sábado, 12 de outubro de 2024

Letras empilhadas, ano após ano, em Outubro, de 05 a 10, , (re)colhidas em 2024

 * Victor Nogueira

5 de outubro de 2010  · 

A cabei de arrumar a secção de poesia. Segui-se-á a da banda desenhada e depois as dos restantes livros que enchem esta casa. É uma tarefa aborrecida, mas assim não sei onde tenho os livros, depois da desarrumação das obras Seria mais feliz se fosse analfabeto ? 🙂


5 de outubro de 2013  · 

4.

A mim o que me interessa são os vivos e a solidariedade ou o gesto que se não recusa, a liberdade que conseguimos fazer nascer nesta teia de constrangimentos e de embaraços. 

foto victor nogueira - Pôr do sol  em Beringel


6 de outubro de 2010  · 
 
Hoje o dia está cinzento e e chuva miudinha. Ah! Que falta faz uma lareira e ver as chamas dançarem. Apareçam! Andam tão ausentes! E tu também, responder-me-ão! E o escriba dirá: talvez. É assim no real e no virtual. O virtual permite inventar personagens e no real é mais difícil. Mas a vida é sempre um jogo e um palco! Duvidam! Não duvidem dum saber dos livros e duma vida e do ser de experiência feitos!

2024 10 06 
14 anos decorridos, neste mesmo dia o tempo esteve depressivo, frescote, chuviscoso e cinzatonho
6 de outubro de 2014 
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1.
de cobre se entretecem as palavras
em filigrana
incandescente o chumbo
2.
enrodilhadas se despem
desfeito o rendilhado
3.
são pegadas fossilizadas
4.
e as mãos adejam
em vaporosas vagas
5.
ressequidas
na orla do tempo desmaiado
Setúbal 2014.10.06

1.
para lá da janela
o horizonte anoitecente
2.
para cá dela
o silêncio
teu
3.
no meio
a vidraça insonorizada
o muro transparente
.4.
de negro emudecido
o tempo que nos veste
como azorrague
5.
quem se nos vislumbra no cais ?
setúbal 2014.10.06



6 de outubro de 2014 
Público
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1.
o sol escorre pelo horizonte
e dentro dele
são pétalas liquefeitas
as palavras aprisionadas.
2.
e as pétalas acobreadas
enverdecem com verdete
no óxido do coração
3.
em grandes haustos o silêncio
Setúbal 2014.10.06
Foto victor nogueira - Pôr-do-sol em Paço de Arcos


6 de outubro de 2020 · foto victor nogueira . à entrada e saída de povoações em Portugal ainda se encontram placas toponímicas idênticas, outrora colocadas em iniciativa do RACP - Real Automóvel Club de Portugal.

VER photo-rodando pela estrada fora
6 de Outubro de 2024




Não, não é o de  Mafra mas de Vila do Conde, escrito não por Saramago no século XX mas pelas freiras monásticas durante as Invasões Francesas, no séc XIX.   Não, não  é uma obra literária mas um mero um registo contabilístico onde as freiras anotavam as consequências, nos seus bens, do "governo" dos invasores.

7 de outubro de 2010 
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Greenleeves - Uma suave e doce música para embalar-me e tentar acabar com esta constipação que me percorre o corpo e me deixa impaciente e cheio de nervoso miudinho, numa tarde de céu azul e brilhante com o Parque ali em baixo ainda verde, salvo uma das árvores a despir-se com o ouro das folhas outonais que em breve a(s) deixarão com os ramos descarnados.
🙂

1.
pastoso o nevoeiro
nos interstícios gélido
2.
rutilante o sol
generoso e cálido
3.
suavizante a brisa
um leve murmúrio
4.
na orla do mar
pálido o tempo
5.
cintilante ao luar
imprecisa a imagem
fantasmagórica
setúbal 2014.10.07
Foto victor nogueira - Mindelo - homem à beira-mar, na Praia da Gafa

7 de outubro de 2018  · 

foto de família - em Évora, (1976 / 77)  num dos terraços da casa da Rua Serpa Pinto, a dois passos do Giraldo, pisando azeitonas provenientes do monte dos meus sogros, em Sarno Amador, na margem esquerda do rio Guadiana. 

O casarão e  terraço situavam-se no 2º andar do prédio, havendo um segundo  terraço por cima, onde se estendia a roupa a secar e donde se avistavam a cidade e os campos em redor.


