* Victor Nogueira
2022 04 30 - Zelensky, por videoconferência, discursou no Parlamento português, reclamando não a Paz mas por armas e mais armas, pelo meio citando atabalhoadamente a democracia e o 25 de Abril, sendo entusiástica e reverentemente aplaudido, de pé, pelo Presidente da República, pelo Presidente da Assembleia da República e pelos deputados do PS, PSD, Chega, Iniciativa Liberal, Bloco, PAN e Livre.
A embaixadora da Ucrânia escreve na imprensa mais um artigo, desta vez sobre a democracia, o 25 de Abril e blá-blá, enquanto acusa o PCP de participar em "campanha de desinformação" russas e se insurge contra a existência de escolas russas e de protocolos de colaboração com a Federação Russa.
Omitindo, como se todos fôssemos tó-tós, que é natural que a Embaixada e diplomatas da Ucrânia façam em prol deste “campanhas de desinformação” de sinal contrário. A mesma diplomata toma partido e decide desfilar no cortejo da Iniciativa Liberal, no passado 25 de Abril, certificando o "neoliberalismo" da IL aos olhos de potenciais e futuros eleitores, não constando que se tivesse manifestado ou desfilado ostentando um cravo vermelho ao peito, símbolo do 25 de Abril.
Por seu turno o Presidente da Associação de Ucranianos em Portugal participa em manifestação em frente a um dos Centros de Trabalho do PCP, apelando ao eleitorado para que não vote nos comunistas, para lá de com as suas afirmações mostrar que não respeita a Constituição da República Portuguesa, que o defende mas que ele não respeita.
Agora, na mesma linha, veio á arena a Associação Refugiados Ucranianos (UAPT), criticando a actuação dos comunistas, em reacção ao caso do acolhimento de ucranianos por alegados russos pró-Putin na autarquia de Setúbal, liderada pelo PCP [deixando passar em branco procedimentos idênticos em autarquias do PS, do PSD e do CDS].
Mais afirmou este sábado (30) não perceber como é que Portugal continua a ter um partido como o PCP, nem por que as organizações não filtram as pessoas que lá trabalham, acrescentando que vive em Portugal há 20 anos, país onde acabou a escola, fez faculdade e trabalha, disse não perceber "como é que Portugal, um país democrático, continua a ter um partido como o PCP".
E acusou: "É um partido que está basicamente neste momento a apoiar a guerra, não entendo mesmo".
E declara, cereja em cima do bolo e das papas - "Custa-me perceber como é que não filtram - as câmaras, as organizações... -, não filtram as pessoas dentro das próprias associações". "Quem são, o que é que fazem e quais são as ideias deles", apontou o presidente da Refugiados Ucranianos UAPT, em declarações à Lusa.
Mas não se ficou por aqui este personagem, que rematou o assunto para esclarecer que na sua organização não existem pró-russos: "Nós não temos nenhum russo, nenhuma pessoa que tenha posição ou alguma política pró-russa de forma nenhuma, e todos os que quiserem nos pôr uma imagem negra vão ter problemas graves, vamos se for preciso ao tribunal". Referir-se-á aos Tribunais Plenários, de triste memória, e a "medidas de segurança" por estes decretadas, anteriores ao 25 de Abril e por este abolidos?
Face a tudo isto, cabe perguntar se Portugal é um protectorado da Ucrânia, sendo a Senhora Embaixadora uma espécie de Duquesa de Mântua ao serviço dos Filipes de Espanha, coadjuvada e assessorada pelas AUP, AUPT e associações similares, como se fossem Secretarias de Estado, da Administração Interna, da Informação e da Propaganda no protectorado, encarregadas da recolha de informações e da emissão de certificados de pureza de sangue e de integração na ordem social que defendem, contrária ao que determina a Constituição da República Portuguesa.
Na realidade, são estas associações pró-Zelensky, presumivelmente anticomunistas, hostis aos povos da Federação Russa, amalgamando e classificando todos os russos como pró-Putin e anti-Zelensky, são associações deste tipo que querem fazer o acolhimento dos ucranianos e certificar os intérpretes, tradutores e funcionários do Estado Português que devem e podem fazer a recolha de informações e a "filtragem" dos ucranianos que entram em Portugal, uns contra e outros a favor dos russos, uns contra, outros a favor de Zelensky, uns contra, outros a favor de Putin, uns democratas e outros nazifascistas, uns comunistas e socialistas, outros anticomunistas, uns ateus ou agnósticos, outros ortodoxos ou católicos, uns pacifistas, outros belicistas, uns isto, outros aquilo? Que interesses verdadeiramente representam, protegem e defendem associações deste tipo?
Perante estas atitudes e abusos, estas grosseiras ingerências e gravíssimos atropelos á democracia e ás leis portuguesas, como interpretar o silêncio, quer do Governo, quer do Presidente da República?
«A Associação dos Ucranianos em Portugal (AUP) diz haver várias organizações, de norte a sul país, com elementos pró-Putin a fazer o acolhimento de refugiados ucranianos, um problema que “se está a replicar um pouco por toda a Europa”.», enquanto o título afirma que «Há “várias” associações pró-Putin a acolher refugiados, acusa representante de ucranianos em Portugal»
E dou por mim a pensar: É ou não verdade que as línguas ucraniana e russa são faladas na Ucrânia e que muita da população se expressa e entende ambos os idiomas, sendo o russo predominante nas regiões orientais?
