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Uma palavra pequena,
Cinco letras d'encantar:
Flor inocente, açucena,
O ninho, sem escavar.
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Ninho, florida palavra,
Terna, como passarinho,
É um campo onde se lavra
Devagar, devagarinho.
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Lá no cimo da montanha
P'ra lá da núvem, o ninho
D'águia, liberdade sem manha,
Ou aterro no caminho.
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Mas em terra de maldade
Há muito ninho de víbora,
Que não nos deixa saudade,
Em campo sem armadura.
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O cuco, ave com vasa:
Sabe muito, espertalhão;
De outrem procura casa
Onde põe a criação!
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O lobo quer a ovelha,
Não há bela sem senão
Faz-lhe o ninho na orelha,
E não semeia, papão!
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Há quem seja arrumadinho,
Tudo certo, no lugar,
Não é dos ratos o ninho
Sem cotão a enredar.
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Ninho de pulgas, de ratos,
É conceito sem doçura,
Diz a princesa sem gatos,
Ao sentir a mordedura.
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Ninho feito, pêga morta,
Cantando sai trovador,
Assobiando p'la porta,
Mui ligeiro, sem ardor!
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Com filosófica trova
Em finada escavação
De quadras, uma prova
Com ligeira saudação!
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Nem tudo o que luz é d'ouro
Diz o povo sabichão
Doce ninho, um tesouro,
Com muita encenação!
Victor Nogueira
1 comentário:
E é pequena a palavra
que diz do nosso bem querer;
amizade assim lavrada
não pode desaparecer!...
Bj
Maria Mamede
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