 
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foto victor nogueira - A tarde de domingo estava soalheira, a marginal para Póvoa de Varzim cheia de trânsito e carros e as esplanadas plenas de pessoas.
O meu destino era a Igreja do Senhor Jesus dos Navegantes, em Caxinas (Vila do Conde) para fotografar um mural que vislumbrara na antevéspera. No relvado pombas brancas de cauda em leque debicavam grãos, indiferentes aos transeuntes.
Contornando o templo, em forma de barco, um homem de cabeça curvada para o chão, na companhia da sua sombra, seguia lentamente mexendo continuamente os dedos duma das mãos.
Ao passar por ele verifico que esfarelava uma côdea de pão, deixando um rasto de alimento para as pombas que as ignoram. Nos bancos ao longo do mural. dedicado à pesca, velhotes solitários e silenciosos aquecem-se ao sol. Peixes são também o elemento figurativo da calçada à portuguesa.
Verifico que há uma farmácia aberta na deserta rua nas traseiras da igreja e para lá me dirijo para adquirir pensos rápidos e Betadine, aguardando pacientemente que a empregada e uma cliente acabem de pôr em dia o que me parece ser pura calhandrice.


7 de outubro de 2022  · 

Foto victor nogueira - em Setúbal, na Doca da Pesca. Ao fundo, o edifício da Lota do Peixe, onde só entrei uma vez, de madrugada. 

Após o descarrego das traineiras, o peixe para lá transportado era leiloado num linguajar para mim incompreensível, arrematado cada lote pelo maior preço. 

Fora lá com o Fernando Pratas, para comprarmos peixe para um piquenique e convívio partidários.



7 de outubro de 2023 · Foto victor nogueira - Mindelo - milheiral depois da ceifa e debulha mecânicas (2023 10 07 IMG_3476)
Ontem fomos até à praia da Gafa, aqui no Mindelo, ao entardecer e fiz algumas fotos boas, com o sol a mergulhar no mar-oceano, com mirones a ver o espectáculo ou a fotografá-lo. Mas, entretanto, o cartão da máquina avariou e (ainda) não consegui recuperá-lo. Pelo que fica esta foto, com recurso a novo cartão e outra temática, no entardecer de hoje, onde o silêncio é quebrado apenas pelo roncar ou rugido dos aviões, lá no alto, sobrevoando o "meu" espaço aéreo, para leste da casa.

8 de outubro de 2010  · 

Chove num dia cinzento como se de nevoeiro estivéssemos cercados!


1.
uma nesga na janela
o estore meio corrido
para quebrar o sol no verão
o eterno zumbido
o ácido no estômago
o arder na garganta
como garra
o amargo na boca
o formigueiro nas mãos
a dor na vértebra
o cansaço renascido das noites mal dormidas
e dos dias sem oxigénio
2.
pouso o rosto na palma da mão aberta
leio no asseptico LSD
rectifico - LCD
e a face é uma leve aspereza
como lixa miudinha
3
eis um retrato
do desartista
antes de almoço e sem o "matabicho"
4.
Levanto-me
sigo pelo corredor
ladeado de livros
perfilados e silenciosos
e vou à cozinha comer
Setúbal 2014.10.08

9 de outubro de 2010  · 

E noite e até ao horizonte há um campo de estrelas sob um céu negro. Chove torrencialmente, pois aqui no último andar da torre no cimo duma encosta ouço o ruído surdo da chuva a bater na placa de cobertura. Raramente dou por ela, apenas quando ela bate em nortada,  o que é raro. E muitas vezes só sei que choveu quando chego lá abaixo ao largo e vejo o asfalto molhado e a relva do Parque Verde brilhante e cintilante !

9 de outubro de 2010  · 

Do rio que tudo arrasta / se diz que é violento / Mas ninguém diz violentas / as margens que o comprimem - Bertold Brecht

9 de outubro de 2010  · 

Um dia, uma noite, outro dia, outra noite, um sorriso, duas lágrimas e assim sucessivamente até ao suspiro final!

9 de outubro de 2010  · 

Ás vezes olho  para o quadro de amizades e verifico que há baixas porque a soma diminui.  Agora vejo e leio que alguém sumiu. Desta vez sei quem é, porque era alguém por quem tinha estima. Mais uma lantejoula esmaecida e gasta no mundo dos zapping!

 9 de outubro de 2014 

de trovoada é o tempo
com raios e coriscos
e plúmbeo
o horizonte
de gotículas de auga acastelado
de cinzas colorido
em ameaça de enxurrada
2.
a terra lavada
em torrente ou turbilhão
3.
os peões saltitando
de pocinha em pocinha
como em vidro espelhado
setúbal 2014.10.09
Foto victor nogueira - Dia de chuva em Vila do Conde, na Praça da República


9 de outubro de 2015  · 
foto victor nogueira - Vila do Conde - réplica duma nau quinhentista,fundeada no  local onde eram os estaleiros navais e a alfândega. Vila do Conde e a fronteira Vila de Azurara, ambas na foz do Rio Ave, tiveram importantes estaleiros navais durante a época dos Descobrimentos.

