segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Poesia em 2014 02 27

* Victor Nogueira

não há
entre nós
palavras belas
nem versos
apenas reversos
pois não escutas
o que escrevo
escrevo
como se
entre o meu cérebro
que comanda
e as minhas mãos
que executam
dedilhando
eu não estivesse
mas sim a máquina
em que me transformo
e
tu
não entendes
o meu cansaço
é o da máquina
que não sou
e tu insistes
na minha desumanização
setúbal 2014.02.27

pétala
a
pétala
silabando
e
rimando
é tecido
o poema
teorema
cálido
ou
ventoso
setúbal 2014.02.27

à lareira
ponteias
na braseira
com areia
não ateias
a teia
nem incendeias
remedeias
setúbal 2014.02.27

na pousada
da poesia
as palavras
são
os sonhos
encobertos
do leitor
e
do
autor
anelo
anel de papel
pesadelo
rimando
ou remando
com
flores
ardores
andores
e
dores
ou nada
rimando
e
remando
ou
naufragando
setúbal 2014.02.27

nú recreio
enleada
mordes
e
remordes
a
imaginação
desenfreada
sem
o
freio
do
receio
a ventura
sem cobertura ?
setúbal 2014.02.27

na janela aberta
encoberta
estás
coberta
de véus
sem a descoberta
tecida de receios
de medos
sem arremedos
setúbal 2014.02.27

nú esteiro
esteio
sem receio
mordes
e
remordes
o seio
avulta
a vulva
encoberta
setúbal 2014.02.27

trancas
as palavras
o olhar
sem
vaguear
nem
vadiar
brancas
ou
negras
as sílabas
o Syllabus
setúbal 2014.02.27

trincas
as palavras
as tintas
retintas
e brincas
lavrando
e
lavando
as palavras
setúbal 2014.02.27
o mistério do saltério
sentes
e
no ministério
mentes
psalmo a palmo
as palavras
em tiras
tiaras
das mentiras
ao rés do chão
sem pão nem a vinha
advinha
a
adivinha
em sentido
neste sentido
que sentido
o sentido
sem ti
sentado
pasmado
setúbal 2014.02.27

Sem comentários:

Enviar um comentário

Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)