Allfabetização
Escrevivendo e Photoandando
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
.
Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
.
Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VNquinta-feira, 28 de novembro de 2019
segunda-feira, 25 de novembro de 2019
o regresso ao sul
terça-feira, 12 de novembro de 2019
pingos do mindelo -18.19 p'ra não dizer que não falei das flores
segunda-feira, 11 de novembro de 2019
pingos do mindelo 17.19 - entre o "Clair de Lune" e o pôr-do-sol, com ... mais flores, mais flores, mais flores!
* Victor Nogueira
Em anteriores pingos falou-se de Paul Verlaine e do seu poema "Claire de lune", que foi objecto de composição musical por Claude Débussy (Suite bergamasque), Beethoven (Sonata para piano nº. 14 em C♯ menor "Quasi una fantasia", Op. 27, No. 2) e por Gabriel Fauré [Op. 46 "Two Songs" (1887)], que se apresenta de seguiida.
XLIII - Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto
XLIII
Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à Natureza.
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!
1ª publ. in Athena, nº 4. Lisboa: Jan. 1925.