* Victor Nogueira
Nos tempos da escola primária e talvez dos primeiros anos no Salvador Correia, o Carnaval era um dos temas para a "redacção" (nessa altura não se falava em "texto livre").
As minhas veleidades literárias terminaram quando uma professora de Português me riscou uma redacção, alegando que não fora escrita por mim, quando dera asas à minha imaginação, descrevendo o que via da janela da nossa casa na Praia do Bispo, com o mar-oceano defronte e o Brasil para lá do horizonte.
Portanto, nesse tempo, a ladainha era sobre a origem do termo Carnaval", enfarta-brutos para entrar em jejum no tempo de cinzas e penitência até à gloriosa Páscoa da Ressurreição.
Nunca fui grande apreciador das partidas de Carnaval, embora gostasse de assistir ao desfile dos corsos dos chamados indígenas pelas ruas de Luanda, que foram liminarmente proibidos após o início da Guerra Colonial, em 1961.
Creio que em Portugal não assisti senão a um desfile, na Moita, com a Julieta, em dia cinzento, frio e pluvioso, com as meninas "descascadas", em biquini, meneando-se em cima dos carros. Um passeio por Oeiras com outra amiga minha terminou depois de lhe atiraram com ovos que lhe estragaram o penteado e o vestuário.
Pois este ano, em catadupa, por todo o país, corsos carnavalescos foram cancelados, por água abaixo, devido à previsão da queda de chuva a potes. Afinal, pelo menos aqui por Vila do Conde, a chuva resguardou-se, restando apenas um dia cinzentonho e frio, pouco convidativo a saídas, para desafiar este relativo mau tempo.
Voltando às escritas infantis. A long time ago, comprei um livrinho, colectânea de textos de crianças,, comentei com a Celeste que duvidava que tivessem sido escritos por crianças. Sem nada dizer, ela levantou-se, foi buscar os cadernos dos alunos que trouxera para casa, para corrigi-los, e deu-mos para ler. Apaguei o meu cepticismo, pois havia lá textos bons, de grande imaginação e qualidade!
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)