Allfabetização
Escrevivendo e Photoandando
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VNquinta-feira, 28 de fevereiro de 2019
O gesto e as pessoas
a poesia em 28 de fevereiro
de
permeio
fenecem
nas
dores
o
cais
deserto
de naus
e morremos
sem as dizermos
dos afectos
e partimos sem
os
partilharmos
enleamos de nós
a meia-voz
a vida
vivida
morremos
sem cantarmos
as
tuas
palavras
balelas
sem velas
são de areia
uma
efabulação
com a leveza
etérea
do pechisbeque
que volteia
e
não
aquece
a
chama
não são arrimos
mas pantominas
terça-feira, 26 de fevereiro de 2019
a poesia em 26 de fevereiro
e
represa
nas teias
nem incendeias
nem desesperes
na esfera
não é nossa
a lei deles
a da submissão
a
revolta
e
canta
contra o polvo
firma
e
afirma
Victor Barroso Nogueira
..............amiga
..............companheira
é uma arma
não desarma
.
A cantiga
..............amigo
.............contigo
é de sempre
............um rio
............sem frio
quente como agente
noz com voz
............rio hoje
sorriso
sórriso
...........sempre
caminhante
caminhandesonhando
construindoelutando
na cidade aberta
"sem muros nem ameias"
ou barreiras !
.
A cantiga
na cidade aberta rima
com a liberdade solidária
com a igualdade fraterna
.
Na cidade aberta
a canção não é a do patrão
.
Na cidade aberta
.
Liberta
Aberta
Desperta
.
na tua e nossa mão
.
a cantiga
antiga ou não
é
um
furacão
que não desarma
a canção !
Victor Nogueira 2013.02.26
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019
a poesia em 25 de fevereiro
de flores
nem de amores
ardores
ou andores
dos nós
sem voz
de nós
sem pauta
e
a malta
sem acordo
e
desfiando
da abastança
o povo
com apneia
pequena ou média burguesia
com azia
os otários
os mafarricos
das águas mil
em maio
no funil
na boca larga
o povo
'tormentado
canal
em cornucópia
os cifrões
de bolsa
a(ba)rrotando
os salafrários
e
os
seus patrões
domingo, 24 de fevereiro de 2019
a poesia em 24 de fevereiro
os
livros são como coelhos
e de joelhos
estou
do chão ao tecto
de andores
mas em arrumações
com dores
dia-a-dia
na berlinda
e
dez mil bocas em cadeia
sem vida
benditos ou malditos
é
a cidade
a serpente
de medo
ou
de frio
e
não rio
traste
all-quebrado
e
cansado
na ínsula