* Victor Nogueira
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VN
* Victor Nogueira
* Victor Nogueira
* Victor Nogueira
23 de fevereiro de 2013 ·
* Victor Nogueira ~~~~~Leio esta frase
«Sabemos hoje que é possível fazer como os nossos pais e avós: juntarmo-nos, organizarmo-nos e não esperarmos por estruturas governamentais, partidárias, sindicais ou organizacionais pré-existentes para fazermos a mudança social hoje!»
Há uma pequena rectificação, para além do "bem-vindo à luta". Todos os tempos exigem imaginação e formas de organização e de manifestação adequadas. E no tempo do fascismo e no tempo entre abril e maio, isto é entre abril de 74 e novembro de 1975 e mesmo desde então, os trabalhadores e as populações lutaram por melhores condições de vida e de trabalho, para muitos numa outra sociedade que não a capitalista.
E reportando-me ao tempo do fascismo, os que então eram jovens e adolescentes, hoje avós, pais ou companheiros de quem hoje desperta para a luta, lutaram organizados também no partido comunista português e noutras organizações políticas, violenta e sangrentamente reprimidas. E lutaram dentro dos sindicatos fascistas e das associações de estudantes, sobretudo universitárias, conseguindo conquistá-los por dentro.
E lutaram também nas praças da jorna, nos piquetes de greve, no movimento cooperativo, organizando-se e manifestando-se e fazendo greves mesmo no tempo em que tal era proibido e sujeitos à prisão, à tortura, ao assassinato pela polícia política e pelas restantes forças policiais.. . E lutaram na comissões de moradores. de trabalhadores, de utentes, sindicais ...
A luta e a resistência à exploração, à repressão e à ditadura, mesmo que esta última pareça democrática, não é de hoje nem de ontem. Tem milénios. Não é só de Portugal mas de todos os povos. Os que agora despertam não estão a inventar a pólvora.
Embora haja a consciência de que não tão poucos como isso descerão do comboio ao longo dos apeadeiros intermédios, esperemos que este possa um dia alcançar o obectivo final que, no entender de muitos de nós se encontra não no capitalismo ou no "súcialismo" mas sim no socialismo, dia após dia construído.
Bem vindos à LUTA !
Todos não somos demais !
Quadro - Volpedo - O 4º Estado