"Enquanto a Caravela, pela sua grande maneabilidade, era o navio perfeito para as missões do "descobrimento", a Nau, normalmente de maior arqueação, foi eleita como I navio de carga e, equipada com artilharia, como poderoso vaso de guerra. As naus da armada de Vasco da Gama eram as mais evoluídas do seu tempo, mas nos 15 anos seguintes o salto foi rápido e enorme. Em 1508 já se construíam em Cochim (índia) naus de 800 toneladas, e no século XVII , assiste-se a um grande desenvolvimento ao nível da mastreação e do velame, tomando os navios várias designações, conforme o seu aparelho.
Durante a Época dos Descobrimentos, muitas das caravelas e naus das carreiras de África, Índia e Brasil . construídas em Vila do Conde, local onde a mão-de-obra de alta qualidade era garantia de uma construção segura e resistente.»

9 de outubro de 2019 ·

foto victor nogueira - num domingo soalheiro, em Vila do Conde regressando ao Mindelo. Ao fundo a casa museu José Régio,com um mural, e ao cimo, lá no alto, o Convento de Santa Clara. À direita, uma das "modernas" e "douradas" casas de ... penhores.
Em Vila do Conde, bastião socialista, a propaganda eleitoral era praticamente da CDU, com um ou outro cartaz do Bloco ou do PSD, desgarrados aqui e além.

10 de outubro de 2011  · 

Sou, sobretudo, aquilo que faço e não apenas aquilo que digo. O amor, a amizade e o amoramizade são simultâneamente, fortes como o roble centenário e audazes e rasgando horizontes como a águia altaneira e frágeis como a leve cana agitada pela mais leve brisa ou o pardal com seus voos rasteiros e saltitantes. Mas todos e cada um deles carecem de "cuidados" para sobreviverem.


10 de outubro de 2013  · 

Após a Itália ser unificada, em 1861, [Garibaldi, Mazzini e Cavour]  muitas das óperas de Verdi foram re-interpretadas como Risorgimento. Começando em Nápoles, em 1859, espalhando-se por toda a Itália, o slogan "Viva VERDI" foi usado como um acróstico de Viva Vittorio Emanuele Re D'Italia (Vitor Emanuel, Rei da Itália), se referindo a Vítor Emanuel II da Itália, então rei da Sardenha

A reunificação italiana no século XIX sob a direcção da burguesia foi um movimento revolucionário e progressista que atacou o poder dos grandes terratenentes e da Igreja Católica, Igreja Católica que só recuperou com o Tratado de Latrão com o regime fascista de Mussolini e os empréstimos deste, 

Garibaldi, Mazzini, Cavour e Verdi eram republicanos mas a figura "unificadora" foi Victor Manuel II, um defensor da unificação italiana e adepto do parlamentarismo.


um dia de sol
sem tarde de chuva
no prato um rissol
com sumo de uva
no ar as núvens
são brancas de neve
que entre si não rimam
e o coração não ferve
setúbal 2014.10.10
Foto victor nogueira - barco num estaleiro em Setúbal

10 de outubro de 2018  · 

Foto de família, em Luanda , cerca de 1952 - Penso que este foi o 1º automóvel dos Nogueira da Silva em Angola, uma carrinha Morris, creio que de cor creme. A miudagem gostava de ir na carroçaria, em pé, agarrada à grelha junto à cabine.

10 de outubro de 2020 
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Público
Escrito num caderno de apontamentos (sebenta), numa aula do ISESE,
~~~~~~~~
O absoluto à relatividade - nada de relativismos
Tudo é relativo!
Viva a Vida!
Que é Vida?
Rien que la Verité
Que é a Verdade?
SIM --SIM
NÂO - NÂO
Se ...
Mas ...
Porém, ...
Todavia ...
Contudo ...
Time is Money
Eu sou Eu
Tu és Tu
Ele é Ele
Ela é Ela
Tudo o resto é ilusão
r/ou boa e ingénua
boa-vontade!
no colégio da Sé,
em évoraburgomedieval,
ilha de pedra e cal,
de ruas estreitas e
tortuosas
em 26.JAN.71
..... / ...
véspera do exame de Sociologia II,
a hora da verdade
FIM



10 de outubro de 2020 ·
foto victor nogueira - moinho de maré da Mourisca com o cais de palafitas, em Setúbal, antes da recuperação pela Reserva Natural do Estuário do Sado. Este era um dos 3 moinhos outrora existentes, de que falo em «Os moinhos de maré em Setúbal»

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)