Posto isto, em que se baseia a Associação dos Ucranianos em Portugal para se considerar a (única) representante dos ucranianos em Portugal? Se a AUP afirma que (todos) os "russos" são espiões da Federação Russa, pró-Putin, os "ucranianos" que a AUP diz representar e os seus dirigentes e intérpretes serão "espiões" da República da Ucrânia, pró-Zelensky?
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A Constituição da República Portuguesa determina no seu «Artigo 13.º 1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.»
Relativamente aos estrangeiros a mesma CRP estabelece no seu «Artigo 15.º 1. Os estrangeiros e os apátridas que se encontrem ou residam em Portugal gozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres do cidadão português.»
Admitindo que as autoridades da República Portuguesa não estão ao serviço da AUP ou da Embaixada da Ucrânia, qual a origem das afirmações, e em que se fundamentam, para classificar e discriminarem pessoas e associações que sejam alegadamente pró-Putin?
Em que se fundamentam para organizarem manifestações frente á sede do PCP, um partido político com representação parlamentar, apelando a que não se vote nele, alegadamente por ser anti-Ucrânia?
Podem a AUP e seus dirigentes arrogarem-se o direito de informar e/ ou certificar quem é digno de confiança e quem, não o sendo, deve ser discriminado e coberto de opróbrio, de acordo com os seus critérios, ao arrepio da Constituição da República Portuguesa?
Há alguma rede (secreta?) de informadores a trabalharem para a AUP? Porque será a AUP mais credível que as associações que afirma serem pró-Putin?
Então o Montenegro não ouviu nem leu que o mesmo se passou em autarquias do PSD e do PS, segundo afirma o dirigente da Associação Ucraniana de Portugal?.
Então não exige uma investigação urgente ao que se passa no caso dos ucranianos nas autarquias do PSD?
Caramba, deixem o PCP morrer em paz e falem nos radiosos amanhãs que nos esperam, cheios de mel, flores e felicidade.
Proibido e reprimido durante o fascismo, ele não deixou de ser comemorado. Contrariando Spínola, o 1º de Maio, declarado feriado nacional em 1974, foi comemorado por todo o país com participadas manifestações, a mais grandiosa das quais foi a que desfilou pelas ruas de Lisboa, em alas cerradas.
A tarjeta é uma das muitas que em 1962 apelou a manifestações no 1º de Maio, sob a consigna de Pão, Paz e Liberdade. conjuntamente com a reclamação de eleições livres.
Tais manifestações foram então violentamente reprimidas em Lisboa e no Porto, causando mortos e feridos, pelas cargas da Polícia de Choque e pela GNR, para além de numerosas prisões efectuadas pela PIDE. .
2014 04 30 - contra isto, contra o socialismo, contra o poder das classes trabalhadoras, contra uma sociedade sem classes, se fez o 25 de novembro, pelo "regresso" aos quartéis, com as mãos dadas de ps(d)cds mário soares sá carneiro freitas do amaral vasco lourenço ramalho eanes e muitos outros.
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2014 04 30 - Quem tem dinheiro, acede aos cuidados médicos da "privada". O direito à vida e com qualidade, paga-se. Dizem eles e agem em conformidade pedro e paulo seguro sócrates escavaco.
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2012 04 30 - Não há diálogo possível com quem queira amordaçar. A tolerância e os consensos têm limites que alguns não aceitarão - quem aceitará no seu seio quem o queira roubar ou liquidar? Que consenso há entre quem viola direitos e quem os reivindica ?
Dir-se-á que há direitos conflituantes, mas aí outros critérios terão de ser utilizados para saber quais prevalecem.
A burguesia revolucionária francesa de 1789 afirmava que só não há liberdade para os inimigos da liberdade mas a liberdade reivindicada pelos proprietários dos meios de produção/empresários era / é diferente da dos que não tinham / possuem essa propriedade e se não queriam sujeitar à escravatura e à sub-humanidade.
A condição de antigo aluno não pode mascarar que na vida real sempre tivemos divisões, sempre estivemos separados. Para a maioria foi possível estabelecer consensos mínimos de convivência, para outros não.
Ninguém aqui foi impedido de falar, de publicar. Falando e publicando, sujeita-se à crítica e à expressão da discordância,
Foi isso que aprendi com os jesuítas. Foi isso que alguns não aprenderam
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2012 04 30 - Encolho os ombros. Todos os nossos actos são políticos, por acção ou por omissão, todos eles têm uma ideologia enquanto conjunto de valores e normas de conduta que dão sentido à nossa existência. O contrário é a paz dos cemitérios deserto da Roma imperial. Há quem não suporte o contraditório ou se julgue o detentor da Verdade, única, inquestionável, não restando aos "dissidentes" e "pensantes" senão o silêncio, para que a ordem e a paz reinem nas ruas e entre os donos de paróquias com as ovelhas a balirem para o matadouro. Uma "coisa" é arranjar / encontrar o menor denominador comum no respeito pela livre expressão de cada um; outra é calar, silenciar, amordaçar. Repito, encolho e ombros