segunda-feira, 25 de novembro de 2019

o regresso ao sul

* Victor Nogueira

Esteve todo o dia e todo o percurso cinzentonho e de chuva peguinhenra.  Em determinada altura e durante cerca de meia hora o trânsito na A1 era a passo de lesma, devido a um acidente, situação que aó foi resolvida já a noite tinha caído.

Atravessando o  Porto



















Atravessando o Rio Douro pela Ponte da  Arrábida





Pela A1 rumo a Lisboa

















(a passo de lesma por causa dum acidente)








Atravessando o Rio Tejo pela Ponte Vasco da Gama









Atravessando o Pinhal Novo



imagens captadas em 2019.11.24

terça-feira, 12 de novembro de 2019

pingos do mindelo -18.19 p'ra não dizer que não falei das flores

* Victor Nogueira

Comecemos pois não pelas do quintalejo, vistas e revistas que o tempo não estará para florescências, mas recuando até aos tempos do senhor D. Dinis e as suas "flores do verde pino".


"La Batalla" & Pedro Caldeira Cabral - "Ai flores do verde pino" do disco "Cantigas D'Amigo" (1984)

__ Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
    Ai Deus, e u é?

__ Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
    Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
    Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do qui mi á jurado!
    Ai Deus, e u é?

__ Vós me perguntardes polo voss'amigo,
e eu bem vos digo que é san'vivo.
    Ai Deus, e u é?

Vós me perguntardes polo voss'amado,
e eu bem vos digo que é viv'e sano.
    Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é san'vivo
e seera vosc'ant'o prazo saído.
    Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é viv' e sano
e seera vosc'ant'o prazo passado
    Ai Deus, e u é?

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Mas continuando, umas centúria depois, Geraldo Vandré também falou de flores, aqui na voz de Zé Ramalho:


vídeo Guilherme Junqueira
Zé Ramalho - "P'ra Não Dizer Que Nao Falei Das Flores", de Geraldo Vandré (1968)

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantado e seguindo a canção
Vem vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer

Pelos campos a fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão

Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição:
De morrer pela pátria e viver sem razão

Vem vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer

Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais, braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

Vem vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer

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Chuva e frio,, frio e chuva, chuva e frio, frio e chuva, de vez em quando com uns raios de sol.

SEM ABRIGO. mULHER ABANDNA RECÉM NAScido
parlamento chega livre iniciativa liberal
fascismo em marcha
américa latina
amália




segunda-feira, 11 de novembro de 2019

pingos do mindelo 17.19 - entre o "Clair de Lune" e o pôr-do-sol, com ... mais flores, mais flores, mais flores!

  Tintin, criação de Hergé


* Victor Nogueira

Em anteriores pingos falou-se de Paul Verlaine e do seu poema "Claire de lune", que foi objecto de composição musical por Claude Débussy (Suite bergamasque), Beethoven (Sonata para piano nº. 14 em C♯ menor "Quasi una fantasia", Op. 27, No. 2) e por Gabriel Fauré [Op. 46 "Two Songs" (1887)], que se apresenta de seguiida.


Teresa Stich-Randall e Gerald Moore -"Clair de lune", por Fauré / Verlaine-

Em contraponto, um "Madrigal renascentista - Estrela no Céu é Lua Nova". do folclore afro brasileiro,um arranjo de Heitor Villa-Lobos.



Estrela do céu é lua nova
cravejada de ouro ma kumbêbê,
Óia ma kumbêbê,
Óia ma kumbaribá,
Estrela do céu é lua nova
cravejada de ouro ma kumbêbê
Óia ma kumbêbê,
Óia ma kumbaribá.

E, para finalizar este intemezzo, duas interpetações da canção estudantil coimbrã: "À Meia Noite Ao Luar"


Estudantina Universitária de Coimbra - "À Meia Noite Ao Luar"


Nuno da Câmara Pereira - " À Meia Noite Ao Luar"

À Meia Noite Ao Luar - tradicional do fado Coimbrão

Á meia noite ao luar
Vai pelas ruas a cantar
O boémio sonhador

E a recatada donzela
De mansinho abre a janela
À doce canção de amor

Ai como é belo
Á luz da lua
Ouvir-se um fado em plena rua

Sou cantador apaixonado
Vibrando as cordas
A cantar o fado

Dão as doze badaladas
E ao ouvir-se as guitarradas 
Surge o luar que é de prata

Mas, descendo à terra, por vezes há dias de sol aqui pela nortenha, fria e nublada Scotland,  como diz o meu amigo Carlos, que se havia habituado aos quentes verões eborenses e às tépidas e amenas temperaturas lisbonenses. É de seguida um pôr-do-sol, ali na Ponta da Gafa, aqui no Mindelo. Na foto aparece uma recorrente fotógrafa amadora, referida por mim num anterior "pingo", embora ela more à beira-mar e só tenha de atravessar a rua, enquanto eu estou a uns 2 km da Gafa e tenha de percorrer toda a longilínea Rua da Praia para lá chegar.

Dias de sol  ....




A fotógrafa fotografada 




... noites e dias de chuva






"Veneza" no milheiral, após uma noite de temporal



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Este é verdadeiramente um pingo de complementaridade. Num anterior referira "Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!", um verso dum poema de Alberto Caeiro, a seguir reproduzido na totalidade.


Alberto Caeiro
XLIII - Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto

XLIII

Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.

A recordação é uma traição à Natureza.
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.

Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!

7-5-1914
“O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa.
1ª publ. in Athena, nº 4. Lisboa: Jan. 1925.





Mais flores, mais flores, mais flores!



Luis Cilia - "É preciso avisar toda a gente" (1967) - poema de João Apolinário

É preciso avisar toda a gente
Dar notícia, informar, prevenir
Que por cada flor estrangulada
Há milhões de sementes a florir.

É preciso avisar toda a gente
segredar a palavra e a senha
Engrossando a verdade corrente
duma força que nada  a detenha.

É preciso avisar toda a gente
Que há fogo no meio da floresta
E que os mortos apontam em frente
O caminho da esperança que resta.

É preciso avisar toda a gente
Transmitindo este morse de dores
É preciso, imperioso e urgente
Mais flores, mais flores, mais flores.





Captação de imagens em 2019.11.03/10