É a guerra o monstro que ceifa a vida
É a guerra o monstro que ceifa a vida
Ruína as casas, viola a criança;
Velhos, novos, não fogem à matança,
No campo a seara é já perdida.
O fogo e a peste, em grande corrida,
Afastam do burgo a bela festança;
O mal, a vida e natureza alcança.
Só dos loucos pode ela ser querida.
Homens, mulheres, crianças, lutam
Por outro mundo novo construir;
Cantam rouxinóis, bem alto voam águias.
Na verde planura os cordeiros vivam;
Na festa, na eira, todos a bailar,
P'la paz lutando, sem demagogias.
setúbal 1989.09.06
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O MUNDO É COMPOSTO DE FAZENDA E MUDANÇA
Cada um de nós é só ele próprio
E a sua boa ou má circunstância,
Procurando em tudo uma substância,
Com arte ou não, o alfa milenário.
Há na terra quem faça santuário
Do sentir ou razão, em abundãncia;
Mas é do cacau terna a fragância
Do fado ter um bom ou mau solário.
O tempo bem diz que é tudo ilusão;
O amor, doçura, felicidade,
Em lixo ou pó substanciando.
Honra, beleza, sentir, no caixão;
Erramos, pelo campo ou na cidade,
No mundo, bem ou mal, vagueando.
pinhal novo 1989.09.10
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Rico ou pobre estão sem paz, na guerra
Rico ou pobre estão sem paz, na guerra.
Na vida esta é a lei dos contrários,
Em tudo havendo tom, matizes vários,
Variando a qualidade na terra.
Há quem mal entenda, por isso berra,
Não sabendo como dar volta ao fadário,
Roubando-se assim o operário
Do profundo vale ao cimo da serra.
É preciso bem unir cem mil forças
Para um mundo novo construir,
Onde haja gosto e felicidade.
Haverá tempo do leão e corça
Andarem juntos, em paz, a sorrir,
Sem ódio ou pressão, com liberdade?
setúbal 1989.09.08
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CAMINHANDO INTERROGATIVAMENTE
Caminhando o caminho, bem ou mal,
Partindo a derrota que seguirei,
Em busca daquilo que serei
Usando faladura em areal.
É razão instinto de animal?
Acordado pe(r)di o que sonhei?
Como águia ou pardal não voei
Atolado em verde lamaçal?
Como posso dormir ficando desperto?
Onde vivem o amor e o ódio?
Como fazer a paz estando em fera guerra?
Como afastar do mundo o mar, deserto,
Afastando a dormideira do ópio?
Caminho em busca do sol na terra!
setúbal 1989.09.12
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Ser amigo é colorido presente
Ser amigo é colorido presente
Ao darmos nossa mão, sem maldade,
Mantendo a vera luminosidade
Do silêncio ou do verbo assente.
Na tarde calma, serena, luzente,
Ou de noite, dia sem claridade,
É uma dádiva, felicidade,
Esta da vigília ser não dormente.
Amigos têm vária feição:
Dão-nos sua tristeza ou alegria,
Compartilhando bons e maus momentos.
Velho, novo, mulher, homem, bem são;
Na estrada e no dia-a-dia
Nem sempre atentos, prontos, nos tormentos.
setúbal 1989.09.07 / 1989.12.22
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