Allfabetização
Escrevivendo e Photoandando
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VNterça-feira, 30 de dezembro de 2014
ISTO NÃO É UM POEMA MAS SIMPLES DESALINHAVADO
ISTO NÃO É UM POEMA MAS SIMPLES DESALINHAVADO
quem responde ao meu apelo
não será quem eu quero
e
quem eu quero não sei quem seja
.
os dias e as noites liquefazem-se
e o meu sorriso é uma máscara que se me colou à pele
.
dentro da máscara e para lá do sorriso
uma crisálida moribunda
na busca do desassombro das portas e janelas abertas
ao sol, ao vento, à maresia, ao viandante sem arnês, andarilho ou maltês ....
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na ressaca das ondas vem um país pequenino
vazio, frio e cinzento
um país de meias tintas e lantejoulas de pechisbeque
e salamaleques com mil reverências a suas "insolências"
preso a séculos de sujeição, de inquisição e de pinas maniques
com o passado como tiques
e, mesmo na penumbra, com medo da própria sombra !.
Resta-me a recusa
de não ser capacho ou mata-borrão
e a afirmação
da não sujeição!
Dói e rói esta solidão pela recusa em ser a formiga no carreiro !
Mindelo 2014.12.30
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
A Casa do Sol Nascente
tradução de Victor Nogueira
The House of the Rising Sun
There is a house in
New Orleans
They call The Rising
Sun
And it's been the
ruin of many other poor boys
And god, I know, I'm
one
My mother was a
tailor
She sewed my new
blue jeans
My father was a
gamblin' man
Down in new orleans
And the only thing a
gambler needs is
A suitcase and a
trunk
And the only time
he'll be satisfied
Is when he's on a
drunk
Oh mother, tell your
children
Not to do what I
have done
Spend your lives in
sin and misery
In the house of the
rising sun
Well I've got one
foot on the platform
And the other on the
train
I am going Back to
new orleans
to wear that ball
and chain
There is a house in
New Orleans
They call The Rising
Sun
And it's been the
ruin of many other poor boys
And god, I know, I'm
one
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A Casa do Sol Nascente
Há uma casa em New Orleans
conhecida por Sol Nascente
que foi a ruína de muitos garotos pobres
e Deus meu, sei porque fui um deles
A minha mãe era alfaite
E costurou as minhas blue jeans
O meu pai era um batoteiro
Lá, em New Orleans
Hoje um batoteiro precisa apenas
De uma mala e de um cofre
E a sua única satisfação
É estar perdido de bêbado
Oh Mãe, diz às tuas crianças
Para não fazerem o que eu fiz:
Desperdiçarem as suas vidas na luxúria e na miséria
Na Casa do Sol Nascente
Bem, com um pé na plataforma da estação
E o outro no comboio
Vou regressar a New Otleans
Para usar aquele relógio (de bolso) e a corrente
Bem, há uma casa em New Orleans
Conhecida como O Sol Nascente
Que tem sido a ruína de muitos garotos
E, Deus meu, eu sei porque sou um deles.
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domingo, 14 de dezembro de 2014
il gattopardo, de lampedusa
sábado, 13 de dezembro de 2014
PARA MEMÓRIA FUTURA, DOIS PROVÉRBIOS DE MINHA AUTORIA
2. - na república das hienas, os leopardos são tunantes !
domingo, 30 de novembro de 2014
em évoraburgomedieval - uma sessão cultural no antigamente
sábado, 22 de novembro de 2014
em socalcos
em socalcos
ou
na pleneplanície
no devir são os rastos
pálidos, insonoros
no areal
(as)sombras do esquecimento
a mão inerte
na penúmbria
se desfiam e desenlaçam
setúbal 2014.11.22
foto victor nogueira
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
porto - nº 44 da travessa da carvalhosa 1949/1950 -
terça-feira, 18 de novembro de 2014
luanda cerca de 1952
............."Maianga Maianga
.............Bairro antigo e popular
.............Da velha Luanda
.............Com palmeiras ao luar ..."
.............''A Praia do Bispo
.............Cheiinha de graça
.............De manha á noite
.............Sorri a quem passa ..."
............(das Marchas Populares em Luanda)
Longo era o bairro ao longo da marginal
Longo era o bairro do morro de S. Miguel ao morro da Samba
Grande era o bairro e grandes as casas
No meio o bairro operário e a igreja de S.Joaquim,
estreitas as ruas, pequenas as casas.
Nas traseiras, o morro,
no alto o Palácio,
Na frente a larga avenida,
o paredão, as palmeiras e os coqueiros
a praia que já não era do Bispo
mas das pedras, dos limos e dos detritos.
Mais além a ilha que era península
com a sanzala dos pescadores
casas de colmo no areal
da extensa e boa praia
o mar sem fim.
Em Luanda nasci
Em Luanda vivi
Em Luanda estudei
Não Angola mas Portugal
Todos os rios e afluentes
Todas as linhas férreas e apeadeiros
Todas as cidades e vilas
Todos os reis e algumas batalhas
as plantas e animais
que não eram do meu país.
De Angola
pouco sabíamos
até ao 4 de Fevereiro, até ao 15 de Março
Veio a guerra e
....................a mentira
que alimenta
..................a Guerra,
Veio a guerra e a violência
veio a guerra e a liberdade.
Em Évora a 11 de Novembro
Em Luanda a bandeira do meu país
no mastro subiu.
Era o tempo da liberdade e da esperança.
No Porto
Em Lisboa
Em Évora estudei
Em Évora casei
Em Évora vivi e nasceram o Rui e a Susana.
Em Setúbal moro e no Barreiro trabalho
Perdidos os amigos,
perdida a infância
Estrangeiro ......sem raízes ......sou em Portugal.
Victor Nogueira
1989
domingo, 16 de novembro de 2014
Luanda - as amigas e a miudagem c. 1952
entre eros e afrodite 34 - nas brumas do tempo e da memória 02
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
em luanda - 1956
- Graca Maria Antunes Gosto de ler memórias e destas, em particular que falam de uma vivência que se perdeu.
- Carlos Rodrigues Isso é que era reciclar, Vitor, agora nem dá para passar os livros escolares de irmão para irmão e roupa também não que tem de ser de marca, mas é sempre possível arranjar uma etiqueta. Os noddos pais dariam com certeza melhores Ministros da Economia do que os que temos tido. Obeigado.
- Victor Barroso Nogueira Carlos Rodrigues Naquele tempo os livros eram recicláveis "ad æternum", pois vigorava o livro único e obrigatório no Portugal estático que eles diziam ser "do Minho a Timor". Os livros pouco mudavam, eram quase os mesmos de pais para filhos LOL.
Mas irritava-me que eu tivesse de ter cuidado com a roupa nova que depois de "herdada"pello meu irmão já não merecia advertências nem cuidados. LOLE naqele tempo alguma da roupa era costurada em casa, não havia lojas de pronto--vestir.
- Carlos Rodrigues .Sem discutir o conteúdo desses livros Ad eternum, porque o regime fascista sempre se teve como imortal, por outro lado dava jeito...Quanto à roupa eu sendo filho único não herdava nada, nem vantagens nem desvantagens...LOL