domingo, 23 de outubro de 2011

Mar de Calmaria ~ Victor Nogueira


Quarta-feira, 1 de Setembro de 2010



 ian van de capelle - calmaria

* Victor Nogueira
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1. - Vou lançando as minhas palavras ao vento em mar de calmaria !!
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2. - Nada tenho para dar, nada espero receber. Como diria Pessoa, "merda, sou lúcido". Ninguém poderá ser feliz comigo e eu, da felicidade conheço apenas breves instantes ! Há muitos anos que não escrevo poesia e se vires a cantilena [Cantilena com mau gosto]  é do passado milénio. Lanço as minhas palavras ao vento e na ressaca vem apenas a aridez e o olhar fixo no horizonte, com um sorriso de pedra colado à pele e o mar coalhado de cinzas e de flores esmaecidas . Nada espero da vida real, menos ainda da vida virtual . Refiro-me às pessoas à medida que envelheço, subscrevendo inteiramente duas frases de Saramago:
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 - Somos todos uns pobres diabos,mesmo os génios. A ironia utilizo-a sempre não como um truque, mas como alguém que estivesse dentro de mim e me fosse dizendo "não te iludas" (Saramago)
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- O retrato fiel do que sou deixou-o escrito Gramsci: "Pessimista pela razão, optimista pela vontade.". Está tudo dito. (Saramago)
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Se te não considerasse, não te ligaria ! Bjo, mana desirmanada ! 
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Cantilena com mau gosto em http://aoescorrerdapena.blogspot.com/2007/08/cantilena-com-mau-gosto.html

1 comentários:

VictVictor Nogueira disse...


Maria Jorgete Teixeira
Neste texto, o sujeito poético traça o retrato de alguém desencantado, que quer passar pela vida sem grandes envolvimentos, livrando-se das emoções, um pouco ao gosto da ataraxia de Ricardo Reis. De notar o título "Calmaria" que nos remete para uma vida sem sobressaltos, deixando correr o tempo, "carpe diem".
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A necessidade de abolir o sentimento é posta na referência a Pessoa e à sua lucidez: a lucidez que o impede de ser feliz ou fazer feliz a alguém.Mas este desejo de indiferença é traído logo a seguir quando nos fala do retorno das palavras que lança "ao vento":" a "aridez"" o olhar fixo", "o mar coalhado de cinzas"" as flores esmaecidas"remetem para o sofrimento de que pretende fugir.

Ao mesmo tempo que diz viver em paz, vai escutando a voz que diz "não te iludas", o que demonstra que tem medo dessa ilusão.
2011.10.22

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)