domingo, 8 de setembro de 2013

sonetos - 04

8 de Setembro de 2013 às 20:46
* Victor Nogueira


É a guerra o monstro que ceifa a vida

É a guerra o monstro que ceifa a vida
Ruína as casas, viola a criança;
Velhos, novos, não fogem à matança,
No campo a seara é já perdida.

O fogo e a peste, em grande corrida,
Afastam do burgo a bela festança;
O mal, a vida e natureza alcança.
Só dos loucos pode ela ser querida.

Homens, mulheres, crianças, lutam
Por outro mundo novo construir;
Cantam rouxinóis, bem alto voam águias.

Na verde planura os cordeiros vivam;
Na festa, na eira, todos a bailar,
P'la paz lutando, sem demagogias.


setúbal 1989.09.06
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O MUNDO É COMPOSTO DE FAZENDA E MUDANÇA


Cada um de nós é só ele próprio
E a sua boa ou má circunstância,
Procurando em tudo uma substância,
Com arte ou não, o alfa milenário.

Há na terra quem faça santuário
Do sentir ou razão, em abundãncia;
Mas é do cacau terna a fragância
Do fado ter um bom ou mau solário.

O tempo bem diz que é tudo ilusão;
O amor, doçura, felicidade,
Em lixo ou pó substanciando.

Honra, beleza, sentir, no caixão;
Erramos, pelo campo ou na cidade,
No mundo, bem ou mal, vagueando.


 pinhal novo 1989.09.10
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Rico ou pobre estão sem paz, na guerra

Rico ou pobre estão sem paz, na guerra.
Na vida esta é a lei dos contrários,
Em tudo havendo tom, matizes vários,
Variando a qualidade na terra.

Há quem mal entenda, por isso berra,
Não sabendo como dar volta ao fadário,
Roubando-se assim o operário
Do profundo vale ao cimo da serra.

É preciso bem unir cem mil forças
Para um mundo novo construir,
Onde haja gosto e felicidade.

Haverá tempo do leão e corça
Andarem juntos, em paz, a sorrir,
Sem ódio ou pressão, com liberdade?


setúbal 1989.09.08
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CAMINHANDO INTERROGATIVAMENTE

Caminhando o caminho, bem ou mal,
Partindo a derrota que seguirei,
Em busca daquilo que serei
Usando faladura em areal.

É razão instinto de animal?
Acordado pe(r)di o que sonhei?
Como águia ou pardal não voei
Atolado em verde lamaçal?

Como posso dormir ficando desperto?
Onde vivem o amor e o ódio?
Como fazer a paz estando em fera guerra?

Como afastar do mundo o mar, deserto,
Afastando a dormideira do ópio?
Caminho em busca do sol na terra!

setúbal 1989.09.12

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 Ser amigo é colorido presente

                              Ser amigo é colorido presente
                               Ao darmos nossa mão, sem maldade,
                               Mantendo a vera luminosidade
                               Do silêncio ou do verbo assente.

                               Na tarde calma, serena, luzente,
                               Ou de noite, dia sem claridade,
                               É uma dádiva, felicidade,
                               Esta da vigília ser não dormente.

                               Amigos têm vária feição:
                               Dão-nos sua tristeza ou alegria,
                               Compartilhando bons e maus momentos.

                               Velho, novo, mulher, homem, bem são;
                               Na estrada e no dia-a-dia
                               Nem sempre atentos, prontos, nos tormentos.

setúbal 1989.09.07 / 1989.12.22
Foto Victor Nogueira
Foto Victor Nogueira

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)