paisagista e meu ex-colega no Urbanismo que escolheu as árvores não só não plantou  ou aproveitou alguns exemplares que havia por aqui quando era uma quinta descampada com uma nora que derrubaram: sobreiros e oliveira. As árvores plantadas são na maioria de folha caduca, mas só uma está coberta daquele encantador amarelo outonal. As outras passaram quase rapidamente da frondosa copa verde para esguios   ramos compridos levantados para o firmamento.
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Já é segunda feira de madrugada e a descrição do que me rodeia é praticamente e a mesma, salvo terem desaparecido os jornais que se amontoavam aqui à esquerda na secretária e numa das cadeiras da cozinha.
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E «prontus», está feita mais uma jornada ao (es)correr da pena e do olhar.
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)